Flamengo volta a pressionar governo por concessão do Maracanã
Enquanto uma comissão nomeada pela Secretaria de Casa Civil analisa se os consórcios CSM/GL Events/Amsterdam Arenas e Lagardère/BWA reúnem as condições técnicas e financeiras para assumirem a concessão do Maracanã e notas na imprensa dão conta de que o governo Pezão teria decidido dar sinal verde aos dois grupos e deixar a decisão na mão da Odebrecht, o Flamengo voltou a publicar uma nota em seu site defendendo a realização de uma nova licitação, da qual o clube possa participar, e reafirmando que não jogará no estádio caso ele seja cedido à Lagardère/BWA.
"O Flamengo reitera que não jogará no Maracanã caso o estádio venha a ser gerido por entidades hostis ao clube e incompatíveis com nossos princípios. Como informado anteriormente, o Flamengo acredita que uma nova licitação é o melhor caminho para a gestão do Maracanã, embora admita a hipótese de firmar uma parceria com os novos concessionários no caso de transferência, caso a negociação se dê com empresas idôneas e num processo transparente e republicano. Caso estes aspectos fundamentais não sejam atendidos, o Flamengo não jogará no Maracanã. A partir de 2017, teremos à disposição o estádio em parceria com a Portuguesa da Ilha e todas as arenas Brasil afora que tão bem têm nos recebido. Lá poderemos mandar as nossas partidas em todas as competições, até que consigamos uma solução definitiva no Rio de Janeiro à altura da grandeza do clube e de sua torcida. Nossa torcida, inegavelmente o nosso maior patrimônio, certamente estará do nosso lado, consciente de que eventuais sacrifícios poderão ser necessários para que ela e o Flamengo voltem a ser respeitados", diz a nota.
O Flamengo lista uma série de problemas nas arenas controladas pela Lagardère no Brasil - o Castelão, em Fortaleza, e o Independência, em Belo Horizonte.
"Ao contrário do que a empresa francesa Lagardère diz, a Arena Castelão e a Arena Independência, locais administrados pela LU Arenas, apresentam uma série de problemas. Além de críticas pelo mau estado de conservação, a sócia BWA é acusada pelo América-MG de não repassar há 10 meses o percentual ao clube e ao Governo de Minas Gerais das receitas do estádio. Em 2014, o Governo do Estado do Ceará suspendeu a concessão devido "à existência de deficiências graves na organização da Concessionária Arena Castelão Operadora de Estádio S.A., afetando o regular desenvolvimento das atividades abrangidas pela Concessão, e causando inclusive risco à segurança de pessoas e bens", afirma o comunicado.
O Flamengo diz já ter sido procurado pela Lagardère e explica porque não há possibilidade de negociação com o consórcio com a BWA:
"Assim que iniciaram as especulações sobre o destino do Maracanã, a Lagardère procurou o Flamengo para negociar uma possível parceria. No entanto, ao perceber que o Flamengo fazia questão de ter controle sobre as arrecadações dos jogos de futebol e sobre seu programa de sócio torcedor, iniciou tratativas paralelas totalmente à nossa revelia, com o objetivo de assumir a concessão do estádio e de forçar a contratação do Flamengo, certamente em condições lesivas aos nossos interesses. Hoje exemplo de transparência e de credibilidade reconhecido por todos, o Flamengo se recusa a firmar um compromisso de longo prazo com entidades que no passado e em tratativas recentes não apresentaram comportamento compatível com os princípios e valores adotados pelo clube".
Além das críticas ao consórcio liderado pela empresa francesa, o Flamengo também volta a apontar a falta de transparência do governo no processo e a falta de respeito às condições impostas pelo edital de 2013, que regula a concessão.
"No edital de concessão entre Governo e Odebrecht ainda válido, está claro que o concessionário precisa ter contrato assinado com dois clubes para ser válido. Neste momento, apenas o Fluminense Football Club detém contrato de longo prazo, já que o vínculo com o Flamengo encerra-se no dia 31 deste mês. É válido destacar também que a Lagardère e a BWA não possuem capacidade de cumprir o item do edital que trata do capital mínimo exigido do concessionário. Até o momento não foi apresentado o estudo da Fundação Getúlio Vargas encomendado pelo Governo do Estado sobre o esperado reequilíbrio financeiro após a decisão de impedir as obras no entorno do complexo. Neste cenário de indefinição não há como tornar o processo transparente, mostrando qual a contrapartida que deverá ser oferecida ao Estado e, consequentemente, ao contribuinte", diz o texto.
A decisão oficial da comissão sobre o destino do Maracanã deve sair até o fim deste mês.