Com o time titular, mas desfalcados de Paquetá, os juniores enfrentaram a Cabofriense pressionados a tirar a diferença para os líderes, mas acabaram sucumbindo ao próprio nervosismo.
Zé Ricardo escalou o Flamengo com João Lopes – Thiago Ennes, Bernardo, Lincoln, Arthur – Hugo – Cafu, Trindade, Matheus Sávio, Lucas Silva – Fabrício.
Primeiro tempo equilibrado
O dia estava ensolarado e com muito vento, tornando a temperatura agradável para jogar. A torcida para o time da casa era maior, pressionava o jogo todo, mas ainda havia alguns rubro-negros fiéis apoiando o Flamengo.
Logo de início o time da casa não se intimidou e, apoiado pela torcida, começou pressionando a defesa rubro-negra. Parecendo confortáveis fechados atrás, o Flamengo chamava o adversário para o seu campo e explorava o contra-ataque geralmente no um-contra-um, principalmente pelo setor esquerdo do campo, apesar das chances mais claras terem saído pela direita.
Bola parada como principal arma
As chances de maior perigo do Flamengo vieram de lances de bola parada, faltas próximas da área e vários escanteios. A jogada ensaiada mais manjada e mais praticada durante o jogo foi a cobrança curta de escanteio envolvendo Matheus Sávio e Cafu, alternando quem cobrava para o outro cruzar na área.
Ainda no primeiro tempo, Cafu bateu forte na bola em cobrança de falta e acertou a trave, no rebote Arthur tentou mandar pro gol mas a bola foi desviada pelo defensor pra linha de fundo. Em outro lance, Sávio cobrou a falta aberta e quase acertou o cantinho aproveitando o forte vento a favor.
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No segundo tempo a pressão aumenta
Se no 1° tempo houve equilíbrio com João Lopes trabalhando quase tanto quanto o goleiro da Cabofriense, no 2° tempo o Flamengo voltou a campo determinado a vencer. A espera pelo adversário terminou e o time começou a valorizar a posse de bola e pressionar o adversário, dificultando sua passagem para o campo de ataque.
Ainda sentindo a falta de Ronaldo, a saída de bola não era tão precisa e rápida. Muitas vezes Matheus Sávio recuava muito para auxiliar e faltava quem pudesse armar a jogada mais à frente. Trindade poderia ter ajudado mais na saída de bola, mas não conseguia dar sequência às jogadas, errava muitos passes na intermediária, assim como Cafu – um dos jogadores cuja atenção foi chamada mais vezes pelo treinador, dificultando que boas jogadas de ataque surgissem.
Fabrício, que se movimentou muito e procurou ajudar na armação, teve alguns bons lances em velocidade, mas não conseguiu finalizar, bloqueado pela defesa ou por mandar a bola para fora, longe do gol. Foi substituído por Alan, ao mesmo tempo que Patrick entrou no lugar de Arthur, o que fez Cafu virar o lateral.
As mudanças ajudaram a fazer o Flamengo estar mais presente no ataque, mas as jogadas ainda tinham dificuldade de sair. A defesa do Cabofriense muito bem postada e os erros em jogadas simples faziam com que o domínio não se refletisse em chances reais de gol.
O gol da derrota
A pressão do Flamengo era tão grande que na maior parte do 2° tempo os zagueiros eram os únicos jogadores de linha no campo de defesa do Flamengo, por vezes apenas Lincoln ficava para trás. Tamanha exposição cobrou um preço alto quando a Cabofriense teve um contra-ataque matador pela direita, subindo em grande velocidade e contando com uma bobeada de Bernardo para Gabriel Conceição marcar o gol do jogo aos 32 minutos do 2° tempo.
O melhor da partida
Ainda no 1° tempo, quando o Flamengo era mais agredido, principalmente pela esquerda onde estavam os jogadores que mais subiam em velocidade, um jogador se sobressaiu na proteção: Lincoln.
O capitão rubro-negro foi perfeito nas coberturas, nas jogadas aéreas defensivas, e fez muitos desarmes, além de orientar o posicionamento do time por várias vezes. Além disto, no 2° tempo se destacou pela saída de bola, fazendo a distribuição do jogo de trás com passes rápidos para a saída de Cafu pela lateral ou ainda em bons lançamentos para o ataque.
Uma outra coisa que chamou a atenção foi sua atuação junto a arbitragem, se fazendo presente quando um jogador do Flamengo era atingido fortemente – para pedir ao juiz o cartão, ou quando os jogadores da Cabofriense começaram a cair em campo – antes mesmo do gol – e Lincoln chamou a atenção para a cera dos jogadores. Enfim, um capitão que ao contrário de Wallace sabe quando e como fazer pressão na arbitragem para evitar que o time seja prejudicado.
Repercussão pós-jogo
Após o jogo, o treinador Zé Ricardo foi muito gentil e solícito ao nos conceder uma pequena entrevista falando sobre o jogo e o momento do time não apenas na competição, mas na preparação para a temporada.
Como avalia a atuação dos jogadores e o que faltou para alcançar a vitória?
ZR: Não achei que jogamos mal, principalmente no 1° tempo quando poderíamos ter feito um ou dois gols. Mas o jogo foi se tornando perigoso a medida que o gol não saía e tivemos que nos expor um pouco mais. E em um contra-ataque, numa jogada isolada, acabaram fazendo o gol que definiu a partida.
Agora é pensar pra frente e buscar fazer uma campanha 100% para tentar a classificação.
A sequência de gols perdidos deixou os jogadores mais nervosos? Isso acabou deixando a defesa mais exposta?
ZR: Sem dúvida isso acaba mexendo um pouco com a cabeça deles. A gente estava atrás dos 3 pontos, montamos um planejamento de fazer 15 pontos nos próximos 5 jogos para tentar nos aproximarmos dos líderes. Sabíamos que a vitória aqui era importante para isso, agora ficou difícil, a diferença para os quatro primeiros é muito grande, mas tentaremos buscar.
Você esperava encontrar o time da Cabofriense tão organizado?
ZR: Eles tiveram uma proposta bem defensiva. O gramado um pouco irregular os ajudou em sua estratégia. Tentamos pôr a bola no chão e conseguimos em alguns momentos, em outros o gramado acabou nos prejudicando um pouco. Tecnicamente alguns atletas não estavam em seu melhor dia, o que somando às oportunidades perdidas vai tirando a tranquilidade do grupo e o final do jogo acabou fora de controle.
Alguma expectativa de algum dos atletas que não estão sendo aproveitados no profissional voltarem pro sub-20?
ZR: Acho que não, esse é o processo. Acho que o Léo Duarte, o Ronaldo e o Felipe Vizeu estão bem e o momento deles é o profissional mesmo. Nós temos novos atletas se incorporando ao grupo e é uma questão de tempo até dar liga novamente e sermos a equipe competitiva que fomos em 2015 e na Copinha.
Pérola dos bastidores
Após o jogo minha irmã e eu conseguimos acesso a alguns jogadores e, ao encontrarmos Lincoln, houve o diálogo:
“Posso te pedir um favor?” – Ela diz ao se aproximar do jogador e o cumprimentar.
“Claro!” –Lincoln responde solicito.
“Troca de lugar com Wallace!”
Eu não consegui deixar de rir, enquanto Lincoln parecia entre sem jeito e animado com o inesperado elogio.
Saudações Rubro-Negras