Leonardo Moura, um Jasão

28/02/2015, 00:36
Orra, é Mengo!
Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!

 

Pélias envia Jasão para roubar o tosão de ouro. Ilustração de Stories from the Greek Tragedians, de Alfred Churchin, de 1879.

Leonardo Moura está partindo. A torcida se divide - alguns já estão saudosos, os olhos lacrimejam, alguns erguem as mãos, estão sorrindo. Até nisso a torcida do Mengo é como o Brasil, um povo que não se entende e experimenta a forma mais ruidosa de democracia.

Mas compreendamos, sobriamente, a discussão: que será que ele é?? Na falta de uma escala oficial e de algum algoritmo que defina quem é quem, pensemos num panteão onde Zico é Zeus, Adriano é Dionísio e Petkovic é Odisseu. Leo Moura não é deus, nem semi-deus, é humanamente um herói, um Jasão.

Léo Moura é da mitologia rubro-negra, mas sem desmerecermos quem o deteste e sem concordarmos com quem o ame, temos um caso em que ambos parecem ter razão. O misticismo, as teimosias táticas, a titularidade irreversível, as postagens no twitter, ninguém merece.

Mas o marujo sobreviveu a maremotos de Junior Baiano a Wallace, de Diego a PV, de Obina a Cirino, de Routh a Luxemburgo, de Márcio Braga a Eduardo Bandeira. Atravessou uma década vestido de camisa 2, conquistou, teve fraquezas, navegou sempre em águas geladas. Foi um argonauta, um legítimo argonauta das regatas rubro-negras.

Por isso, toda a discussão. "Ídolo", "mito", "herói", o povo se confunde. Mas a parada é simples, herói também se festeja. O que Léo Moura fez, em 24 de fevereiro de 2010,  na jogada no gol de Adriano é para as antologias. É um lance simbólico, é a parte que mais valeu neste relacionamento - a parte que vai deixar saudade.

Orra, é Mengo!


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Gerri Rodrian
Autor

Paulista de Osasco, nascido em 1974, casado. Formado em Letras na USP, dramaturgo, profissional da área multimídia e servidor público federal. Rubro-negro desde 1980.