João Luis Jr: Seja a fase boa ou ruim, Gabigol merece o nosso respeito

25/04/2023, 10:45
Gabigol beija taça da Libertadores; Flamengo estreia na competição nesta quarta contra o Aucas e as últimas notícias do Flamengo

É verdade que futebol é momento. Grande parte de qualquer avaliação esportiva passa pelo resultado. E não é preciso mais do que um jogo para levar um atleta do céu ao inferno. Uma falha pode marcar um zagueiro pra sempre, um atacante pode ser artilheiro várias vezes mas entrar pra história por uma chance perdida perdido, uma boa atuação pode abrir espaço pra um reserva na equipe e uma série de jogos ruins pode levar um jogador a sumir dentro do elenco.

Mas da mesma maneira, futebol é também um pouco de história e passado. Toda grande carreira, por mais que tenha pontos altos, também tem pontos baixos, e muitos jogadores históricos chegaram nessa posição tirando de períodos muito complicados a força para construir grandes momentos. Ninguém lembra das bolas isoladas se você fizer o gol do título, ninguém vai lembrar do seu vacilo na fase de grupos se você travar o craque adversário na final.

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Gabigol hoje vive um conflito entre esses dois aspectos do futebol. 

Gabigol pode superar Romário entre maiores artilheiros da história do flamengo
Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
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Porque, como qualquer torcedor rubro-negro é capaz de notar, a fase do nosso camisa 10 não é boa. Numa temporada em que a equipe toda parece ter afundado nos aspectos técnicos, táticos e até mesmo físicos, Gabigol ainda vem sofrendo ainda mais para reencontrar seu bom futebol, seja pela mudança de posicionamento, seja pela concorrência com um Pedro cada vez mais inspirado.

Mas ao mesmo tempo, qualquer um que não tenha memória similar à da personagem Dory do desenho “Procurando Nemo” sabe que Gabigol não chegou ontem e já tem um lugar cativo no panteão dos grandes nomes da história rubro-negra, como artilheiro de uma das fases mais vencedoras do Flamengo e atacante decisivo em algumas das nossas principais conquistas, com gols em duas finais de Libertadores e dono de uma posição na lista dos 10 atletas que mais marcaram com o manto rubro-negro. 

Então ainda que seja mais do que compreensível a ansiedade de certos setores da torcida com o retorno da fase artilheira do jogador – afinal, ele se chama Gabigol e não “Gabipasse” ou “Gabisededicabastante” – é preciso lembrar não apenas de tudo que Gabriel Barbosa já conquistou com a camisa rubro-negra como também de tudo que ele, enquanto jogador talentoso de 26 anos, ainda pode conquistar.

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Gabigol se lamenta durante partida entre Flamengo e Independiente del Valle pela Recopa Sul-Americana de 2020
Foto: Buda Mendes /Getty Images
A sensação é que pra alguns torcedores já acabou o amor e isso aqui virou um inferno

Porque é inegável que o homem sabe jogar bola. São mais de 140 vezes balançando a rede desde sua chegada ao Flamengo, quase sempre em momentos decisivos, com frequência garantindo taças. E também é inegável que o cidadão é Flamengo, seja pela intensidade e disposição, ou a quase simbiose que ele atingiu com a nossa torcida.

Gabigol vem mal, tem perdido gols, ainda não reencontrou seu melhor futebol? Com certeza, qualquer um pode ver isso. Mas também com certeza o camisa 10 não desaprendeu como se joga. E é muito mais interessante entender o porquê dessa má fase, sejam razões técnicas ou físicas, do que duvidar da qualidade ou da dedicação do atleta. Que, aliás, nunca se omitiu e sempre pareceu dar o seu máximo pelo clube.

Isso porque se o momento de Gabigol não é bom, a história que ele construiu no Flamengo é prova o bastante de que, quando os bons momentos voltarem, junto com eles vão vir gols, vitórias e títulos, provavelmente vários deles. Nenhum atleta vive de passado, mas se tem um jogador que merece crédito e confiança no futuro, com certeza é Gabigol. 


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