'Gazela Negra corre o tempo no olhar': Conheça Érica Lopes, lendária ex-atleta do Flamengo

23/07/2021, 12:28
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Talvez você não a reconheça pelo nome Érica Lopes. Mas certamente já ouviu sobre a Gazela Negra. Ela ficou famosa após ser uma das homenageadas no samba da Estácio de Sá durante o carnaval de 1995. À época, a escola homenageou o centenário do Flamengo. No entanto, a história da atleta vai muito além dos versos populares de “Uma vez Flamengo…”. Exatamente num momento olímpico, o Mundo Rubro Negro relembra a trajetória da estrela.

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O início avassalador

O maior nome do atletismo rubro-negro. É assim que o próprio site do Flamengo descreve Érica Lopes. Chamada de “Gazela Negra”, foi uma velocista que conquistou tudo nas provas de 100 e 200 metros nos anos 1960. O apelido surgiu nos Jogos da Primavera, promovido pelo Jornal dos Sports, do rubro-negro Mário Filho. E o domínio na modalidade no Rio de Janeiro foi absoluto.

Após se destacar por clubes no Rio Grande do Sul, Érica chegou ao Flamengo em 1960, aos 22 anos de idade. Logo se tornou um verdadeiro fenômeno no Rubro-Negro. A Gazela Negra foi responsável por conquista de vários Campeonatos Estaduais e títulos do Troféu Brasil de atletismo para o clube. Em entrevista à FlaTV, em 2013, ela comentou sobre a sua chegada:

“Fui campeã carioca desde que cheguei. A primeira coisa que eu quis saber quando cheguei aqui eram os recordes femininos que tinham, porque eu queria bater todos. E bati”, disse.

Verdadeira apaixonada pelo esporte, Érica chegou a competir no dia do enterro da sua irmã. Na mesma entrevista, ela relembrou a história:

“Eu comecei a tomar aquele amor, aquela paixão (pelo Flamengo), ao ponto de morrer a minha irmã, eu tinha que ir para Porto Alegre para o enterro. Mas no dia seguinte tinha um campeonato que Flamengo sonhava em ganhar, o Troféu Brasil. Deixei de ir ao enterro, estava triste, chorando e venci todas as provas, e o Flamengo foi campeão”, completou.

Das pistas do Flamengo à Coletivo: A Gazela Negra imparável

Érica Lopes, a Gazela Negra . Maior estrela do atletismo rubro-negros dos anos 60.

Imbatível nas provas de 100 e 200 metros rasos, Érica também ajudou a formar novos atletas. A Gazela Negra foi treinadora de 1974 a 1990. Em 2014, a lenda rubro-negra retornou ao Flamengo e doou suas sapatilhas e blocos de saída para o clube. Na ocasião, ela relembrou sua carreira:

“Ganhei do comitê internacional da Venezuela esses blocos de saída. Eram dos atletas olímpicos competindo em um sul-americano e eu fiquei de olho nos blocos deles. Então, guardei até hoje. Mas as sapatilhas eram de meu uso aqui no clube”, disse Érica, que corria lado a lado com os jogadores no gramado do estádio da Gávea.

Entretanto, a história da velocista não se limita às pistas de atletismo. O Coletivo Gazela Negra surgiu nas redes sociais para relembrar sua memória e de outros atletas negros do Flamengo. Pouco popular entre os torcedores do clube, o movimento explica a importância do resgate de sua história:

“É necessário refletir acerca das questões que fazem com que a Gazela Negra figure tão pouco no imaginário social do torcedor, frente aos nomes de outros destaques que deixaram sua marca no clube, não só no futebol. (…) É a partir dessa e outras demandas que nasce este Coletivo que humildemente traz em seu nome essa homenagem a Érica Lopes. O Coletivo Gazela Negra – um aquilombamento de pretas e pretos rubro-negros, autônomo e sem vínculos com qualquer outro grupo político“, diz o texto.

Érica Lopes, ou apenas Gazela Negra, segue correndo no olhar rubro-negro.


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Bruno Guedes
Autor

Jornalista e Historiador, é apaixonado por futebol bem jogado. Já atuou na Rádio Roquette Pinto e como colunista no Goal.com. Siga no Twitter: @EuBrguedes