Justiça retira Bandeira de Mello do processo sobre Tragédia do Ninho

Atualizado: 10/02/2025, 16:43
Eduardo Bandeira de Mello; Ex-presidente do Flamengo criticou emenda que pode proibir candidaturas de políticos à presidência

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) acatou a solicitação do Ministério Público e retirou Eduardo Bandeira de Mello da lista de réus do processo que apura os responsáveis pelo incêndio que vitimou 10 jovens atletas no Ninho do Urubu, em 2019. O juiz Tiago Fernandes emitiu a decisão nesta quarta-feira (5). 

O MP-RJ pediu a saída do ex-presidente do Flamengo do processo com base no prazo para a prescrição do crime de acordo com a idade do acusado. EBM era réu por incêndio culposo qualificado pelos resultados de morte e lesão grave, crime que tem tempo de prescrição de oito anos. Como Bandeira possui mais de 70 anos, contudo, esse período reduz para quatro anos. 

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O prazo é de oito anos caso o acusado tenha mais de 21 anos na data do crime ou menos de 70 anos quando a sentença for emitida. Como possui 71 anos e fará 72 em 2025, o tempo para a prescrição para o ex-presidente cai pela metade. A solicitação do MP foi feita na segunda-feira (3), pela promotora Roberta Dias Laplacevia, e acatada pelo TJ em dois dias. Assim, Bandeira de Mello deixa o processo sem o caso ter sido julgado. A Tragédia do Ninho do Urubu completa seis anos no próximo sábado (8).

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Os réus que seguem na lista do processo são: Márcio Garotti (ex-diretor financeiro do Flamengo) ; Marcelo Sá (engenheiro do Flamengo); Fabio Hilário da Silva (NHJ- empresa que forneceu os contêineres); Edson Colman da Silva (técnico de refrigeração); Claudia Pereira Rodrigues; Weslley Gimenes; E Danilo da Silva Duarte. 

Nesta terça-feira (4), o Flamengo anunciou acordo na Justiça com a família do goleiro Christian Esmério. Era a única família das 10 vítimas fatais da tragédia que ainda não tinha sido indenizada.

Nota de Bandeira de Mello

O ex-presidente do Flamengo se manifestou através de nota oficial após a decisão da Justiça. Veja a na íntegra: 

Foi com surpresa e tristeza que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.  
 
Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição.
 
Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo. 
 
Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.
 
Diante da decisão de hoje, vou me reunir com minha equipe de defesa e entender o que ainda pode ser feito para garantir meus direitos.
 
Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência.

Os 10 Garotos do Ninho vítimas do incêndio

Um incêndio atingiu as instalações do Ninho do Urubu onde dormiam os jogadores das categorias de base do Flamengo na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019. Dez atletas faleceram e três ficaram feridos. Outros 13 jovens conseguiram escapar.  As investigações feitas apontaram que o incêndio começou após um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado. Além de identificar que os atletas não poderiam utilizar as estruturas por falta de regularização. 

Os jovens que falecerem, lembrados pela torcida aos 10 minutos de todos os jogos: Athila Paixão (14 anos); Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas (14 anos); Bernardo Pisetta (14 anos) Christian Esmério (15 anos); Gedson Santos (14 anos); Jorge Eduardo Santos (15 anos); Pablo Henrique da Silva Matos (14 anos); Rykelmo de Souza Vianna (16 anos); Samuel Thomas Rosa (15 anos) Vitor Isaías (15 anos). 

 

 

 


Matheus Celani
Autor
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.