Ingressos: uma análise dos jogos no Brasileirão

09/09/2016, 17:52

Nos últimos dias o preço do ingresso voltou a ser tema central de muitos debates no Twitter, mas como não poderia ser? R$160 para ver um jogo contra a Ponte Preta parecia muito, um absurdo, eu também fiquei indignado, mas aí vi um tweet falando que a maioria absoluta contra o Atlético-PR pagou meia. Fiquei com uma pulga atrás da orelha e resolvi analisar os ingressos cobrados pelo Flamengo nesse brasileirão e fiquei surpreso com o resultado. Então vamos ver alguns dados.

Antes é preciso destacar três informações sobre os dados utilizados:

  • Todos os dados foram retirados dos boletins financeiros disponíveis no site da CBF;
  • Foram usados todos os jogos do Brasileirão que o Flamengo era mandante;
  • Os ingressos promocionais foram considerados como meia-entrada para não-ST.

Representatividade dos STs nos públicos pagantes

Não-ST x ST

Por esse gráfico podemos ver que esse ano os STs quase não vão aos jogos. Já era de se esperar valores assim por não termos uma casa fixa. A definição do Kleber Andrade ou do Mané Garrincha como casa poderia atrair novos STs, nem que fosse só por 6 meses. Como não há uma garantia de que haverão vários jogos em qualquer cidade, não conseguimos alavancar nosso programa de sócios nesses locais.

Representação de meia-entrada nos ingressos vendidos

Inteira x Meia

Vejam como em Cariacica a inteira quase não existe - no total foram 708 contra 65676 meias. Em Brasília a situação é parecida, mas com uma diferença levemente menor. Em Volta Redonda a proporção já é bem menor, mas ainda assim é muito grande para um evento que atinge públicos de várias idades, não só os mais jovens que já costumam pagar meia. Natal foi um ponto fora da curva. Retirar ingressos promocionais não alteram os dados significativamente. Agora vamos ver essa representação entre ingressos normais e de STs.

Representação de meia-entrada nos ingressos comuns

Não-STs: Inteiras x Meias

Representação de meia-entrada nos ingressos de STs

st-inteiras-x-meias

Vejam que a proporção de meia-entrada entre ST e não-ST não tem grande alteração. Em Natal houve uma boa diferença, mas só foi realizado um jogo lá, não dá para representar muito bem o público local só com esses dados. Brasília teve uma alteração mais significativa, talvez porque quem não tem direito a meia-entrada resolveu investir no ST devido a grande quantidade de jogos mandados na cidade desde a entrega do Maracanã para o Comitê Olímpico.

Valor médio cobrado por tipo de ingresso

ingresso-medio

Se desconsiderarmos a Arena das Dunas, o Kleber Andrade tem o ingresso mais caro, mas são R$6,73 de diferença para a média geral e R$11,00 mais caro que Brasília. Infelizmente o estádio capixaba tem uma capacidade baixa, então é preciso sim compensar no ingresso, o que não pode é exagerar. Após ver esses dados eu entendo que não há um exagero. No Mané Garrincha, apesar da baixa ocupação, o lucro bruto foi de R$6.529.000 contra R$4.213.600 em Cariacica - R$2.315.400 de diferença na mesma quantidade de jogos (4). Esses números já são muito baixos para um clube do tamanho do Flamengo com um elenco tão caro.

Valor médio cobrado por ingresso de não-ST

nao-st-ingresso-medio

Valor médio cobrado por ingresso de ST

st-ingresso-medio

Vejam que para não-ST que paga inteira o ingresso de fato é muito caro, mas esse é um grupo menor. Nos dois casos o ingresso médio está muito próximo do valor médio da meia-entrada.

Conclusão

Após ver esses dados mudei de ideia. Antes iria dizer que o ingresso estava muito caro, mas agora acho que estão fazendo o certo. Seria ótimo conseguir manter um bom elenco cobrando R$20 no ingresso, mas não estamos em um mundo ideal, as coisas não funcionam assim. O momento ruim da economia prejudica muito, mas qual é o equilíbrio ideal? Essa balança sempre ficará instável.

No meio de todo esse estudo surgiu um questionamento: se (quase) todos pagam meia, ela de fato existe? Ao meu ver, não, mas não me incomodo com isso. Esse direito foi criado com um fim até nobre, mas e quando ele passa a ser dado a qualquer um? E se todos vão ter a mesma experiência, porque alguns tem que pagar o dobro?

 

(No final do ano posso fazer um novo estudo mais aprofundado, mas para isso preciso da ajuda de vocês. Se curtirem bastante esse post - deu trabalho pra fazer rs - e me ajudarem a encontrar os boletins financeiros dos jogos na Sul-Americana, faço a segunda parte.)

SRN!


Partilha