O clássico carioca válido pelas quartas de finais da Copa Sul Americana não foi um grande jogo. Aliás, como vem se tornando rotina no futebol brasileiro. Com as equipes espelhadas taticamente em um 4-2-3-1, era normal se esperar que os duelos individuais decidissem a sorte do confronto. O Tricolor começou com mais posse de bola, contrariando as expectativas. Richard acompanhava Diego quase de forma individual. Contudo, nada acontecia no jogo. A partida tinha muitas faltas. Passes errados. Poucas finalizações. E nenhuma emoção.
Aos poucos o Flamengo acertou seu posicionamento defensivo. E começou a levar vantagem nos duelos por causa da superioridade técnica de seus jogadores. Aos 27, Arão começou a jogada e achou Diego. O meia tocou para Éverton Ribeiro. Este segurou até a passagem de Arão. Orejuela não acompanhou o volante. Ele bateu cruzado. Cavalieri fez o que pode e desviou o chute. Mas Éverton foi mais rápido do que a defesa e empurrou para as redes.
A partir daí, o Rubro-Negro foi superior. No entanto, a melhor oportunidade acabou sendo do Flu. Marcos Júnior fez ótimo passe por elevação nas costas de Juan. Henrique dourado bateu e Diego Alves fez grande defesa para salvar.
As equipes voltaram do intervalo sem alterações. Mas o Fluminense veio com outra postura. Pressionou e sufocou a saída de bola. Rondou a área do Fla, que se encolheu. Aos 10, Marlon cobrou lateral na área. Dourado bateu. A bola bateu em Juan e tocou no braço de Trauco. A sobra ficou com Marcos Júnior que acertou a trave.
Abel Braga sentiu a superioridade de seus comandados e fez o time ficar mais ofensivo. Sacou Orejuela e Marcos Júnior para as entradas de Wendell e Wellington Silva. Reinaldo Rueda, ao contrário, tirou Éverton, cansado e pôs Márcio Araújo. Rearrumou o time em um 4-3-2-1. Passou Éverton Ribeiro para a esquerda. E prendeu de vez Arão, Cuéllar, o melhor em campo, e o contestado camisa oito.
Abel leu bem o jogo. Viu que Marlon não tinha mais a quem marcar já que Éverton Ribeiro passara a jogar pelo outro lado. Por que não arriscar? Tirou Marlon e colocou Robinho, mais um atacante. Scarpa passou a ser o lateral esquerdo. Ao menos no papel. Na prática, foi quase um ponta. O Tricolor pressionou até o fim, quando Wellington Silva teve um chute que poderia entrar bloqueado por Rhodolfo.
No fim das contas, ganhou quem tem mais qualidade. Uma vitória importante. Ainda mais se levarmos em conta que o Flamengo hoje jogou como visitante (?) e marcou o famigerado gol qualificado. É favorito para levar a vaga na semana que vem no mesmo Maracanã (dessa vez atuando como mandante). E também pelo retrospecto altamente favorável nessa temporada diante do adversário. No entanto, pelo que produziu o Fluminense, especialmente no segundo tempo, a vaga ainda está em aberto. Tem tudo para ser um grande jogo. Ou pelo menos bem melhor do que o de hoje.
Veja a análise de Gustavo Roman em vídeo:
https://m.youtube.com/watch?v=4iDZbLH25qA
Gustavo Roman é jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros "No campo e na moral – Flamengo campeão brasileiro de 1987", "Sarriá 82 – O que faltou ao futebol-arte?" e "150 Curiosidades das Copas do Mundo". Também escreve para o Blog do Mauro Beting.