João Luis Jr: Surpresa! O Flamengo cria mais quando tem seus melhores jogadores de criação
Aquela situação em que alguém te explica o caminho, conclui com a frase “não tem como errar” e mesmo assim você erra. Aquele contexto em que te dizem que “até uma criança” consegue resolver uma coisa e você, mesmo não sendo mais criança, não consegue. Aquela tarefa que te foi repassada com a garantia de que “qualquer idiota” seria capaz de resolver e você ficou ali sem graça porque depois de meia hora já queria pedir ajuda.
A vida é cheia dessas situações que nos lembram: uma coisa pode ser ridiculamente simples ou óbvia para algumas pessoas. Mas para outras ela pode realmente parecer muito complicada e, até mesmo, misteriosa.
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E um exemplo muito claro disso vem acontecendo no Flamengo, nos últimos anos, quando se trata da presença de Everton Ribeiro e Arrascaeta no time.
Porque sendo Everton Ribeiro e Arrascaeta os dois meias de criação da equipe, não é preciso ser exatamente Aristóteles pra deduzir que, com eles em campo, o Flamengo vai criar mais. Assim como não é preciso ser Descartes pra entender que, sem eles, o Flamengo tende a criar menos. E por fim, não é necessário um poderoso algoritmo de inteligência artificial pra presumir, que se temos apenas dois homens com essas características no elenco, talvez precisemos contratar mais um.
E ainda assim esse tipo de conclusão parece escapar à compreensão de muitas pessoas no Flamengo. Desde Marcos Braz, que demorou a reconhecer a necessidade de mais um meia criativo e agora pena para conseguir algum, até diversos treinadores. Como foi o caso, aliás, de Jorge Sampaoli nesse sábado (8).
Porque sim, claro, existe a necessidade do Flamengo de poupar jogadores. Não apenas por conta da partida decisiva de quarta-feira (12) pela Copa do Brasil. Mas também pelos dois jogos seguidos em campos de grama sintética, que causam maior desgaste físico nos atletas. É justo rodar o elenco. E é plenamente compreensível não usar Everton e Arrasca durante 90 minutos, por mais importante que seja uma partida contra o Palmeiras em São Paulo.
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Mas também é perceptível que, sem nenhum dos dois em campo, o Flamengo apenas não cria. Por mais categoria que tenha Gerson. Por mais vontade que tenham os laterais – que não estavam bem nesse sábado. A equipe rubro-negra sem Everton e Arrasca parece apenas correr de um lado para o outro sem conseguir trabalhar a bola ou gerar oportunidades. Uma espécie de cavaleiro sem cabeça que ronda o gramado assombrando os torcedores rubro-negros.
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Tanto que após o primeiro tempo fraquíssimo na Allianz Arena, em que a melhor chance foi um chute de Cebolinha – também numa noite em que merecia todas as coelhadas possíveis dadas pela Mônica mais braçuda do universo – foi apenas quando Everton Ribeiro entrou em campo que a equipe começou a evoluir.
E apenas quando Arrascaeta foi lhe fazer companhia que o empate saiu, em jogada dos dois – e poderíamos ter tido até mesmo uma virada, não fosse a chance clara perdida em contra-ataque após confusão do próprio Everton.
Por isso é preciso que essa coisa tão óbvia pra quem vê de fora se torne evidente também para quem está lá dentro: o Flamengo hoje não funciona sem Everton e Arrascaeta. E enfim, se não podemos ter Everton e Arrascaeta juntos em todos os jogos, a busca por opções capazes de fazer ao menos parte do que esses dois fazem precisa ser sim a prioridade da diretoria. E disso, a essa altura do campeonato, até uma criança sabe.