João Luis Jr: Um empate para mostrar o melhor e o pior do Flamengo de 2023

Primeiro é preciso deixar claro que contra o Fluminense, nessa terça-feira (16), pela Copa do Brasil, pudemos finalmente ver em campo aquela que talvez seja a ideia mais bem acabada do que o treinador Jorge Sampaoli deseja para o Flamengo.

Durante o primeiro tempo vimos uma equipe rubro-negra que pressionava a saída de bola adversária e não deixava a outra equipe sequer respirar. Oferecendo marcação intensa, movimentação incessante e velocidade na criação das jogadas. O Flamengo dominava a partida, mantinha a posse de bola e criava oportunidades que acabaram não entrando. Por um misto de azar de alguns jogadores e certa falta de competência de outros.

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Todos os pontos fortes da equipe rubro-negra estavam visíveis. Pulgar dominava o meio de campo, com Arrascaeta ditando as ações e um Gérson mais adiantado e mais criativo. Ayrton Lucas era força pelo lado esquerdo e Gabigol se movimentava no ataque, quase deixando a sua marca. Finalmente parecia surgir em campo aquele Flamengo que havia sido prometido e que todos nós sabíamos que tinha plenas condições de acontecer.

Então, apesar do gol não ter saído, a sensação no intervalo da partida era de que a equipe precisava apenas manter ritmo, pressão e intensidade. E dessa forma conseguiria sair da primeira partida com ao menos algum tipo de vantagem para o jogo de volta.

Assim, já no começo do segundo tempo o cenário pareceu se tornar ainda mais favorável. Felipe Melo, mostrando que nem todo mundo que toma cartão idiota está envolvido em esquema de apostas, garantiu mais uma expulsão para a sua já longa ficha corrida, deixando o Flamengo em vantagem numérica durante ao menos mais 40 minutos de jogo.

Porém, se o torcedor rubro-negro esperava que essa fosse a deixa para que o time exercesse com ainda mais força a sua superioridade técnica, aconteceu praticamente o contrário. Afinal, nas palavras do poeta Jorge Aragão, “aí foi que o barraco desabou, nessa que o meu barco se perdeu”, e nele estava gravado “como pode um time tão bom ser incapaz de matar um jogo?”.

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Isso porque se no primeiro tempo tanto Sampaoli, com sua escalação simples e eficiente, quando o Flamengo, com sua atuação dinâmica e intensa, haviam mostrado suas principais qualidades, o segundo tempo foi a hora dos mesmos velhos defeitos virem à tona.

Primeiro porque o Flamengo, mais uma vez, não soube traduzir vantagem numérica em vantagem no placar. Não encontrou espaços para criar jogadas e ficou muito refém de chuveirinhos na área ou cruzamentos que na verdade eram bicudas à espera de alguém pra derrubar. O time dominava a partida, não corria riscos, mas se via novamente incapaz de realizar a ação essencial do futebol. Que é “marcar o gol”.

Depois porque a parte física novamente falhou, com um Flamengo incapaz de manter o pique inicial e que ainda foi prejudicado pela insistência de Sampaoli em “renovar” a equipe com a entrada de Vidal, que não apenas parece já sair do aquecimento cansado como errou absolutamente tudo que tentou fazer dentro de campo. Sem esquecer, é claro, o fato de que novamente, de novo, mais uma vez, Wesley teve uma atuação que unia, na mesma proporção, boa vontade e absoluta incapacidade de tomar sequer uma boa decisão.

O que temos então é uma partida de contrastes. Se por um lado vimos um Flamengo bem melhor do que se poderia imaginar antes do jogo, por outro lado saímos de campo com um placar bem pior do que aquele que o contexto da partida parecia proporcionar.

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Resta agora então a expectativa de que esse Flamengo que parece ter realmente encontrado sua maneira de jogar, encontre também não apenas um caminho para níveis mais altos de eficiência como também aquela página do livro de regras do futebol que explica que não é crime marcar gol em adversários com jogadores a menos. Isso vem realmente fazendo falta nesses últimos jogos.