João Luis Jr: Bem-vindo, Flamengo, a gente sentiu saudade de você

16/01/2023, 11:56
Gabigol exibe escudo do Flamengo; time faz último jogo antes do Mundial contra o Boavista, pedido contra arbitro da Supercopa e as últimas notícias do flamengo

Os parênteses, asteriscos e disclaimers sobre o Campeonato Carioca são os mesmos e não mudaram nos últimos anos. É um torneio sucateado, uma competição mal organizada, um regulamento que pouca gente entende, uma longa série de jogos entre equipes que variam brutalmente em nível técnico e de interesse, onde temos desde elenco principal até sub20, passando por elenco misto e, até o ano passado, talvez o elenco de uma novela bíblica da Record. 

Segue sendo um torneio perfeito pra iludir torcida e derrubar treinador, fazendo achar que uma Taça Guanabara te qualifica pra vencer o Brasileirão e concluir que um empate com o Bangu justifica demissão de técnico, uma “pré-temporada de luxo” se o seu conceito de luxo é “enfrentar a Portuguesa num calor de 40 graus” e sendo o estadual “mais charmoso do Brasil” como se o mais importante para um torneio fosse realmente ser “charmoso” e não “competitivo” ou “rentável”.

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pedro fazendo gol de peito
O torneio pode não valer muito, mas ver Pedro jogando sempre vale demais
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Em suma, todos nós conhecemos o Campeonato Carioca, sabemos como ele funciona, sabemos o quanto não dá pra confiar, como não vale a pena se empolgar, como possivelmente a transmissão vai render polêmica, o campeão não vai ter premiação, a FERJ vai fazer os clubes grandes terem praticamente que pagar pra disputar o torneio. 

Mas ainda assim… como não se empolgar com o gol de peito do Pedro, com aquele drible humilhante que o Queixada deu nos zagueiros da Portuguesa? Como não ficar feliz quando Everton Ribeiro já volta quase fazendo gol de placa, quando Matheuzinho já entra deixando Thiago Maia na cara do gol pra marcar?

É possívem não achar bonito Gabi sendo Gabigol e também Gabipasse? Dá para não sorrir diante de um Flamengo que, ao contrário da gente, que volta de férias sem lembrar senha do sistema e perdendo duas horas só pra esvaziar a caixa de email, já sentou na mesa do escritório resolvendo demanda e dando tapa na cara de colega de trabalho?

Gabigol comemorando gol
Gabi mais eficiente em fazer gol que Didico em terminar e voltar com a namorada
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Porque é evidente que a Portuguesa da Ilha do Governador não é um Independiente Del Valle, um Palmeiras e muito menos um Real Madrid, para ficar em três dos principais desafios que o Flamengo vai (ou espera) enfrentar agora neste começo de ano.

É óbvio que a partida deste domingo não serve como referencial e nem o mais louco torcedor de Twitter, depois de golear uma equipe cujo lateral Watson fazia o narrador da Band toda hora fazer piadas com “elementar”, estaria cantando “Real Madrid, pode esperar, que a sua hora vai chegar”.

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Mas dentro do que se pode esperar de uma estreia de Carioca, não se pode negar que, fora a jogada bizarra de Ayrton Lucas que rendeu um gol adversário, o Flamengo esteve muito perto do ideal. Uma defesa que praticamente não teve problemas, laterais que souberam apoiar e defender, uma dupla de volantes firme na marcação e eficiente na saída de bola, meias que criaram grandes oportunidades e uma dupla de ataque em que ambos balançaram as redes.

Mesmo que o torneio valha pouco, é inegável que é sempre melhor começar assim do que um tropeço ou uma vitória sem brilho.

E que isso seja um bom sinal nesse começo de trabalho de Vitor Pereira. Um treinador que chega sem a necessidade de reinventar a roda, com uma base sólida já montada e oportunidades de, em poucos meses, conquistar três títulos importantes pelo Flamengo, um deles o maior que qualquer clube pode conquistar.

Que a vitória de domingo, ainda que não tão importante, possa servir como um primeiro passo num bonito caminho rumo a vitórias como essa, porém contra times mais fortes, em torneios que importam mais.


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