Primeiro, é preciso reconhecer que o Flamengo, utilizando a terminologia popularizada pela cantora Ivete Sangalo durante o último carnaval, “macetou” a equipe do Fluminense no jogo deste sábado.
A superioridade técnica foi indiscutível, a superioridade tática foi ameaçada durante, no máximo, cerca de dez minutos, e a equipe de Tite apresentou o maior volume de jogo e o maior domínio já visto durante qualquer um dos clássicos realizados neste ano de 2024.
Defensivamente a equipe foi muito pouco ou quase nada ameaçada, com uma marcação sob pressão que conseguiu encaixotar a saída de bola adversária e obrigar o time rival a escolher entre uma saída trabalhada que resultaria em perda de posse de bola ou uma bicuda pra frente que também resultaria em perda de posse de bola.
➕Tite define Flamengo na vitória sobre o Fluminense: ‘Domínio inconteste!’
Ofensivamente, Arrascaeta sobrou em campo, De La Cruz demonstrou grande intensidade e Cebolinha mais uma vez esteve arisco, com um Flamengo que criava oportunidades pelas pontas mas também dominava o meio através de infiltrações, deixando confuso o já um tanto quanto idoso e propenso a esquecimentos time do Fluminense.
Daí os dois gols. Um no cruzamento de Pulgar que encontrou Cebolinha sozinho para abrir o placar no primeiro tempo, e o outro de Pedro, numa bola quase colocada com as mãos por Arrasca, que definiu o resultado no segundo tempo.
Uma vitória segura, uma vitória tranquila, mas uma vitória que, numericamente, não traduz o que foi a partida. Porque se você viu o jogo, se você assistiu aos mais de 90 minutos de duração do Fla-Flu desse final de semana, você sabe: ficou muito barato.
Foram oportunidades de frente para o gol desperdiçadas, tanto por Pedro e Cebolinha quanto por de la Cruz. Foram diversas bolas atiradas praticamente contra o peito de Fábio, um goleiro que a essa altura já está mais preocupado com a reforma da previdência do que com o rebote na pequena área.
Foram várias jogadas em que o Flamengo poderia tranquilamente ter garantido um placar mais dilatado ou quem sabe até mesmo uma goleada histórica, mas por precipitação ou falta de treinamento acabou tendo que se contentar apenas com a vitória por dois gols de vantagem.
Não que seja pouco para um clássico. O time de Tite basicamente dominou, sem chance para discussão, a atual equipe campeã da Libertadores – mostrando o quanto as ideias do professor Adenor estão rendendo frutos dentro de campo.
Mas ao mesmo tempo, é clara a sensação de que não apenas o adversário deste sábado não jogou lá todo esse futebol que se esperava, como de que oportunidades como as desperdiçadas nesta partida, se não fizerem falta já no jogo de semana que vem, podem fazer falta em jogos mais importantes, contra times mais qualificados.
Porque foi sim uma grande vitória e existem sim motivos para comemorar esse 2×0 pela primeira partida das semifinais do Carioca. Mas com certeza, se o placar tivesse sido, por exemplo, 4×0, os motivos para comemoração seriam ainda maiores.