Landim aponta para gastos do Botafogo e pede fair play financeiro no Brasil

19/08/2024, 13:27
Landim franzindo a testa em entrevista após reunião na FERJ; presidente do Flamengo falou sobre negociação por estádio próprio após sorteio da Copa do Brasil

A derrota por 4 a 1 para o Botafogo instaurou um péssimo clima na torcida, que começa a contestar bastante o trabalho atual. Buscando entender a superioridade do rival vista em campo, sócios questionaram o presidente Rodolfo Landim em grupo de WhatsApp, e o mandatário teria dado justificativas e feito críticas específicas ao modus operandi botafoguense.

Rodolfo Landim teria citado a falta do fair play financeiro no Brasil, entendendo que a medida cessaria a injeção repentina no clube alvinegro. Para o presidente do Flamengo, o rendimento esportivo do rival está diretamente ligado à quantidade que tem investido. As informações são de Raísa Simplicio.

Braz confirma acordo com Michael por retorno ao Flamengo

Isso porque o Botafogo estaria gastando mais do que fatura, o que configuraria infração no fair play financeiro. No Brasil, porém, ainda não existe qualquer limitação nesse sentido.

“Acho que só neste ano eles já investiram 75 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões), ou seja, aproximadamente o número que você apresentou como sendo desde 2021. Isso para um clube que teve um faturamento de R$ 322 milhões no ano passado”, teria dito Rodolfo Landim, que também afirmou: “Sejam bem-vindos aos tempos de SAF sem fair play financeiro”.

Apesar da pertinência na crítica, Landim inflacionou os números. Segundo os valores divulgados na imprensa, o Botafogo não chegou aos R$ 400 Mi gastos em reforços na temporada. Sobre a receita, sim, o presidente rubro-negro foi preciso. A receita botafoguense em 2023 foi de R$ 322 Mi, registrando déficit de R$ 101 milhões no ano.

Na análise de finanças da Convocados, há outro alerta. A SAF já contribuiu com aumento do problema financeiro do clube. O levantamento do economista César Grafietti mostrou que o endividamento do Botafogo passa de R$ 1,3 bilhão. Além disso, o EBITDA – diferença entre receitas e custos antes de juros, depreciações e amortizações serem descontados – é de R$ 122 milhões negativos.

Rodolfo Landim já indicou que quer discutir fair play financeiro no Brasil

Em entrevista ao Mundo GV, do ex-goleiro Getúlio Vargas, o presidente do Flamengo já havia se mostrado a favor do fair play financeiro. O momento do Botafogo de John Textor parece incomodar o mandatário rubro-negro. Enquanto o Mais Querido passou por um processo para se reerguer, o rival foi vendido visando resultados rápidos e começa a despontar como uma das equipes mais fortes do país.

“Vamos em breve ter que discutir algumas coisas que podem impactar também o Botafogo. Se fomos ver o valor que o Botafogo investiu na aquisição de atletas esse ano, imagino que esse valor foi bem superior à receita do Botafogo no ano passado, por exemplo. Numa regra de fair play financeiro, de compliance, isso jamais seria possível. Hoje o futebol brasileiro ainda está muito desregulado nesse aspecto, acho que são coisas que precisamos discutir seriamente para o futuro”, ponderou Landim.

Ataque ao rival após vexame muda foco do problema

Apesar de a ausência de fair play financeiro no futebol brasileiro ser alarmante, bem como a falta de regulação sobre as redes multi-clubes (MCOs – multi-club ownership) – usada por Textor para atrair grandes nomes com a promessa de, no futuro, jogar na Premier League ou no futebol francês -, Landim ignora a eficiência do Botafogo em suas contratações e omite próprios erros para desviar o foco.

Somente na goleada sofrida na noite deste domingo (18), brilharam pelo Botafogo Igor Jesus, Matheus Martins e Thiago Almada, que assinaram pelo clube de Textor no meio do ano. Além deles, Luiz Henrique, que fez chover e também fez gol no clássico válido pelo primeiro turno, também foi contratação de 2024.

Independente dos fatores levantados pelo presidente do Flamengo, é fato que o rival gasta muito, mas investe bem. No Rubro-Negro, no entanto, empilham-se erros que denotam falta de competência da diretoria. Somente em multas de treinadores, a gestão de Landim gastou mais de R$ 50 milhões.

As constantes trocas no comando desde a saída de Jorge Jesus aparentam ser “tiros no escuro”. Vários perfis diferentes, alguns sem identificação com a torcida e o jeito de o Flamengo jogar, além do baixo êxito esportivo é um dos grandes calos da atual gestão.

Soma-se a isso o valor gasto em nomes que não deram tanto retorno. Nomes como Allan, Pablo, Marinho e Thiaguinho custaram ao Flamengo mais de R$ 70 milhões. Além desses, outros tantos chegaram por empréstimo ou sem custos com salários consideráveis, casos de Gustavo Henrique, Pedro Rocha, Bruno Viana, Kenedy, Andreas Pereira e Vidal. Ampla maioria não vingou no clube.


Partilha