Landim está decidido a criar SAF e só pode ser parado no voto, avalia VP

26/03/2024, 11:36

Primo de Rodolfo Landim e vice-presidente de Patrimônio do Flamengo, Arthur Rocha está convencido que o presidente rubro-negro vai levar adiante o plano de transformar o Flamengo em Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Rocha acredita que a única maneira de barrar a tentativa de Landim é através do voto dos sócios.

Rocha aproveitou a reunião desta segunda-feira do Conselho Deliberativo, que aprovou a renovação do contrato de patrocínio com a Ambev, para fazer lobby pela proposta de emenda ao estatuto que quer apresentar para regular a votação que poderia transformar o clube em SAF e recolher novas assinaturas.

Flamengo só precisa de 20% dos sócios para virar SAF com projeto de primo de Landim

O Mundo Bola conversou com pessoas que foram abordadas pelo primo de Landim e ouviu delas que a oposição de Rocha à transformação do Flamengo em SAF é genuína. O VP de Patrimônio relatou a essas pessoas ter avisado Landim da iniciativa e que o presidente pediu que ele não apresentasse a emenda. Porém, Rocha afirmou ao primo que a melhor maneira de decidir a divergência é no voto.

Rocha foi questionado se, como integrante da gestão, sabe da intenção de Landim de apresentar em breve um projeto de criação de SAF. Ele disse que não há data, mas que o presidente está decidido a avançar no processo e busca possíveis investidores antes de apresentar a proposta.

Urgência justificaria regra que permite criar SAF só com voto da Assembleia Geral

Um sócio que se recusou a assinar a proposta explicou ao Mundo Bola que questionou Rocha se não seria melhor incluir na emenda a possibilidade de que o Conselho Deliberativo pudesse discutir e modificar o projeto de SAF antes que ele vá à votação na Assembleia Geral. Rocha admitiu que sim, mas explicou que a sua proposta é simples ao definir somente as regras para votação na Assembleia Geral “devido à urgência do tema”.

Modificar vários artigos do estatuto é um processo que poderia levar até um ano, segundo o dirigente. Já a alteração de somente um artigo, como pretende a proposta do VP, pode ser concluída em 40 dias, antes do início do período eleitoral do clube.

Embora admita que não é ideal a votação de “porteira fechada” na Assembleia Geral, na qual Landim submeterá um modelo de SAF e os sócios não poderão promover qualquer alteração, só votar sim ou não, Rocha acredita que desta forma a proposta seria derrotada, já que Landim não conseguiria reunir os 1.200 votos necessários pela sua emenda para aprovar a mudança.

Até a noite de ontem, Rocha já tinha reunido cerca de 40 assinaturas. Entre elas, de outro aliado de Landim, o presidente do Conselho Fiscal, Sebastião Pedrazzi, e dos ex-presidentes do Flamengo Marcio Braga e Delair Dumbrosck, além de nomes que o Mundo Bola já havia divulgado como Wallim Vasconcellos, Ricardo Hinrichsen e Flávio Willeman.

VP quer apresentar projeto de emenda ainda esta semana

Rocha disse que pretende apresentar o projeto nesta quinta-feira. (28) Questionado se não teme que a Comissão de Estatuto do Conselho Deliberativo altere sua proposta e torne mais fácil a transformação em SAF, a exemplo do que fez com a proposta para regular a criação da categoria off-Rio, o primo de Landim mostrou confiança de que pode ganhar no voto esta disputa também.

O Mundo Bola foi o primeiro site a publicar a intenção de Rocha de apresentar a emenda e deu detalhes do texto na semana passada. Ele prevê que a votação sobre transformação da SAF seria da Assembleia Geral, que reúne todos os sócios com direito a voto do clube, e para ser validada precisa de quórum de 30% dos sócios, o que equivaleria a algo entre 1.800 e 2.100 sócios.

A aprovação da SAF exigiria ainda maioria qualificada de dois terços. Ou seja, bastariam 20% dos sócios do Flamengo, de 1.200 a 1.400 pessoas, para aprovar a mudança. No cálculo de Rocha, Landim não conseguiria reunir este apoio. Ele avalia que o presidente conseguiria arregimentar no máximo 600 sócios para votar a favor da tese.

O Mundo Bola enviou na sexta-feira algumas perguntas para Rocha sobre o seu projeto, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.


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