Por Thauan Rocha | Twitter @Thauan_R e @flaimparcial
Saiu o já famoso estudo do Itaú BBA onde são analisados 27 clubes do futebol brasileiro. Por ser muito extenso, resolvi resumir os 217 slides que estão disponíveis na íntegra aqui. Não resumirei os estudos individuais de todos os clubes e tentei expressar da forma que entendi, mas o ideal é que você veja o estudo completo.
O resumo está dividido entre uma análise geral e uma individual focada no Flamengo. Fiquem agora com a segunda parte.
Veja a primeira parte clicando aqui: Uma análise geral do futebol brasileiro
Receitas e Custos
A receita cresceu só 4% e o único destaque foi da TV que cresceu 11%, mas pode ser reajuste inflacionário. No primeiro gráfico podemos ver que há um equilíbrio na geração de receitas entre TV (38% do total), publicidade (25%) e bilheteria (22%). Isso mostra que a maior parte das Receitas atingiu seu pico, e apenas um bom desempenho em campo pode ajudar a agregar mais receitas com bilheteria e sócio-torcedor. O destaque negativo é a venda de direitos federativos. Na primeira parte vimos que o Fla não chega nem perto de ter um desempenho bom nesse quesito e é preciso corrigir, afinal, craque o Flamengo faz em casa, né?
Os custos e despesas não mudaram muito, o que permitiu um EBITDA de R$137 milhões. Por não vender muitos atletas, a maior parte do lucro é recorrente.
Fluxo de caixa, investimentos e dívidas
Em 2015 foram liquidados R$ 17 milhões de adiantamentos de TV feitos no passado e outros adiantamentos de R$ 27 milhões foram compensados, especialmente de contratos de licenciamento. Ainda em 2015, o Fla diminuiu o investimento em atletas que passou de R$ 47 milhões para R$ 21 milhões e voltou a investir na base, pouco, mas voltou. Nas dívidas operacionais podemos ver que há um controle, as dívidas com impostos caíram drasticamente, por efeito de pagamento (R$ 24 milhões) e adesão ao Profut, mas ainda foi preciso captar dinheiro junto a bancos. Como boa parte vence no curto prazo, deverá ser feita uma reciclagem da dívida bancária. Já as despesas financeiras não devem mudar muito, pois com o montante de dívida total na casa dos R$ 540 milhões não há como fugir dessa realidade.
Na tabela ao lado podemos ver que o resultado líquido em 2015 foi de R$130 milhões, um crescimento de 40% em relação a 2014. E o que sobrou disso pra 2016 foram R$27 milhões de caixa, um crescimento de 50% em relação a 2014.
Analisando todo esse cenário, a equipe do Itaú BBA fez o Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre desempenho esportivo - tratado em duas dimensões: total de pontos obtidos no ano e pontuação por colocação nos campeonatos disputados - e desempenho financeiro - tratado a partir dos gastos gerais. O índice é calculado da seguinte forma:
Os gastos gerais indicam quanto o clube investiu no Futebol, seja via Salários, despesas que sustentam o negócio, investimentos em atletas profissionais e da base e quanto pagou de custos financeiros, que na prática representa o preço do dinheiro tomado para cobrir buracos de caixa originados pela atividade, seja por conta de dívidas, seja por adiantamentos. Então esse valor é dividido pelo total de pontos obtidos pelo clube ao longo de todo o ano, em todos os campeonatos oficiais. Com isto temos o custo de cada ponto, que de maneira geral nos grandes clubes chega a valer milhões de reais. Mas ele sozinho não diz nada, pois um clube pode ter conquistado um bom volume de pontos mas não ter conquistado títulos, por isso ainda são cruzados os custos por ponto com a pontuação das conquistas.
Títulos Estaduais e Regionais:... 10 pts
Copa Sulamericana:.................... 10 pts
Classificação para Libertadores:. 10 pts
Títulos da Copa do Brasil:........... 15 pts
Brasileiro: ....................................20 pts
Libertadores: ...............................25 pts
Mundial: .......................................30 pts
Subir para Série A:....................... 5 pts
Cair para Série B: .....................- 15 pts
Os clubes então são divididos em:
Eficientes: são os que conseguiram mais conquistas gastando menos por ponto. Eficiência é conseguir resultados ao menor custo.
Eficazes: são os que conseguiram mais conquistas gastando mais por ponto. O resultado veio, mas a um custo excessivo.
Bom trabalho: gastaram relativamente pouco e apesar de não conquistarem nada, permaneceram nas suas séries.
Deixaram a desejar: estes também permaneceram em suas séries, mas gastando muito mais. Ou seja, o gasto foi improdutivo.
Não deu: gastaram pouco, era o possível, e o resultado não só não veio como o clube ainda foi Rebaixado de Série.
Perdulários: gastaram muito e o resultado ao final da temporada foi negativo. Pode até ter conquistado um título menor, mas o rebaixamento de série pôs tudo a perder.
O Flamengo gastou quase R$2,41 milhões por ponto e ficou com zero na pontuação de conquistas. Assim acabou sendo classificado como "Deixou a desejar" e foi acompanhando por Cruzeiro e Fluminense. Nem todos os grandes clubes vão ser campeões nacionais, internacionais ou poderão ao menos se classificar para a libertadores, mas até em âmbito regional esses três decepcionaram. No RJ a dupla Fla-Flu perdeu o título estadual para o Vasco, time da série B.
Apesar dos erros nos investimentos, o Flamengo foi considerado o clube com melhor gestão financeira. Não podemos ser imediatistas, devemos cobrar para que erros de investimentos não ocorram, mas o processo de reajuste difícil que o Flamengo vem passando vai dar muitos frutos no futuro. Mantendo essa administração responsável e agora fazendo investimentos em estrutura e jogadores de grande porte pelo segundo ano consecutivo (Diego em 2016 e Guerrero em 2015), o Flamengo tem tudo para se tornar um clube Eficaz em 2016.
SRN!
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