João Luis Jr: O ideal está bem longe, mas o menos pior parece ter chegado
Se você assistiu ao jogo dessa quarta-feira (10), você sabe que o Flamengo ainda tem muitos problemas. Seja a defesa que segue frágil, ou como o ataque perde tantos gols. Ou seja o clima absoluto de zica generalizada em que, após Gerson se machucar no aquecimento, Pedro que dessa vez se lesionou cobrando um pênalti. O Flamengo precisa de reforços, o Flamengo precisa de treinos, o Flamengo precisa talvez de um exorcismo ou, ao menos, de bastante sal grosso.
Mas acima de tudo o Flamengo precisava ganhar. E ainda que a vitória por 2×0 sobre o Goiás não sirva de referencial ara absolutamente nada – estamos falando de um adversário que está na zona de rebaixamento e levou 5×0 do Palmeiras na própria casa – ela ao menos reduz a pressão na Gávea e talvez sinalize algumas mudanças para o futuro.
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Primeiro taticamente, com um 4-4-2/4-3-3 que, mesmo sem encher os olhos do torcedor ou esbanjar entrosamento, ao menos transmitia a sensação de que a maior parte dos jogadores fazia alguma ideia de onde deveria estar no campo. Ainda existe muito a melhorar, não é o ideal. Uma equipe do nosso calibre deveria ser capaz de exibir variações táticas. Mas só de não ter mais ninguém vagando pelo gramado sem rumo como já aconteceu esse ano, é um progresso.
Depois pelas mudanças na escalação. Pulgar e Victor Hugo conseguiram oferecer muito mais força, marcação e intensidade no meio de campo. Dessa forma, Arrascaeta e Everton Ribeiro tiveram um pouco mais de liberdade na criação, o que ajudou tanto ofensiva quanto defensivamente. Vidal entrou no segundo tempo? Sim, mas aí com certeza é muito mais porque ele e Sampaoli tem a mesma tatuagem de “amigos hasta siempre” do que por qualquer opção técnica.
Matheus Cunha também ofereceu mais qualidade na saída de bola com os pés – ainda que dando uma quantidade um tanto quanto esquisita de rebotes – assim como Cebolinha segue cada vez contribuindo mais com a equipe. Pelas laterais, Ayrton Lucas segue sendo um importante desafogo e Wesley… Bem, Wesley parece ser um bom menino, mas com a mesma capacidade de decisão da sua tia que investiu em timeshare ou do seu amigo que comprou um Fiat Marea.
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Então ainda que a escalação desta quarta possa mudar bastante – Gerson e Gabigol são titulares, ainda que fora da partida, e a lesão de Pedro obrigou Bruno Henrique a atuar fora de posição – é visível que já pode ser sim reconhecido ao menos algum grau de evolução em termos de organização e até mesmo da capacidade de transformar o próprio domínio em gols.
Mas ainda há muito o que melhorar, repito. Não apenas em virtude da fragilidade do Goiás, mas também do fato de que a equipe rubro-negra tem pela frente uma série de desafios bem mais complexos do que a equipe do Centro-Oeste.
Cabe a Sampaoli agora conseguir ler os sinais deixados tanto pela vitória de hoje quanto pelas derrotas anteriores e garantir que o Flamengo siga evoluindo, ao invés de recair novamente em antigos padrões. Porque a caminhada até o patamar em que essa equipe deveria estar é longa, e não temos mais tempo para andar pro lado ou até mesmo pra trás.