A arrogância do Flamengo significa colocar o sarrafo lá em cima sem poder deixar de se cobrar muito e o tempo todo
O fim de semana dos dias 23 e 24 de novembro de 2019 coroou o processo de reestruturação do Flamengo.
Foram 6 anos gastando pouco e pagando muita dívida. Gradativamente aumentando os investimentos no futebol. Dando o exemplo fora dos gramados do que deveria ser feito por todos os clubes.
Mas até dia 22 de novembro o sacrifício ainda não tinha dado o resultado esperado.
O Flamengo investiu muito esse ano. Ao contrário do Palmeiras, que resolveu montar 3 times, o Flamengo contratou jogadores que decidem. Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta já fizeram mais gols no Brasileirão que muito time. Rafinha e Filipe Luís trouxeram anos de experiência de Europa. Gérson, Marí e Rodrigo Caio renderam além do esperado.
Tendo condição, como o Flamengo tem, pode investir pesado mesmo. Ainda mais quando é planejado. Não é só pegar alguém saindo da China por causa do nome. É montar um time forte que dê resultados rápido.
Mas nem no melhor dos meus sonhos eu imaginava que seria tão rápido.
Grande parte disso se deve obviamente ao Jorge Jesus, que fez um trabalho que eu nunca tinha visto. Instantaneamente mudou tudo no futebol do clube. Operou um milagre.
Mas nem estou aqui pra falar disso. É sobre o resgate da nossa arrogância.
A vida inteira eu acreditei que dava pra ganhar com qualquer time horroroso que o Flamengo montava. Não tinha lógica nenhuma, mas a nossa torcida sempre foi assim. Queríamos ser campeões mesmo que não fosse possível.
Mas com o tempo eu notei o início de um processo de botafoguização em parte da torcida. O “deixou chegar” começou a falhar. Dois vices em copas no mesmo ano, vice no Brasileirão, isso foi abatendo parte dos rubro-negros.
A ponto de policiarem quem, como eu, soltou o “segue o líder” quando o Flamengo ultrapassou o Palmeiras nesse ano. “Vai zicar” e “Não pode ter oba-oba” apareciam por todos os lados. O que zica é ter um time como o de 2005. Quem não pode entrar no oba-oba é o elenco.
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Mas parecia que a torcida estava com tanto medo de perder e ser zoada que tinha vergonha de comemorar. O cheirinho tem grande culpa nisso. E isso é um reflexo da famosa frase “O medo de perder tira a vontade de ganhar”.
Eu estava sentindo falta dessa arrogância debochada do Flamengo. Uma coisa que é mais pra zoar os outros que pra diminuir.
O jogador mais arrogante do elenco é o Gabigol. E isso faz com que ele exija o máximo de si próprio sempre. A gente já viu até comemorações do Troféu Não Levou Gol do Gabigol. Quem é arrogante sobe a barra. Precisa render bem sempre pra não dar espaço pros outros. Se perde, apanha em dobro. Mas se ganha, intimida. E com isso já começa uma partida com um adversário mais acuado. Que, se leva um gol, sente muito mais.
Quando o Bruno Henrique diz que estamos em outro patamar ele tá certo. E no dia seguinte ele vai ter que correr ainda mais pra se manter nesse outro patamar. O zagueiro que vai enfrentar ele vai com o dobro da vontade pra parar o BH. Mas com isso também fica mais nervoso e pode cometer mais erros.
Eu sou 100% rumatóquio. Ganhou dois jogos eu já acho que agora vai. Se o Flamengo perde um jogo eu já acho que foi numa boa hora porque isso vai ser positivo lá na frente. Não precisa fazer sentido. Mas, pra mim, funciona assim.
A torcida do Flamengo sempre foi a mais otimista e zoeira. Os adversários odeiam isso.
Deixem o tempo de vacas magras pra lá. Hoje o Flamengo tem condições de manter um ciclo virtuoso. Não depende de achar um Pet e Adriano ao mesmo tempo pra ganhar um campeonato. Se sair Gabigol, tem como ir atrás de outro atacante de primeiro nível. Se sair o Jesus, certamente vai vir outro técnico de primeira linha e certamente gringo. Fora dessa mesmice que tem por aqui.
Comemora, faz o a comemoração do Gabigol, o Vapo, fala pra todo mundo que você tá em outro patamar e chama o Liverpool de freguês.
Os antis que lutem.