João Luis Jr: Flamengo, a equipe amadora de MMA mais cara do Brasil
E o lamentável mês de agosto do Flamengo, que parecia ter atingido seu ápice com eliminação vexatória na Libertadores e preparador físico agredindo jogador, conseguiu se tornar ainda mais constrangedor. Isso porque Gerson e Varela, prováveis titulares na partida decisiva contra o Grêmio pela Copa do Brasil, decidiram sair na mão, numa briga que parece ter resultado em fratura de nariz para o uruguaio.
Mas mais que falar sobre o fato do lateral ter se mostrado tão incompetente com os punhos quanto é com os pés? Ou a constatação de que Gerson nas últimas semanas tem sido bem mais eficiente na hora de sair na porrada do que de jogar bola? É importante analisar o que situações como essas dizem sobre o rubro-negro enquanto clube.
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Porque atualmente, como qualquer um pode perceber, o Flamengo é uma absoluta bagunça. Não apenas dentro de campo, onde a equipe se move com a lentidão e displicência de um bando de zumbis, mas sem o senso de propósito de mortos-vivos que ao menos sabem estar procurando por cérebros. Mas também fora dele.
São confusões, discussões, agressões, tudo isso acontecendo diante de um treinador que parece não ter o menor interesse em intervir – no caso Pedro, Sampaoli só teria conversado com o atleta nessa segunda (14), e na agressão desta terça ele teria apenas acompanhado de longe – e de um departamento de futebol que aparentemente passou a tratar como “entrevero” uma situação de troca de socos durante um treino.
E ainda que obviamente ninguém tenha a obrigação de ser amigo de colega de trabalho e o clima possa mesmo esquentar quando existe vontade excessiva, a verdade é que os problemas na Gávea foram muito além disso.
Não apenas porque existe uma grande diferença entre “não ser amigo” e “sair na trocação”, mas também porque essa agressividade que atletas e preparadores físicos vem manifestando em diversos confrontos físicos não vem se traduzindo, de maneira alguma, dentro do campo, onde todos seguem passivos e complacentes.
A verdade é que, mais do que nunca, o Flamengo é um clube sem absolutamente nenhum controle. Funcionando menos como uma equipe profissional de ponta e mais como uma sala de ensino médio. Daquelas em que a professora precisou sair e nunca mais voltou.
Quem coloca ordem na casa do Flamengo?
Mas se os jogadores fazem o que querem, e a comissão técnica não tem mais absolutamente autoridade, sobraria para quem colocar ordem na casa? Com multas, afastamentos ou mesmo demissões? Para um departamento de futebol que a essa altura parece ser dividido entre pessoas que não mandam em nada, pessoas que ninguém sabe o que fazem e pessoas que estão mais preocupadas com a própria carreira política.
E é assim que chega o Flamengo para um jogo decisivo, que muito provavelmente vale sua última chance de ganhar qualquer coisa nessa temporada. Com uma equipe que troca socos, um técnico que só olha e uma diretoria que emite notinha dizendo que não tem nada de mais nisso.
Porque se achávamos que já estava muito triste ver um Flamengo que não parecia time de futebol, está aí um cenário mais triste ainda. O de ver um possível time campeão se tornando uma academia de MMA. Que, aliás, nem é boa o bastante pra ensinar o Varela a esquivar de um soco.