Mansur identifica problema grave no Flamengo de Tite: 'Jogador desconfortável'
O Flamengo estrou na Copa do Brasil com vitória por 1 a 0 sobre o Amazonas, nesta quarta-feira (1º), mas a atuação ruim gerou vaias e protestos no Maracanã após o apito final. Ao analisar a partida e sequência de jogos ruins da equipe, o comentarista Carlos Eduardo Mansur entende que há muitos jogadores desconfortáveis no modelo posicional de Tite e o início das principais competições expôs o problema.
“Não é questão de ser modelo posicional ou não, mas tem muito jogador desconfortável no modelo e as dinâmicas ofensivas não acontecem. Se olhar para o campo você vê claramente qual é a ideia, só que o time não consegue estabelecer dinâmicas que abram espaço em uma defesa muito bem fechada como a do Amazonas. E o Flamengo não consegue dar um passo adiante. O início do ano me pareceu mais fluido essa questão de troca de jogadores. Parece que conforme a exigência aumentou, aumentou também a rigidez e o Flamengo não consegue evoluir”, disse Mansur no programa ‘Troca de Passes’, do SporTV
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O comentarista classificou a situação como um problema grave do Flamengo e citou caso de Bruno Henrique. O ídolo assumiu a titularidade após lesão de Cebolinha, mas a manutenção do esquema com dois pontas abertos impede que o atacante atinja seu nível máximo. A análise é que Tite deveria ajustar o esquema de acordo com os jogadores em campo e não apenas trocar as peças.
“Para mim essa é uma questão grave do Flamengo. Nesse momento você olha para o campo e tem muitos jogadores desempenhando funções que não tiram deles o que eles tem de melhor. O Bruno Henrique usado como ponta na linha lateral, ele pode ser um bom ponta, quando na verdade ele é um ótimo atacante. Então, ele é menos Bruno Henrique do que pode ser com um atacante que ataque mais a área, faça dinâmica com o homem no centro do ataque. Ele é melhor nessa funções do que pisando na linha lateral.
O debate sobre jogo posicional funcionar ou não no Flamengo vem desde 2019, e os torcedores criaram certa rejeição após passagens ruins da maioria dos treinadores que tentou aplicar o modelo. Mansur, no entanto, entende que o problema é a execução de comissões e jogadores e não da ideia.
“Eu não concordo que jogo posicional não é exequível no futebol brasileiro. Caso contrário, não estaríamos vendo um time fazer o melhor futebol do Brasil, Atlético-MG, com jogo de posição. Tampouco acho que existem elencos menos adaptáveis. Até porque, por mais que jogadores do Flamengo gostem de mobilidade, não é característica do jogo posicional engessar jogadores no campo. Agora, de fato o Flamengo sofre com mais um trabalho que tenta fazer jogo posicional e a execução não é boa. Execução da comissão técnica e dos jogadores dentro do que se pede no sistema.”
Gabigol e Lorran também estavam ‘fora de posição’ contra o Amazonas
Bruno Henrique não foi o único citado por Mansur como atleta que está fazendo função diferente da que desempenha melhor. Apesar de Tite afirmar que mudou esquema para 4-4-2 com entrada de Gabigol, o jornalista aponta que o técnico manteve ideia de ter ao cinco atletas na linha ofensiva no momento de ataque e limitou espaço do Camisa 10.
Algo similar ao que aconteceu com Lorran, que conseguiu ir bem na partida apesar de atuar com a obrigação de gerar amplitude pelo lado direito. No entanto, seus melhores jogos na base foram quando teve liberdade para se movimentar no ataque.
“O Gabigol entra hoje para ocupar a zona entre ponta-direita e atacante, tentando atacar espaço entre lateral e zagueiro. Um linha de cinco homens ofensivos, que é a base do trabalho do Tite, com dois homens abertos para espaçar defesa adversária. O Gabigol é um jogador de atacar espaço o tempo todo, é preciso criar mecanismo para que ele ataque espaço de preferencia da direita da esquerda para ele ter opção de finalização com perna canhota…. O Lorran é um atacante móvel, quase um segundo atacante, mas ficou muito preso na ponta.”