Janela do meio do ano: relembre as contratações da gestão Bandeira de Mello

11/07/2018, 11:43

A janela de transferência do meio do ano já chegou na prática e o Flamengo contratou apenas um jogador até agora, o atacante colombiano Fernando Uribe, que chegou de graça após o término do contrato com o Toluca, do México, e só poderá ser inscrito a partir do dia 16 de julho - data em que de fato se inicia a janela. Nas redes sociais, é possível ver o incômodo dos torcedores diante da falta de reforços. O clube tem até o dia 15 de agosto para conseguir contratar jogadores do mercado externo.

Diante disso o MRN reuniu todas as contratações feitas no meio do ano desde o início da gestão Bandeira de Mello para analisar a mudança no perfil buscado, traçar o estilo de negócio almejado pelo Flamengo e tentar encontrar o motivo da passividade nas janelas de verão. Confere aí:

Início do projeto, opção por mercados emergentes e contratação de André Santos

Assim que tomou posse o principal objetivo da gestão Bandeira de Mello em 2013 era organizar os cofres do Flamengo. Com uma política diferente das aplicadas anteriormente, o team Bandeira focou seus esforços em contratações menos extravagantes. Na época, o então vice-presidente Wallin Vasconcelos admitiu que o clube se espelharia em exemplos de sucesso que vieram de mercados emergentes, casos de Ralf e Paulinho no Corinthians.

Então, em julho, um mês e meio depois de anunciar um pacote de reforços vindos do chamado mercado emergente – casos de Val, Diego Silva, Bruninho e Paulinho, o Flamengo acertou a contratação do lateral André Santos. O ex-camisa 27 foi uma peça importante naquele time campeão da Copa do Brasil, atuando tanto como lateral quanto meia-esquerda. Entre os “emergentes” Paulinho se destacou muito e se tornou até xodó da torcida.

Bruninho – Adquiriu 50% dos direitos econômicos
Val - Empréstimo
Diego Silva - Empréstimo
Paulinho - Empréstimo
Marcelo Moreno - Empréstimo
André Santos – Custo zero

Busca no mercado sul-americano e europeu

Após a campanha do título da Copa do Brasil em 2013, esperava-se que a base daquele time fosse mantida para 2014, o que aconteceu em partes. Com um início de ano turbulento para o time, Paulo Pelaipe e Jayme de Almeida foram substituídos por Felipe Ximenes e Ney Franco. Com novos nomes no comando, o Flamengo foi ao mercado para reforçar o time e trouxe duas peças: Canteros e Eduardo da Silva – ambos saíram pela “porta dos fundos”.

Canteros - US$ 2,2 milhões (cerca de R$ 4,8 milhões)
Eduardo da Silva – Custo zero

Após o início animador de Canteros, o argentino se manteve no time titular durante um bom tempo, mesmo oscilando e não agradando parte da torcida. Desde 2016 o meia é emprestado, primeiro ao Vélez e depois a Chapecoense. Já Eduardo da Silva realizou 49 partidas e em 23 oportunidades saiu do banco de reservas. O atacante rompeu com o clube pouco mais de um ano depois do início do vínculo, após perder espaço para Guerrero, contratado em 2015.

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

 

Chegada de Guerrero e a primeira mudança notória de perfil

No dia 29 de maio de 2015, Guerrero era apresentado ao Flamengo. O atacante responsável pelo título Mundial do Corinthians em 2012 chegava ao Flamengo e, querendo ou não, foi um divisor de águas para esse “novo Flamengo”. Mesmo sem pagar o custo de uma transferência, já que o peruano vinha de uma rescisão, o Rubro-Negro desembolsou R$ 650 mil por mês, durante três anos de contrato – naquela época, o maior salário era de Alecsandro, que ganhava R$ 250 mil.

Depois do atacante, era nítida a procura de um novo perfil. Naquele momento, saíam da pauta apostas e chegavam jogadores com bagagem internacional. Ainda no meio do ano, Alan Patrick, Emerson Sheik, César Martins e Ederson chegavam ao clube, todos por custo zero, seja por empréstimo ou rescisão. Ucrânia, Portugal e Itália perdiam jogadores para o Rubro-Negro. Algo mais animador que isso só se esses jogadores se provassem dentro de campo.

Guerrero – Custo zero, mas com salário de R$ 650 mil e uma operação milionária por trás
Ayrton – Empréstimo
Alan Patrick – Empréstimo
Emerson Sheik – Custo zero
César Martins – Empréstimo
Ederson – Custo zero

Com exceção de Alan Patrick, que desempenhou boa função já na reta final do contrato, revezando posição com Diego em 2016, Sheik, César Martins e Ederson tiveram pouco impacto direto nas partidas. César Martins ficou marcado mais pela defesa diante do Palmeiras do que por qualquer outra coisa, Sheik ia mal quando aproveitado e Ederson caiu em uma série de lesões e problemas de saúde.

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

 

Sina dos zagueiros e o fim da lacuna da camisa 10

Em junho de 2016 chegavam Rafael Vaz, Réver e Donatti. E é aí que nasce o problema. Dos três contratados no meio do ano, o único que teve dinheiro envolvido na transferência foi o que menos jogou, e o pior, o que a torcida sentia mais confiança. Donatti jogou apenas 11 vezes e foi reserva durante toda a temporada de Rafael Vaz. Réver superou as expectativas e se reinventou, foi tão bem que ganhou a liderança do elenco e hoje é o capitão da equipe. Já Rafael Vaz teve sua imagem desgastada após consecutivas falhas, em diversos jogos, e até mesmo pelo excesso de proteção do então treinador Zé Ricardo e do próprio presidente Bandeira de Mello.

Para preencher a lacuna da camisa 10, que tecnicamente estava vaga há muito tempo, Diego foi contratado para ser o jogador de peso. Cobiçado durante anos, a chegada de Diego soava como música para os ouvidos rubro-negros. Com um início absurdo, Diego elevou o patamar do Flamengo na reta final de 2016, se machucou durante a Libertadores de 2017 e até hoje não é o mesmo. Desde então, más atuações, severas críticas a postura do jogador dentro e fora do campo, uma confusão no aeroporto e uma comemoração extravagante que diverge opiniões até hoje.

Rafael Vaz – Custo zero
Réver – Empréstimo gratuito, mas com salário de R$ 250 mil
Donatti - R$ 5 milhões
Diego – Custo zero, mas com contrato semelhante ao de Guerrero

Foto: Pedro Ainbinder/iFlamengoNews

 

2017 e a mudança definitiva do perfil

Após três anos de reconstrução e um ano batendo na trave com o terceiro lugar no Brasileiro, o ano de 2017 chegou e a torcida clamava por títulos de expressão. Fora da Libertadores ainda na fase de grupos, o Rubro-Negro se viu obrigado a investir pesado para o segundo semestre, para as disputas do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, e assim fez. Se pós-Guerrero o perfil tinha mudado, em 2017.2 o perfil mudou mais ainda, era chegada a hora dos medalhões.

Rhodolfo - 1,4 milhão de euros (cerca de R$ 4,8 milhões)
Everton Ribeiro - 6 milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões)
Geuvânio – Empréstimo gratuito, mas com salário R$ 500 mil
Diego Alves - 300 mil euros (pouco mais de R$ 1 milhão)

Mesmo com um elenco de peso, tido por muitos como um dos melhores do Brasil, o Flamengo bateu na trave mais uma vez, ou melhor, três vezes. Entre os quatro jogadores que chegaram no meio do ano em 2017, o único em que não há sinal de melhora é Geuvânio. Justiça seja feita, ele nunca teve uma grande sequência no Flamengo, mas suas más atuações contribuíram para tal fato. Diego Alves, Rhodolfo e Everton Ribeiro, hoje, são peças de extrema confiança da torcida e do treinador Barbieri.

Foto: Staff Images/Flamengo

 

Conclusão

  •  A mudança no perfil dos jogadores contratados é nítida. Diferente do que aconteceu em 2013 e 2014, em que havia uma busca por contratações menos badaladas, e até mesmo em 2015 com jogadores experientes, hoje o Flamengo procura por medalhões e jogadores prontos para serem titulares, o que torna a busca mais complicada.
  • Outro ponto que chama atenção é a forma do negócio. A quantidade de jogadores contratados por empréstimo ou que chegaram por custo zero é grande. No início era a única alternativa, hoje não mais, o Flamengo consegue ter caixa para competir com mercados mais pesados, mas lógico dentro da realidade de um clube brasileiro.
  •  Se analisarmos bem, com exceção da negociação envolvendo Everton Ribeiro, todas as contratações surgem como oportunidade de mercado, e não como investimento massivo em cima de um atleta específico. E ao que parece, pelo andar da carruagem, essa tendência deverá se repetir em 2018.

 

Foto destacada: Alexandre Vidal e Fernando Azevedo/Fla Imagem

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