Lágrimas, aplausos e hino do Flamengo: ex-companheiros e torcedores se despedem de Adílio em velório na Gávea
A manhã desta terça-feira (6) foi de despedida de um dos maiores ídolos da história do Flamengo: Adílio, que faleceu nesta segunda. Com a presença de familiares, amigos, muitos ex-companheiros e torcedores, o eterno Camisa 8 rubro-negro foi velado na Gávea, no Ginásio Helio Maurício.
Muitos ídolos do Flamengo que dividiram campo e boa parte de sua vida com Adílio estavam presentes, todos muito emocionados. Andrade foi um dos primeiro a chegar, e outros campeões do mundo de 81 e ex-jogadores rubro-negros chegaram na sequência: Mozer, Zinho, Raul Plassmann, Jayme de Almeida, Leandro Ávilla, Nunes, Júlio César Uri Geller, Júnior, Zico e mais.
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“Uma pessoa que quando eu cheguei no Flamengo, em 74, me ensinou muito tanto como jogador quanto como pessoa. A gente nunca está preparado para a perda de um irmão. Jogamos juntos mais de 15 anos no Flamengo, as pessoas na rua trocavam nosso nome, não sei nem como vai ser isso agora. Muito doído…”, disse Andrade sobre o amigo.
Algumas cenas ficaram marcadas no velório de Adílio. Como por exemplo quando Bebeto se aproximou para se despedir de seu companheiro de títulos no Flamengo chorando muito. Ao seu lado, também muito emocionado, Leandro “Peixe Frito” deu um beijo de adeus no rosto do amigo.
Zico falou sobre como Adílio era no dia a dia, citados por todos, sem exceção, como uma pessoa extremamente humilde com o próximo. O Galinho falou sobre o relacionamento deles quando formavam o melhor time do Flamengo da história e classificou as amizades criadas naquele time como diferencial para o sucesso. Além de também comentar brincadeira entre jogadores da época.
“A gente vivenciou grandes sucessos. E a grande formula do sucesso era essa relação que tínhamos fora, de amizade, confiança, segurança, ajuda. O meio-campo funcionava dentro do campo dessa maneira, quando um não estava bem o outro corria para ele”, disse o Galinho, antes de completar:
“Tem todo esse lado humano, a gente sabe a vida dele como foi. Como conseguiu chegar aqui. É um negócio que nos encantava também. O futebol então, nem se fala. Ele me deixava na cara do gol toda hora, e a brincadeira era essa. (Perguntavam) ‘Por que não deu para os outro?’, e ele respondia, ‘Porque sei que você vai me consagrar’.
Salva de palmas, hino do Flamengo e Adílio ovacionado marcam último adeus
Por volta de meio-dia, aconteceu cerimônia religiosa durante o velório. Finalizada, os presentes bateram salva de palmas a Adílio, cantaram o hino do Flamengo e entoaram o nome do ídolo. Entre eles, os torcedores que estavam nas arquibancadas do Ginásio Helio Mauricio muito emocionados com a partida do eteno Camisa 8.
Entre os aplausos e cantos em homenagem, um rubro-negro gritou: ‘Muito obrigado Adílio, você me fez muito feliz’. Um outro torcedor passou mal após se despedir do ídolo e precisou de ajuda para sair do local.
Com os portões liberados desde às 10h, torcedores podia passar pelo local para dar um último adeus ou o último agradecimento pelas conquistas com o Manto Sagrado. E muitos decidira ficar até o fim.
Homenagem para Adílio no Maracanã
O presidente Rodolfo Landim estava presente, assim como o vice e candidato à presidência Rodrigo Dunshee. Reinaldo Belloti (CEO), Gutavo Oliveira (VP de Marketing) e os chefes do departamento de futebol, Marcos Braz e Bruno Spindel, foram os dirigentes presentes.
Em entrevista, Landim confirmou que os ex-companheiros de Adílio no Flamengo preparam uma homenagem no Maracanã. Ideia é eles entrarem em campo com a camisa de número 8 antes de partida contra o Palmeiras, no próximo domingo (11).
“Os próprios jogadores que jogaram com ele vieram conversar comigo que estão pensando em ir para o campo e fazer uma despedida lá no Maracanã para ele. Obviamente que se eles forem se organizar realmente para fazer isso, que é uma ideia que eles estavam conversando entre eles aqui, vai ser mais do que bem-vinda. Acho que a torcida vai ficar muito feliz”
Além dos atuais dirigentes, os ex-presidentes Eduardo Bandeira de Mello e Márcio Braga marcaram presença.
Adílio no Flamengo
Adílio defendeu o Mengão por mais de uma década, entre 1976 e 1987. Ele chegou ao Mais Querido ainda criança e começou no futsal do clube. Seu talento incomparável e muito trabalho o transformaram em um peça fundamental no melhor Flamengo de todos os tempos.
As atuações, gols decisivos e o espírito rubro-negro do “Brown”, como é conhecido entre companheiros da geração histórica, o fazem estar no hall dos principais ídolos do clube da história.
Durante os mais de 10 anos que defendeu o Manto Sagrado, o meia disputou 617 jogos, marcou 129 gols e conquistou 10 títulos. Vale citar também as 66 assistências para companheiros.
Alguns desses gols foram de muita importância para a história rubro-negra, como gol sobre o Santos na final do Brasileiro de 1983, mas um foi ainda mais especial. No dia 13 de dezembro de 1981, Adílio foi o responsável por marcar o segundo gol do Mengão sobre o Liverpool na vitória do título mundial.
Títulos
- 3x Campeão Brasileiro (80, 82 e 83)
- 1x Libertadores (1981)
- 1x Mundial de Clubes (1981)
- 5x Campeonato Carioca (78, 79, 79 especial, 81 e 86)
Jogos e gols
- 617 jogos
- 129 gols
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.