A torcida lutou pela liberdade do Fla com sentimento de pertencimento. O engajamento contra o Boavista foi incrível; seria importante manter
Bruno De Laurentis – Twitter: @b_delaurentis| Blog Deixou Chegar – MRN Blogs
Há alguns anos escrevi que o grande diferencial do nosso programa de sócio-torcedor seria ter um pacote de transmissão embutido. Um sócio-torcedor digital! Nossa torcida carece de ambiente rubro-negro para acompanhar seus jogos, sem Luis Carlos Junior, Cléber Machado ou Luis Roberto no microfone. Uma opção personalité. O off-Rio hoje não tem muita vantagem ao se tornar sócio-torcedor do clube.
Já a Rede Globo optou por transmitir poucos jogos do Flamengo na TV aberta e fechada ano passado, obrigando o rubro-negro a assinar o Pay per View (foram 369 mil ou 18,8% do total). Esse número de assinantes do PPV que puderam assistir TODOS os jogos do Fla corresponde a 0,9% de toda a nossa torcida. Isso estava longe de ser democrático. O acesso à TV fechada e a pacotes pay per view é altamente elitizado ainda.
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Transmitir pela internet é muito mais livre. Diante desse cenário, o off-Rio, que não tem chance de ver o Fla jogando em casa com regularidade, que dependendo de sua praça não recebe o Flamengo com a mínima frequência, acaba optando por assinar o PPV, que também remunera o Flamengo, apesar do bolo maior ficar com a emissora.
Bem, se o Sócio-Torcedor do Flamengo contemplar o ST Digital, em que os jogos do clube são transmitidos pela FlaTV, imagine o boom de assinantes do programa? Afinal, o PPV da Globo vende jogos à la carte por mais de 100 reais e mensalidades de 79,90 a 109,90, fora a assinatura da TV por assinatura. Já o ST rubro-negro tem planos de R$ 34,90 a R$ 294,90, e certamente o de 35 pilas democratizaria o acesso aos jogos do Flamengo.
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Nem todo brasileiro tem acesso a cartão de crédito. Bem, o programa pode contar com cartões pré-pagos físicos e digitais e boletos. Pode inclusive vender à la carte, como nessa partida do fim de semana. Certamente isso seria mais democrático que apenas o PPV com os jogos.
Aí entra a MP 894: o Flamengo só teria 19 dos 38 jogos do Brasileiro para passar no seu ST Digital da FlaTV. Como resolver? O clube pode negociar parte dos direitos de quando for visitante, pode liberar seus direitos de mandante pro clube contra quem jogar em troca do mesmo direito (é mais jogo para o Bragantino ter dois jogos do Flamengo que apenas um pra passar), há inúmeras maneiras de trabalhar isso. O patamar acima do “outro patamar” passa direto por isso: ter o controle da exibição de seus jogos dentro de seu próprio canal.
Isso não impede o clube de negociá-los com o PFC/PPV, por exemplo. Assim ganha mais dinheiro e o torcedor ganha em opções: democratização. Fora que tendo controle da transmissão, o clube pode aumentar suas cotas de patrocínio vendendo exposição e abrindo para novas cotas publicitárias apenas para esse modal.
Dito isso, o momento foi péssimo. Eu, De Laurentis, não teria escolhido cobrar agora.
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Faltam apenas 2 jogos. A torcida lutou pela liberdade do Fla com um sentimento de pertencimento. O engajamento no jogo contra o Boavista foi incrível. Muitos jornalistas associaram-nos à milícias, tamanho esforço coletivo de embate com quem defendia outros interesses que não os do clube. E sim, o rubro-negro quer defender interesse do Flamengo. Temos 1987 motivos pra pensar no bem do clube.
Manter os torcedores engajados nessa causa seria importante.
Quanto ao app, desconhecia até quarta passada. MyCujoo… espero que suporte a demanda como o Youtube o fez. Por não ser uma final, não deve ter sequer o mesmo número de espectadores da final da Recopa Sul-Americana no DAZN. Até porquê o DAZN permitia um período gratuito de testes e muitos rubro-negros (como eu) inscreveram-se em cima por isso.
A diretoria é quem sabe. Mas achei bola fora.
*Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Divulgação / MyCujoo