Leandro: o craque que fez uma geração entender o que é ser Flamengo

17/03/2022, 12:31

Qual é a sua lembrança mais fundamental sobre o Flamengo? Olhando para trás, qual é o momento mais remoto da sua vida que ficou na memória e até hoje motiva a sua paixão rubro-negra? Eu tenho dois. Uma não tão boa e outra sensacional.

Minha mais antiga lembrança da camisa do Flamengo em campo data de 1982. Eu tinha 6 anos. Os jogos entre Flamengo e Peñarol, pela Copa Libertadores daquele ano. Lembro das camisas amarelas e pretas dos uruguaios em contraste com o manto vermelho e preto dos flamenguistas. O final não foi feliz, já que o gol de Jair de falta eliminou o rubro-negro da possibilidade de defender o título.

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Três anos depois, em 1985, nasceu a minha primeira idolatria. Com 9 anos, foi naquele ano que comecei a ir regularmente ao Maracanã, sempre com meu pai. Daquele 11 de dezembro, uma quarta-feira, lembro de pouca coisa. Lembro da arquibancada absolutamente lotada. A ficha do jogo confirma minha lembrança e marca mais de 95 mil presentes. Lembro também que meu pai escolheu ficar no alto do anel superior, lá em cima mesmo. Quem frequentou o antigo Maracanã, sabe o quão longe era assistir o jogo lá de cima. Por fim, lembro que só consegui assistir o jogo pois meu pai me colocou em seus ombros.

Naquela primeira metade dos anos 80, o Fluminense era a asa negra do Flamengo, principalmente no campeonato carioca. Bicampeão em 1983 e 1984, o tricolor castigou o Flamengo com gols de Assis nos últimos minutos dos jogos decisivos nos dois anos anteriores. E foi assim que chegamos a 1985. O Flu em busca do tri e o Flamengo em busca de quebrar o tabu. E ainda tinha o Bangu, vice-campeão brasileiro sob o comando do bicheiro Castor de Andrade. Os três times chegaram ao triangular final.

O gol de Leandro fez o Maracanã explodir

Washington, o outro tricolor do Casal 20, abriu o placar aos 38 minutos do primeiro tempo. Se perdesse, o rubro-negro estaria praticamente fora da disputa. Do alto da arquibancada, eu sofria junto com os milhares de flamenguistas no estádio. Então, aos 45 do segundo tempo, veio a explosão. Foi a primeira vez na minha vida que eu vivenciei a potência máxima do futebol. Nada se compara a um gol do seu time no último minuto de jogo. Um gol contra o seu grande rival.

Aquele gol de Leandro é uma das pedras fundamentais do meu “rubro-negrismo”! Confesso que mais que Zico, Leandro foi meu ídolo maior na infância. Ainda garoto, quando entrei na escolinha de futebol do Flamengo, disse ao professor, de fronte alta, que era lateral direito. E foi nessa posição que joguei meu único jogo pelo clube. Alguns anos depois, fui “convocado” para jogar contra o Colégio Batista da Tijuca por uma “seleção” dos garotos da escolinha. Empatamos de 1 x 1 e lá estava eu, de lateral direito, usando a camisa do Flamengo.

Foto: Flamengo

Nesses mesmos anos 80, início dos 90, eu costumava sair das aulas de natação e futebol na sede da Gávea e ficar assistindo o time profissional treirnar. Era tão assíduo nas arquibancadas que consegui autógrafos de todos os jogadores na minha camisa modelo 1987. Ter tido essa camisa furtada anos mais tarde é até hoje uma das grandes dores da minha vida, maior do que a maioria das dores de amor em 45 anos de vida.

A primeira vez que falei com Leandro foi em 1995, no lançamento do livro “Flamengo – Uma emoção Inesquecível”, Organizado por Joaquim Vaz de Carvalho. Produzido para marcar os 100 anos do clube, reuniu torcedores e ídolos para contarem suas maiores experiências relacionadas ao Flamengo. Naquela cerimônia, estavam quase todos lá: Zico, Bussunda, Junior, Rui Castro, Zizinho, Sandra de Sá. E lá estava Leandro. Não lembro o que eu disse a ele. Aos 19 anos, provavelmente nada além de “Leandro, sou teu fã. Você jogava demais…” Em troca ganhei um autógrafo e um sorriso. Esse livro tenho até hoje.

Leandro Flamengo aniversário
Foto: Divulgação / Flamengo

Leandro completa hoje 63 anos. Foi o maior lateral direito do Flamengo e do mundo. Era um camisa 10 jogando na lateral. O golaço de 1985 foi marcado quando já jogava de zagueiro central por causa dos joelhos castigados pelo tempo e por um futebol selvagem que nada lembra esse esporte seguro que vemos hoje. Leandro ganhou tudo pelo Flamengo, da Taça Guanabara ao Mundial. Nunca jogou em nenhum outro clube. Só suou o Manto Sagrado e a amarelinha.

Leandro costuma se emocionar nas entrevistas quando fala do Flamengo (veja abaixo). Hoje um pacato dono de pousada em Cabo Frio, o “Peixe-Frito” marcou minha vida de torcedor. Tenho certeza de que, como eu, milhares de outros rubro-negros o têm como ídolo maior. Nesse dia especial, fica qui a nossa homenagem. Parabéns e obrigado, Leandro.


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