Não se pode dizer que foi surpresa. Não se pode dizer que não houve aviso. Zé Ricardo apostou. Apostou alto e perdeu. Zé Ricardo acreditou que, mantendo os que compraram a sua briga em 2016, iria manter o padrão de jogo, a segurança defensiva e o volume ofensivo. Mas o futebol é dinâmico. No Flamengo, o dinamismo é ainda maior.
Alguns nomes do elenco, pior ainda, do time titular, se tornaram ícones da fase conturbada e perdedora que vive o Flamengo. E, assim como o futebol se mantém pobre frente as possibilidades do grupo, tais ícones se mantém intactos na formação do Flamengo. Toda impaciência da torcida é direcionada a eles, exatamente porque em todo dissabor rubro-negro, eles estão envolvidos. Nesse caso, como na maioria dos outros, a voz do povo é certeira, exata e implacável.
Muralha é um remendo do que imaginamos que ele seria. Eu mesmo imaginei que tínhamos resolvido o problema do gol. A maioria dos rubro-negros imaginou. A diferença entre a Nação Rubro-Negra e Zé Ricardo, nesse caso, é que quando percebemos que Muralha não passava de um goleiro mediano, pedimos a contratação de outro goleiro ou a promoção do jovem Thiago. Zé Ricardo também percebeu, mas insistiu. E insiste até hoje. Incontáveis são os jogos que perdemos ou empatamos por culpa do nosso goleiro. Não há sobrevida para Zé Ricardo com Muralha no gol.
Marcio Araújo, diferentemente do Muralha, nunca caiu nas graças da torcida. Fica fácil perceber isso se lembrarmos que nem o gol contra o nosso rival Vasco no último minuto da final do Carioca de 2014 que decidiu o campeonato e manteve a sina vascaína de vice do Mengão, elevou o patamar do jogador. Atleta mediano, medíocre, que nunca obteve resultados de excelência e joga com a displicência que nem os maiores craques mundiais do meio-campo apresentam. Pode ser gente boa, pode ser legal, pode ter muita fé. Mas não é jogador para o Flamengo. Se não era para times menores, frequentadores de divisões subalternas do futebol brasileiro, nunca pode ser para o Flamengo. Mas Zé o mantém. E o mantendo consegue acabar com um ponto fundamental no futebol moderno: a saída da defesa para o ataque. Incrivelmente, a mídia não costuma partilhar do desgosto da torcida com esse jogador. Mas isso não diminui a pressão que sofre o técnico ao teimar com o volante no time titular. Não há sobrevida para Zé Ricardo com Marcio Araújo no meio-campo.
Outros nomes, como Rafael Vaz, Gabriel, Leandro Damião e Arão são mais exemplos da teimosia do treinador. Perder o grupo é substituir os jogadores que não mostram evolução e que não justificam suas titularidades ou perder o grupo é manter na reserva os que demonstram, no campo e nos treinos, que deveriam ter oportunidades frente a jogadores em péssima fase? No futebol, como na vida, a meritocracia é o modelo validado para a promoção e desenvolvimento dos jogadores. E o desestímulo ao perceber que a meritocracia não é aplicada acaba por promover o descontrole do comandante, no caso, do treinador. Não há sobrevida para Zé Ricardo sem adotar imediatamente a meritocracia.
Zé Ricardo é, hoje, o treinador mais longínquo da série A do futebol brasileiro. Completou um ano de comando no Flamengo. Nesse período, teve as suas convicções. Arrumou o time em 2016, mas não evoluiu no decorrer do tempo. Se os últimos três parágrafos terminaram com um afirmação, o texto termina com uma pergunta: Há sobrevida para o Flamengo com a manutenção do Zé Ricardo?
Obs.: Em enquete realizada no Twitter, os leitores pediram que fosse analisada a configuração tática do time com a chegada dos reforços rubro-negros. Por conta da triste noite de ontem, foi preciso tratar da permanência do treinador à frente do Flamengo. Prometo uma análise detalhada do novo time que deve ser montado, por setores, em um texto exclusivo nos próximos dias.
Saudações Rubro-Negras
Felipe Foureaux escreve todas as quintas-feiras. Siga-o no Twitter: @FoureauxFla
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