Mais posse de bola, menos vitórias: Fla perdeu domínio dos jogos em 2023
O Flamengo se notabilizou por ser um time dominante desde 2019, que usa da posse de bola para envolver os adversários e conquistar vitórias contundes. Entretanto, esse cenário mudou completamente em 2023. Apesar de terminar o ano com média de posse maior em relação a 2022, o Fla não conseguiu repetir o desempenho do passado, acumulou vices, vexames e fez uma de suas piores temporadas.
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O Flamengo teve média de posse de bola de aproximadamente 58,5% nos jogos de 2023. O índice representa um aumento em comparação com 55% da temporada passada. No entanto, diferente do ano em que ganhou Libertadores e Copa do Brasil, o Fla não conseguiu refletir a posse em segurança ofensiva ou defensiva. Afinal, não só criou menos chances e marcou menos gols, como sofreu mais gols dos adversários.
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Mesmo com mais posse de bola, o time sofreu mais de um gol por jogo em média, algo que não ocorreu em 2022. Foram 80 gols sofridos em 76 partidas, uma média de 1,05 por confronto, enquanto o time cedeu apenas 65 tentos aos rivais em 77 jogos do último ano (0,8 por jogo). Já na parte ofensiva, foram 125 gols feitos (1,6 por jogo) contra 138 (1,79 por jogo).
Apesar de mínima, a diferença de jogos em que não sofreu gol aumentou de 30 para 31. Contudo, esse dado resulta em uma outra estatística que expões os problemas defensivos do time em 2023: o número de jogos em que sofreu dois ou mais gols também aumentos. O número foi de 16 para 18 na atual temporada.
Já no campo ofensivo, os problemas foram poucas chances de gols e a falta de eficiência. O Mengão sofreu diminuição significativa no número de oportunidades (xG), que reduziram de quase 2 por jogo para 1,5. Além disso, praticamente todos os atacantes rubro-negros passaram por má fases ao longo do ano e perderam eficiência. Destaque para Gabigol, que foi artilheiro nos últimos anos e fez sua pior temporada.
Um outro dado que corrobora com a ineficiência do ataque do Flamengo é a média de passes certos. O Rubro-Negro ficou entre os líderes da estatística em todos os torneios, mas a maioria dos passes não resultaram em chances claras ou gols.
Vale lembrar que o time teve três técnicos em 2023, o que corroborou para desorganização. Com Vitor Pereira, a média de posse era de apenas 51,75%. O número cresceu muito com Sampaoli, que comandou a equipe em mais jogos no ano, e ultrapassou os 59%. Com Tite, o índice ficou em cerca de 52%.
Flamengo terminou Libertadores com a maior média de posse de bola
A Libertadores foi provavelmente o grande exemplo de como a posse não foi sinônimo de vitórias nos jogos do Flamengo. Eliminado nas oitavas de final para o Olimpia, do Paraguai, o time terminou a competição como líder de tempo com o domínio da bola.
No total, o time teve impressionantes 63,6% de média de posse de bola. Foi a única equipe que ultrapassou a casa de 61%, com o Atlético-MG sendo o mais próximo com 60,9%. Todavia, teve os piores números entre os times das oitavas.
O time teve média de 12 finalizações por jogo, pior índice, e foi a equipe que mais desperdiçou chances claras. Das 21 oportunidades de gols criadas, o time não conseguiu converter 12, uma taxa de apenas 43% de aproveitamento.
Tite projeta recuperar DNA ofensivo do Flamengo
Tite foi contratado para finalizar 2023 e já preparar o próximo ano. O treinador dirigiu o Flamengo em 12 jogos e deu esperanças de recuperação após bons jogos. Logo em sua apresentação, Adenor comentou como pretende ver o clube e já identificou a perda do “DNA do Flamengo”.
“O jogo é um mecanismo vivo mas parte de alguns princípios. Manter a posse de bola, historicamente, ser criativo, ofensivo, é do DNA do Flamengo, e vai continuar sendo dessa forma, porque o técnico tem que se adaptar aos atletas e à equipe. E não o contrário. Ele precisa jogar e saber jogar, mesmo que seja num percentual menor, consistente defensivamente. E ele precisa ser eficiente em bolas paradas. Quando se foge desse aspecto, a gente fica mais longe de vencer”.
*Matéria em colaboração com a cientista de dados Ananda Almeida