Para alguns times o fundo do poço está nas zonas inferiores, mas pro Flamengo incaível o fundo do poço é diferente, um pouco disfarçado e, só se percebe que foi alcançado, quando já estamos com a lama na altura do queixo, imóveis e sem qualquer esperança que não seja aquele minúsculo ponto de luz pelo qual adentramos e é o único ponto de saída.
O time formado por Paulo Victor – Pará, César Martins, Éverton – Jonas, Márcio Araújo – Gabriel, Alan Patrick, Sheik – Guerrero tinha como única missão entrar em campo e honrar a camisa, prestigiar os torcedores de Brasília que foram ao estádio torcer por um time que já não briga por mais nada e apresenta-se pior a cada partida.
De início, era nítido que o Flamengo não tinha o volume de jogo que apresentou contra o Santos, pois ao contrário do outro alvinegro, a Ponte Preta não joga aberta, tem uma marcação encaixadinha e saía rápido pelos lados com três jogadores se apresentando na área.
Biro Biro foi o grande nome do 1° tempo jogando em cima de Pará, disparava pela lateral e cruzava para área com facilidade, por vezes também caía pro meio chamando César Martins pra dançar. Do lado do Flamengo Paulo Victor apareceu para fazer boas defesas, sendo o principal responsável pela ida ao intervalo sem que o Flamengo sofresse gols.
Já no ataque o Flamengo foi quase inominável, as jogadas se davam mais por arranque de Gabriel do que por troca de passes, ainda havia uma enorme dificuldade de se acertar o último passe, que quando chegava em Guerrero era quadrado e encontrava o jogador marcado. Lomba fez poucas defesas, decisivas numa finalização a queima roupa de Guerrero, mas por vezes facilitada pelo pior fundamento do time: a finalização.
Na ida para o 2° tempo até brinquei no twitter dizendo que Oswaldo voltaria com Ayrton na lateral direita e tirar Jonas para pôr Almir no meio e melhorar os setores do time. Minha zoeira bateu na trave com a entrada de Ayrton no lugar de Éverton – o que levou Pará para a esquerda – e Canteros no lugar de Jonas.
Por sorte a Ponte Preta voltou com a determinação de atacar pela esquerda, onde antes estava o improvisado Éverton, o que só mudou quando o 2° tempo teve a primeira parada mais longa e o foco de ataque voltou a ser a lateral direita. A saída de Jonas deixou o meio mais aberto e o time frágil a contra-ataques rápidos, mas a entrada de Canteros melhorou o volume de jogo no meio
O Flamengo começou com mais iniciativa, mas ainda cometendo erros infantis, vários passes gerando contra-ataques com a defesa exposta como os dados por Alan Patrick e Sheik. As finalizações certas diminuíram, mas em um lance de grande felicidade Guerrero deu um passe primoroso para Gabriel, que usou de habilidade para limpar o lance e bater pro gol abrindo o placar.
Guerrero, muito injustiçado, jogando em um time que trabalha mal a bola no ataque e prejudicado fisicamente, carrega uma culpa muito maior do que deveria, mesmo perdendo alguns gols. Gabriel, talvez o maior dos injustiçados, quase não recebeu oportunidades no ano e, na primeira sequência que teve, já é o melhor pelo 2° jogo consecutivo e merecia o gol.
O Flamengo ainda perdeu outros gols, o mais marcante foi no lance em que Ederson (que entrou após Sheik pedir pra sair) pressionou o lateral, que errou o recuo, dando a chance do Guerrero dividir o lance com Lomba, ficar com a bola e passar para Alan Patrick, que de frente pro gol e sem goleiro isolou.
Foi nessa dividida que Guerrero atingiu sem querer Lomba com o joelho, o que deixou o goleiro tonto, necessitando de tratamento por duas vezes, o que culminou na sua saída e, como a Ponte Preta já não podia mais substituir, Diego Oliveira assumiu as luvas e saiu do ataque pro gol.
Antes disso, o Flamengo que fez o gol aos 11 minutos do 2° tempo e perdeu dois gols claros na sequência, começou a ser agredido pela Ponte e a recuar até que em cobrança de escanteio, Diego – sim, o mesmo que depois foi pro gol – recebeu sozinho na área, dominou e chutou na saída de Paulo Victor.
O empate aos 32 minutos do 2° tempo poderia ser facilmente superado com um goleiro, zonzo, sem condições em campo, mas não houve um chute na direção do gol até a saída de Lomba aos 43 do 2° tempo. Houve ainda 8 minutos de jogo onde a Ponte Preta chegou com perigo mais vezes que o Flamengo, que tentou uma pressão no finzinho com um chute de Guerrero e outro de Canteros desviados, escanteios curtos - isso mesmo, escanteio curto com jogador de linha no gol-, terminando com a cobrança de falta de Ayrton, frontal e próxima da área, batida forte no centro do gol, facilitando para Diego defender e garantir o empate no último lance do jogo.
Durante os 90 minutos, o time abusou de erros, jogadores como Emerson Sheik e Alan Patrick omissos, pouco participativos e cometendo erros grotescos que só não culminaram em gols do adversário, porque os jogadores a exceção do Biro Biro eram muito fracos e erravam em retorno. A vontade de ganhar era vista em Gabriel, Guerrero e Ederson, os demais pareciam ter sacos de cimento nas pernas, erravam e saíam rindo, a displicência evidente em cada tentativa de toquinho com efeito.
E, o pior de tudo isso, é ver a reação da torcida que já não se surpreende, não se indigna, estão acostumados a ver o time sem raça em campo, muitos sequer fazem força para ver o jogo. Esse sentimento de impotência, essa falta de capacidade de se indignar é o fundo do poço rubro-negro. E o que vemos é que a chapa que está à frente nas pesquisas da eleição diz que esse time é a base, não haverá mudanças no comando, no conselho gestor, apontam que usarão de informações do centro de inteligência e vemos o diretor de futebol empenhado em renovar o contrato de jogadores como Pará, Márcio Araújo, Emerson Sheik e Alan Patrick que não têm a mínima condição de vestir o manto pelo que fazem em campo, por que nem merece ser citado o extracampo.
Saudações Rubro-Negras