João Luis Jr: Quer perder três títulos em um mês? Nos pergunte como
Com a derrota dessa terça (21) diante do Del Valle, pela partida de ida das finais da Recopa Sul-Americana, o Flamengo do treinador Vitor Pereira deu um grande passo para atingir uma marca que nenhum esquadrão rubro-negro havia atingido até hoje: perder três grandes títulos em um mês.
E como quase toda realização de grande porte – imagine em 30 dias jogar por terra um torneio nacional, um continental e um mundial, quase um objetivo de War do fracasso esportivo – é óbvio que essa marca histórica não é fruto do acaso, e sim resultado de muito planejamento, esforço e organização.
Leia mais do mesmo autor: João Luis Jr: Uma vitória com gosto de cerveja morna em final de bloco que teve briga
Afinal, não ainda em 2022 que lançaram as bases do atual trabalho? Mais uma temporada sem contratar um meia criativo reserva, com mais um ano em que Rodinei era o melhor lateral-direito do elenco. E aí imaginamos que com ele saindo do clube e nenhum reforço chegando o nível da posição iria melhorar?
As longas férias para os titulares, a pré-temporada curta, a decisão de iniciar o trabalho de um novo treinador o mais próximo possível da data de enfrentar o principal adversário no Brasil e então disputar o principal torneio da temporada, não eram maneiras a fim de garantir que o Flamengo já começasse o carnaval tendo jogado fora duas competições?
A decisão de contratar um técnico que chega credenciado por “complicar” dois jogos contra a gente e cujo principal argumento de defesa até agora é “muitos bons treinadores também começaram mal” – como se péssimos treinadores não começassem mal também – não foi mais um passo essencial para garantir o máximo de derrotas em jogos importantes no menor tempo possível?
Porque o que se vê no Flamengo, ao menos diante de adversários que não sejam clubes pequenos do Rio cuja folha salarial é inferior ao que Gabigol recebe do Spotify pela execução de suas faixas de trap, é um time num estado de tão avançada decomposição que chega a ser complicado acreditar que isso tudo aconteça por acaso.
Confira também: Del Valle 1×0 Flamengo: obrigação de virada para ser campeão da Recopa no Maracanã
Taticamente, a equipe rubro-negra é um bando, com deslocamentos confusos e abismos de espaços vazios. Os níveis de desentrosamento só foram vistos antes entre casais que terminam brigados e, mesmo com anos de contato, fingem não se conhecer.
Tecnicamente tanto jogadores que sempre pareceram confiáveis, como Santos, quanto jogadores que nunca deram motivos para esperança, como Pulgar, parecem ter consumido doses cavalares de florais de Hugo Neneca e se encontram totalmente transtornados em campo.
Ainda que a condição física e a falta de ritmo pudessem ser um álibi para tudo isso. Sermos macetados por um Del Valle que havia disputado apenas uma partida antes desse confronto coloca água no chopp desta teoria.
O que temos então é um Flamengo fraco no ataque, ridículo na defesa e com verdadeiros cânions no meio de campo. E que novamente fracassa diante de um time que, ao menos no papel, parecia ter qualidade inferior a nossa. Existe potencial para melhora? Claro que existe, já que se trata praticamente do mesmo elenco campeão da Libertadores e Copa do Brasil apenas meses atrás.
Por fim, o complicado é saber se Comissão Técnica e Departamento de Futebol vão caminhar nessa direção ou seguir o trabalho impressionante demonstrado até agora. Com 100% de aproveitamento visando garantir que o Flamengo termine a temporada sem taças e sem títulos. Apenas com muito sofrimento e sua defesa vazada em todas as partidas. Baseado no que estamos vendo nesse começo de ano, a segunda opção realmente anda parecendo mais provável.