Mais um jogo ruim por problemas de passe

12/03/2016, 22:09

Com chuva intensa antes e durante o início do jogo, o gramado não era o ideal para a prática do futebol e prejudicou o jogo do Flamengo. Assim como a retranca do Figueirense, a chuva exigia mais movimentação e repertório de passe do time, o que novamente não vimos em campo.

Optando por poupar Ederson, Muricy escalou o Flamengo com: Paulo Victor, Rodinei, Wallace, Juan, Jorge – Cuéllar – Cirino, Arão, Gabriel, Emerson – Guerrero.

A chuva deixou o campo encharcado e com baixa visibilidade durante todo o primeiro tempo. Aos 11 minutos, Paulo Vitor pediu uma pausa não só pela chuva como também pelo excesso de vento atrapalhando sua visão. O juiz concedeu 7 minutos e, apesar de protestos de Muricy, retomou a partida sem mais pausas.

Poças surgem e futebol desaparece

Chuva forte é sinônimo de jogo ruim, faltoso e com muito chutão no Brasil, mas não precisaria ser. Jogadores com bom repertório de passe, que saibam bater na bola, podem trocar o chutão por lançamentos precisos, cruzamentos na medida e até fazer passes curtos, pelo alto, como se joga na praia.

Wallace tenta paralisar a partida por mais tempo. (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Apesar de ter muito espaço para avançar, Cirino não conseguia produzir bem mesmo no lado menos empoçado por insistir em conduzir a bola. Arão é outro condutor inveterado, que se atrapalhou nos passes curtos que paravam na água e deixou a desejar na marcação. Rodinei raramente chegou à linha de fundo e não acertou nada. Estranhamente, isso não impediu que o Madureira chegasse com perigo justamente pelo lado direito.

Na esquerda, Sheik não só sofria com o excesso de água impedindo-o de conduzir como tanto gosta, como tentou por vezes cair pelo meio e aparecer na direita, sem sucesso algum. Deu até uns contra-ataques ao errar passe. O pior é que ele atrapalhava enormemente Gabriel e Jorge que tentavam jogar por ali, os quais nunca conseguiam receber a bola do ponteiro ou o viam perder o domínio, quando conseguia receber um passe longo.

A prova de que o problema na esquerda era o camisa 11 foi a melhora quando Muricy o inverteu com Cirino. Justamente a partir daí, vimos não só Cirino como Gabriel subirem de produção e criarem algo, fazendo surgir as jogadas mais perigosas do Flamengo. Apesar das chances de gol mais claras terem surgido de bolas paradas.

A drenagem foi secando o campo e melhorando o jogo

No intervalo, a chuva parou e o gramado começou a secar, permitindo que jogadores como Arão e Cirino aparecessem mais com suas arrancadas. Pela esquerda Gabriel continuou chamando o jogo e conseguindo criar boas jogadas, como quando recebeu de Jorge e foi à linha de fundo, penetrando na área e sofrendo falta.

Talvez a maior injustiça do jogo tenha sido a sequência dessa falta. Emerson Sheik, que não jogou nada os 90 minutos, foi para a batida e fez – de pênalti – o gol do jogo. Daqui um tempo o que sobrará desse jogo será a “verdade” de que Emerson decidiu a partida ao marcar o único gol.

Logo após, Muricy mexeu. Aproveitando que o campo estava bem mais seco, colocou Alan Patrick no lugar de Cirino, deslocando Gabriel para a ponta direita. Aliás, foi nessa troca de lado que começamos a ver Rodinei aparecer mais no ataque e subir de produção.

Banco mal montado e sobra de substituições

Muricy, como de costume nesse início de ano, montou muito mal o banco do jogo. Para que levar Chiquinho e Pará, quando todo mundo sabe que Pará joga nas duas laterais? Um jogo com campo pesado precisa de um jogador com mais recurso de passes e se Canteros não começou jogando – o que já é um erro – deveria no mínimo estar no banco.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Alan Patrick era o único jogador capaz de qualificar o passe dentre as opções disponíveis, mas como estava fora há muito tempo só pôde entrar quando o campo estava menos empoçado para evitar lesão. Sua entrada movimentou mais o ataque, apesar de estar longe do ideal, conseguiu cadenciar o jogo e até deixar os companheiros em boa posição na área por 3 vezes.

Cuéllar o Grifo Rubro-Negro

O mitológico Grifo é uma união do Leão (rei dos animais terrestres) com a Águia (rainha dos céus), usado geralmente na mitologia como guardião de tesouros ou locais sagrados. Na heráldica (ciência dos brasões) simbolizam força e coragem militar, além de liderança.

Cuéllar, tal como o grifo, une duas figuras do futebol brasileiro: o volante marcador – o popular cão de guarda – e o meia que faz boa saída de bola e arma o jogo de trás. Feroz na proteção à zaga, sendo um dos líderes de média de desarmes por jogo, também tem se destacado na saída de bola não só pela movimentação como pelo recurso nos passes.

Contra o Madureira, novamente vimos o colombiano chegar próximo da área e arriscar finalizações de longe, apesar de geralmente errar. Nos passes longos tem conseguido deixar os companheiros em boa situação para avançar até a área e finalizar em contra-ataques rápidos. Pode errar uma vez ou outra, mas dá ao Flamengo um tipo de jogada que até então não tínhamos pela limitação de recursos de Márcio Araújo.

Até onde vale trocar liderança por produtividade?

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Emerson Sheik é um jogador experiente, bom de vestiário e que rapidamente conseguiu uma posição de liderança no grupo. Muricy não só o conhece como conta com Wallace e Sheik para manter o grupo unido ao seu redor. Algo que, sabemos, será fundamental com todas as viagens para fora do estado nas competições nacionais.

O grande problema é que Sheik não gosta de ficar no banco, não gosta de ficar fora dos jogos e não gosta de ser substituído. Ao mesmo tempo, desde a temporada passada mostra que fisicamente já não consegue jogar em alto nível, o corpo não responde tão rápido ou suporta seu estilo de jogo intenso, o que o faz errar demais e prejudicar o time.

Ao invés de ter um jogador individualista, que joga pra si e quer resolver sozinho, apesar de quase nunca conseguir, Muricy poderia ter na ala esquerda alguém que jogue mais coletivamente. A melhor opção é trocá-lo por Ederson, deixando no meio Alan Patrick ou Canteros enquanto Mancuello não retorna da lesão. Outra opção, no caso de precisar poupar Ederson, é colocar Gabriel na posição, jogador que vem subindo de rendimento e além de ajudar muito na defesa, ainda tem velocidade e inteligência, faltando apenas conseguir um pouco mais de força (A Exos já está trabalhando nisso).

Muricy tem opções de jogadores para substituir Emerson e qualificar o time. Entretanto, prejudicaria o bom ambiente do vestiário e perder-se-ia um líder em campo. As contratações de Cuéllar e Mancuello foram feitas tendo em vista a necessidade de contar com jogadores com liderança em campo. Mas acabaram de chegar. Ainda precisarão conquistar esta posição diante do grupo.

Saudações Rubro-Negras


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