João Luis Jr: Era pra ser só obrigação, mas o Flamengo preferiu dar um show
Em primeiro lugar é preciso deixar claro: com todo respeito ao Maringá, o Flamengo tinha responsabilidade de se classificar na Copa do Brasil. Fosse pela receita 142 vezes superior ou pela folha salarial da equipe do sul representar menos da metade do salário do Marinho. Ou pelo simples fato de que o Flamengo é uma equipe da Série A do futebol brasileiro e o Maringá se encontra atualmente disputando a Série D.
Mas como aconteceu com grande frequência na temporada, a disputa pela vaga nas oitavas da Copa do Brasil parecia fácil. Até se mostrar extremamente complicada. O Flamengo não vinha bem. O espírito de Vítor Pereira ainda assombrava a delegação rubro-negra, sussurrando frases como “bom é esperar o adversário” e “o melhor ataque é a defesa”, e o resultado foi uma lamentável derrota por 2×0 no jogo de ida, que precisaria ser revertida em menos de 15 dias.
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No futebol, porém, 13 dias é bastante tempo, como ficou claro na goleada por 8×2 que o Flamengo aplicou sobre o Maringá nessa quarta-feira (26, apresentando um time absolutamente diferente da equipe do confronto anterior, seja em termos de organização, eficiência ou mesmo espírito competitivo.
Muito disso passa, é claro, pela chegada de Sampaoli. Se ainda é muito cedo para falar que o argentino levará o Flamengo a grandes títulos e conquistas, já se pode garantir que ele conseguiu ao menos ressuscitar o espírito competitivo e ofensivo de uma equipe que parecia ter tomado uma overdose de dramin logo antes do vôo para Marrocos e nunca mais acordado de verdade, vagando em estado de sonambulismo pelos campos do país.
E passa também, é claro, pela recuperação de jogadores. Gerson, por exemplo, voltou a merecer o apelido de Coringa pela versatilidade e não pelas atitudes caóticas. Everton Ribeiro ainda está abaixo do que pode jogar, mas voltou a contribuir positivamente com a equipe. E Gabigol, que não vem balançando as redes com a mesma frequência, parece ter assumido, junto com a camisa 10, a função de armador da equipe, com boas assistências e criação de diversas chances.
Somando a isso a fase brilhante de um Pedro que marcou quatro vezes na mesma partida, assim como um Cebolinha que parece finalmente disposto a desencantar, você tem um Flamengo que começa a dar sinais consistentes de que talvez o ano não tenha acabado e 2023 possa, sim, gerar alguma boa lembrança na memória do torcedor rubro-negro.
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Tivemos falhas defensivas? Claro, como parece ser comum nas equipe de Sampaoli, que atacam com intensidade mas acabam expostas. No entanto, diante de um gol contra em bola alta e outro num desvio absolutamente improvável, a sensação é de que as qualidades do Flamengo finalmente estão aflorando, enquanto os defeitos são sim todos passíveis de correção.
Ainda é muito cedo. Ainda tem muito a se fazer e um adversário de Série D não serve como referencial para nada. Mas não tem como negar que é muito bom ver o Flamengo voltando a mostrar ao menos um pouco do futebol que se espera dele.