João Luis Jr: Mais um fracasso de um Flamengo que esqueceu como vencer
Antes de qualquer coisa é preciso reconhecer a consistência de um Flamengo que, como em todos os jogos que valiam alguma coisa no ano de 2023, jogou muito mal.
Taticamente o time era uma bagunça, com imensa dificuldade para sair a bola, sofrimento gigante na construção das jogadas e níveis de insistência na bola alta que fariam um amistoso entre Grécia e Irlanda parecer a final da Copa de 1970.
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Tecnicamente o cenário também era de desespero, com séries de passes errados, sequências de bolas temerárias e diversos momentos em que os bons jogadores pareciam ruins, os medianos pareciam terríveis e os já ruins causavam sensações normalmente só descritas em livros de terror.
A parte física também obviamente parecia não colaborar. Arrascaeta que se locomovia como se tivesse uma betoneira amarrada em cada perna. Pedro correndo em bullet time e Thiago Maia atuando diretamente do nível espiritual, com seu corpo já desativado no plano terreno e esperando apenas ser recolhido pelas autoridades.
E ainda assim, muito por conta da imensa fragilidade do Del Valle e da boa entrada de Matheus Gonçalves, que aparentemente ainda não foi informado que está proibido querer vencer em 2023, o Flamengo conseguiu ganhar por 1×0 no tempo normal. Não foi bonito, não foi animador, foi absurdamente mais exaustivo do que precisaria ser. Mas a equipe rubro-negra, praticamente no último segundo, conseguiu levar a partida para a prorrogação.
Mas o tempo extra, mais do que uma rota para a redenção, acabou sendo apenas um novo castigo para o torcedor rubro-negro. A Nação ficou acordada por mais 30 minutos, em plena terça-feira, apenas para testemunhar a lamentável decisão por pênaltis, onde um Arrascaeta quase incapaz de se deslocar até a bola perdeu a primeira cobrança. Além disso, viu e um Santos frio, menos pela estabilidade mental e mais porque talvez tenha sido congelado por engano junto com o resto da ceia no final de 2022, não conseguiu alcançar nenhuma cobrança.
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Diante disso o Flamengo, que terminou 2022 como campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, considerado o time mais forte do continente, começa 2023 eliminado de maneira vexatória no Mundial, derrotado na Supercopa e também fracassando de forma contundente na Recopa. E assim garante ao trabalho de Vitor Pereira um índice inédito de três taças perdidas em menos de dois meses no cargo. O que representa uma média incrível de um fracasso a cada 20 dias.
E depois de tantas derrotas, para onde ir agora? O Flamengo precisa de uma renovação iminente no elenco, da recuperação desses atletas que foram brilhantes na última temporada e agora parecem ser apenas sombras ou de ambos? Existe tempo hábil para trazer reforços após uma janela de transferências de muitas promessas e praticamente nada concretizado? É hora de confiar no trabalho de Vitor Pereira ou então dar mais tempo para o português resolver esse time? Isso teria tanto resultado quanto dar mais tempo pra que um porquinho da índia usando óculos e luvinha de cientista consertasse uma usina nuclear?
Todas essas são questões importantes, sem respostas fáceis, mas que precisam de solução urgentemente. Afinal, sim, o Flamengo já perdeu três das principais competições da temporada, mas ainda tem pela frente vários torneios que pode ganhar. Ou, se continuar o processo que vem vivendo neste começo de temporada, perder de maneiras ainda mais miseráveis e frustrantes. Mas estamos tentando manter o otimismo por aqui.