João Luis Jr: No dia da mentira o Flamengo de Vítor Pereira iludiu mais uma vez

O roteiro do pré-jogo foi basicamente o mesmo que a gente já conhece. Vitor Pereira, o técnico tão sigiloso que não deixa nem o próprio time saber qual vai ser o esquema ou quem vai ser titular, colocou em campo seu time com 3 zagueiros e barrou Gabigol, além de não colocar Éverton Ribeiro, o que, diante da ausência de Arrascaeta, deixava o time sem nenhum jogador especializado em criação de jogadas.

O resultado disso no primeiro tempo também foi o esperado. Sem treinar um time titular a equipe era confusa em campo, sem ter jogadores de criação a equipe não criava, sem ter entrosamento o Flamengo era refém de um Fluminense que só não abria o placar por conta das boas defesas de Santos e das próprias falhas de ataque, seja com impedimentos desnecessários, seja com oportunidades perdidas.

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Foram 45 minutos de tristeza, desalento e vazio, com erros na saída de bola e distâncias quilométricas entre os setores do time, além de diversas jogadas de ataque que pareciam ter sido combinadas com o empresário de Fernando Diniz visando manter o técnico tricolor na disputa por um cargo na seleção brasileira. 

Mas ainda que não seja talentoso, ainda que não seja muito inteligente, ainda que na maior parte do tempo não pareça saber o que está fazendo, uma coisa que não se pode acusar Vitor Pereira é de não ter sorte. Seja em termos de perder para um time e ser logo depois contratado por ele – após a demissão do técnico vencedor – seja em termos de curas milagrosas para sogras, não tem como como alegar que o português seja azarado.

E neste primeiro de abril esta grande mentira em formato humano comprovou novamente essa verdade, com um segundo tempo em que, tal qual no filme vencedor do Oscar, tudo aconteceu em todo lugar ao mesmo tempo: o talento superior da equipe rubro-negra se impôs, as falhas da equipe adversária vieram à tona e o psicológico de algumas peças chaves tricolores apenas derreteu em poucos minutos.

Primeiro com o gol de Ayrton Lucas, em uma dessas jogadas que nem o caos tático rubro-negro conseguiram impedir. Depois com as seguidas falhas tricolores, seja na marcação, seja no ataque, que impediam que a superioridade em campo fosse transformada em resultado sólido. E por fim com o surto que viveu o Fluminense depois do segundo gol rubro-negro, após Vítor Pereira colocar em campo Éverton Ribeiro, Gabigol e Felipe Luís, mostrando que ele sabe sim qual seria o time ideal, apenas não gosta de escalar porque se sente estimulado pelos gritos de “burro” no intervalo.

Então o Flamengo não apenas venceu mais um clássico como deu um passo importante rumo ao título Carioca. Graças à muita generosidade do adversário? Sim, já que tal qual o Vasco nas semifinais o Fluminense teve diversas chances de marcar mas preferiu ficar de brincadeira. Apesar do próprio técnico? Claramente, já que Vítor Pereira, mesmo após duas semanas de treinamentos, mais uma vez apresentou um Flamengo perdido e sem evolução. Na base do talento individual? Com certeza, pois não existe a menor organização, apenas grandes jogadores dando seu máximo diante de um vazio total de ideias.

É justo então comemorar a vitória, claro, mas é justo também esperar que alguém na diretoria esteja pensando que, se esse time consegue vencer rivais mesmo sem técnico, mesmo na base da bagunça, o quão mais longe não poderíamos chegar com um treinador de verdade, e a diferença que isso não vai fazer na hora dos jogos que realmente importam. Porque este sábado foi dia da mentira, mas a verdade, mais cedo ou mais tarde, acaba vindo a tona.