Jurados detonam samba em homenagem ao Flamengo no carnaval do Rio; leia as justificativas
A Liga-RJ divulgou neste sábado (30), em seu site oficial, as justificativas dos 36 julgadores que deram o título para o Império Serrano na Série Ouro. Entretanto, após a polêmica apuração que foi acusada de fraude por alguns dirigentes, as anotações mostram jurados criticando o samba da Estácio de Sá, sobre o Flamengo.
A vermelha e branco reeditou a obra de 1995, em referência ao centenário do Rubro-Negro, mas adaptado aos novos títulos. Contudo, não agradou o júri e acabou na oitava colocação. O jurado Vinícius César atribuiu nota 9.8 ao samba e explicou a baixa pontuação:
“O samba apresentado tem sua criatividade comprometida ao passar toda a primeira estrofe sem conexão alguma com o enredo“, explicou sobre o primeiro desconto na homenagem ao Flamengo.
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No entanto, foi da jurada Fernanda Gonçalves que veio a justificativa com a maior crítica para seu 9.9:
“A letra do samba apresenta pouca fidelidade ao enredo proposto, como por exemplo, não transmitiu em seus versos o enredo proposto pela escola. Com isso, a narrativa poética da letra empobreceu”, escreveu no mapa dos julgadores.
Renato Vasquez, que deu nota 9.8, também reclamou da letra e sua exaltação ao Flamengo:
“Durante toda a primeira parte da música (sete versos) há inúmeros clichês genéricos que esvaziam de sentido o samba, visto que tais versos não se relacionam com o enredo em questão”, justificou.
Aristóteles Neto deu nota 9.8, mas explicou que viu “pobreza poética” justamente no trecho mais famoso:
“Falta riqueza poética em “É mengo tengo, no meu quengo é só Flamengo! Uh Tererê, sou Flamengo até morrer”. Embora as palavras sejam de uso popular, não possuem significado e enfraquecem as rimas”, finalizou.
Dirigentes das escolas de samba acusam LigaRJ de fraude na apuração
Entretanto, não foi apenas a Estácio de Sá com o Flamengo que saiu reclamando do júri. De acordo com reportagem do jornal O Dia, dirigentes das escolas de samba da Série Ouro acusam a LigaRJ de fraude nas notas. Segundo a matéria, os cartolas apontam possível favorecimento que levou ao rebaixamento da Acadêmicos do Cubango e Acadêmicos de Santa Cruz.
A publicação destaca que as duas escolas não estavam cotadas para a queda e fizeram bons desfiles. Cícero Costa, diretor de carnaval da Unidos de Padre Miguel, usou a internet para comunicar seu afastamento da Diretoria da Liga-RJ. Mas ao anunciar seu desligamento, fez graves acusações sobre a estrutura administrativa do grupo:
“Após passarmos por problemas administrativos em anos anteriores, acreditei e confiei que o processo e toda estrutura administrativa desta nova liga seria diferente das demais, me enganei. Saio com a certeza de que não posso compactuar com todas as injustiças vistas em especial neste último carnaval. O carnaval que deveria ser da retomada, de alegria, terminou sendo de frustração para diversas agremiações que lutaram muito para apresentar um desfile digno na avenida”, disse no comunicado.
A presidente da Cubango, Patrícia Cunha, se revoltou com o resultado e disse que vai buscar soluções:
“Nossa escola não fez um desfile para esse resultado. Um absurdo que indigna o mundo do samba com tamanha injustiça! Ao conferir cada justificativa dos jurados, buscaremos reparar a injustiça cometida, tomando as medidas cabíveis, em todos os âmbitos, para a defesa da Acadêmicos do Cubango”, disse ao jornal.
Jornalista e Historiador, é apaixonado por futebol bem jogado. Já atuou na Rádio Roquette Pinto e como colunista no Goal.com. Siga no Twitter: @EuBrguedes