Juiz que isentou mulher de Landim é investigado por questionar eleição
O juiz que rejeitou a denúncia contra a mulher de Rodolfo Landim, Ângela Machado Landim, por suposta xenofobia ao comentar o resultado da segunda eleição no Instagram é ele mesmo alvo de uma investigação do Conselho Nacional de Justiça por postagens sobre a eleição de 2022 nas redes sociais.
Fabricio Fernandes de Castro é um dos 18 juízes investigados pelo CNJ por descumprir a determinação que proíbe magistrados de “manifestações públicas, especialmente em redes sociais ou na mídia, que contribuam para o descrédito do sistema eleitoral brasileiro ou que gerem infundada desconfiança social acerca da justiça, segurança e transparência das eleições”.
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Castro é investigado por críticas ao resultado do primeiro turno da eleição presidencial. Ele apagou essas postagens das suas redes sociais. Mas o Twitter do juiz ainda está repleto de retuítes de postagens do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos Carlos e Flávio. Ele também tem posts simpáticos a Sergio Moro, o juiz que decretou a prisão de Lula.
O juiz também deu sinal da sua preferência partidária em sentenças. Por exemplo, ao proferir uma decisão negando a demissão de servidores públicos por se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19. Na sua decisão, Castro alegou que o Brasil “não vive regime comunista” e a obrigação da vacinação representaria uma “ofensa à inviolabilidade do corpo humano”.
Chamar nordestino de carrapato não é xenofobia, alega juiz
Diante deste perfil, não surpreende que o juiz tenha decidido que chamar nordestinos de carrapatos, conforme fez Ângela Machado em sua postagem, não configura xenofobia.
Para justificar as falas de Ângela Landim, o juiz ainda afirma que “se um lado político chama o outro de ‘Gado’, é natural aceitar a resposta como ‘Carrapato’”, e que é necessário entender o contexto eleitoral.
O magistrado ainda apresenta um estudo sobre a média do PIB per Capita dos estados, para justificar a xenofobia. Na postagem, Ângela escreveu que “ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias”.
“É possível a obtenção de dados do PIB Industrial, no qual dentre os 12 primeiros Estados, estão todos os 4 estados da região Sudeste, enquanto se apresentam apenas 2 (de 9) estados nordestinos”, escreveu Castro.
O Ministério Público, que pedia condenação de Ângela ao pagamento de R$ 100 mil, vai recorrer da decisão do juiz Castro. Além de mulher de Landim, Ângela ocupa o cargo de diretora de Responsabilidade Social do Flamengo.