Galvão Bueno cita racismo e se revolta com Bola de Ouro
O mundo do futebol segue remoendo e juntando os cacos da derrota do esporte. Vinícius Júnior não ter sido eleito melhor jogador do mundo passou uma mensagem clara da France Football e, principalmente, dos jornalistas europeus, que querem Vini Jr calado. Mas isso jamais acontecerá. O histórico narrador brasileiro Galvão Bueno, que é torcedor do Flamengo, deu seu parecer sobre a premiação.
Galvão lembra que dos 100 jornalistas, 42 são de países que fazem parte da Uefa. Com amplo domínio na votação, a decisão é totalmente eurocentrista, já que a escola eleitoral está longe de ser sul-americana. Além disso, Galvão Bueno lembra ainda sobre as ações de Vini Jr, que luta contra o racismo estrutural da Espanha diariamente e desafia as raízes espanholas.
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Portanto, é muito fácil imaginar as motivações de um jornalista para colocar Vini Jr bem abaixo do que deveria estar, como no caso do representante de El Salvador, que segundo El Chiringuito, mal colocou Vinícius no Top 10.
“40% dos votos vêm da Europa. Aí não é só uma questão de futebol, de quem joga mais bola. Tem cara de Europa essa premiação. Vários sul-americanos já ganharam. Mas aí tem outro fato: Vini Jr incomoda os caras. Nunca vi o Rodri participando de uma ação social mais contundente. Mas o Vini Jr, participa”, diz Galvão Bueno.
Galvão Bueno cita luta de Vini Jr contra o racismo na Espanha
O fato de Vini Jr não se calar diante de uma sociedade racista foi lembrado por Galvão Bueno, que o reconhece como símbolo da luta antirracista contemporânea.
“O Vini não aceita ofensas e o horror do racismo. Ele é a voz mais forte do mundo contra o racismo, esse crime horrível. O Vini Jr incomoda os caras pelo jeito dele, ele é um grande vencedor. Venceu no campo, venceu na vida. De repente, uma boa parte das torcidas se volta contra ele pela cor da pele. Coisa horrível”, diz Galvão.
O racismo travestido de análise chegou ao ponto dos europeus apontarem o fator comportamental de Vinícius Júnior como causador da derrota. Mas no final, todos sabemos a verdade por trás da escolha dos jornalistas na votação da revista France Football.
“Ele é o cara que vai, que responde, faz gesto, comemora, provoca. Tem que continuar provocando mesmo. Mas a vitória dele na vida, dessa vez, jogou contra. Muito mais prático, mais simples, escolher um europeu, espanhol, branco. Do que o Vini Jr, um preto, que tem orgulho de ser negro, da cor de sua pele, orgulho da capacidade que tem para ser o cara e para resolver as paradas. Vini, sempre firme e forte. Você é o cara”, finaliza.