Justiça condena torcedores que protestaram contra ditadura a comprar baterias para carros da PM
Nesta quarta-feira (10), o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) decidiu retirar as tornozeleiras eletrônicas de dois torcedores do Flamengo. Em abril, os rubro-negros foram detidos por levar faixa com os dizeres: “Morte aos torturadores de 64” ao Maracanã. No entanto, os torcedores terão que comprar quatro baterias para carros do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE).
Além disso, seguem proibidos de frequentar jogos do Flamengo até o dia 31 de dezembro deste ano. Após a definição do caso, Rodrigo Mondego, advogado que representou a dupla, comemorou a retirada das tornozeleiras. Contudo, criticou a obrigatoriedade de compra das baterias.
Leia também: Renato Gaúcho reclama que Flamengo não valoriza Dorival Júnior como faz com Jorge Jesus
“O movimento de torcedores Flamengo Antifascista tentou propor debate contra os torturadores da ditadura militar que não sofreram nenhuma punição por terem praticado crime de lesa à humanidade, mas infelizmente a Justiça do Rio de Janeiro não entendeu assim. Por mais que seja uma vitória eles tirarem a tornozeleira e o monitoramento que era algo que mexia com a vida deles”, disse Mondego.
“Mas acabaram tendo uma punição maior tendo que pagar as baterias. Punição maior do que quem praticou crime de lesa à humanidade, quem torturou, quem estuprou, que sumiu com corpos de pessoas. Quem até matou um atleta do próprio Flamengo, que foi o Stuart Angel. Os assassinos do Stuart Angel tiveram uma punição menor do que os flamenguistas que propuseram punição aos torturados da ditadura militar”, finalizou.
Tribunal tentou explicar punição aos torcedores
Logo após punir os torcedores do Mengão com o uso de tornozeleira eletrônica, o Tribunal de Justiça o Rio de Janeiro (TJ-RJ) divulgou nota para tentar explicar sua versão. De acordo com o TJ-RJ, não foi possível identificar o que estava escrito na faixa. Houve dúvida se seria “Morte aos tricolores” ou “Morte aos torturadores”.
Durante o julgamento desta quarta, os advogados apresentaram imagens da faixa e conseguiram convencer o juiz de que era um protesto contra a ditadura militar.
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.