Flamengo propõe cartilha de etiqueta para aparência de funcionários do Maracanã

11/06/2024, 11:58
Plano do Flamengo para Maracanã inclui regras para cabelo, barba, unhas e limita uso de perfume, maquiagem e acessórios por funcionários; Consórcio de Flamengo e Fluminense foi notificado pelo MPT-RJ por cartilha de etiqueta

Em meio às centenas de páginas de seu plano técnico para a gestão do Maracanã pelos próximos 20 anos, o Flamengo, líder do consórcio Fla-Flu incluiu uma cartilha para a aparência dos seus funcionários com normas bastante específicas. A cartilha foi reciclada da norma proposta pela Odebrecht ao vencer outra licitação para a administração do estádio, em 2013.

O Consórcio Fla-Flu foi declarado oficialmente vencedor da licitação na semana passada e tem 60 dias para constituir a empresa que será controlada pelo Flamengo, com 65% da participação, e assinar o contrato com o Maracanã.

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A cartilha com as normas de “etiqueta profissional” está incluída no “Plano Operacional para Dias de Jogos ou Outros Eventos”, uma parte da proposta técnica que ajudou o Flamengo a derrotar outros dois consórcios na licitação. Ela não fazia parte das exigências do edital e foi incluída espontaneamente pelo Flamengo, que assina os documentos da proposta como empresa-líder do consórcio.

“Como forma de manter o mais alto grau de padrão de serviços, a etiqueta profissional terá um papel importante nesse processo. O funcionário tem apenas uma única oportunidade para causar uma boa impressão ao torcedor ou visitante do Complexo. Assim sendo, a aparência se torna parte essencial para a criação de uma experiência inesquecível”, diz a introdução às normas.

Segundo o plano, “a etiqueta profissional deve ser seguida a todo momento, sem exceções, por todos os funcionários, consistentemente e com padrão de excelência” e “não se restringe ao cabelo, barba e unhas, mas sim na apresentação como um todo do funcionário”.

Reprodução de trecho da cartilha de normas para os funcionários do Consórcio Fla-Flu, que administra o Maracanã
Imagem: Reprodução

Na sequência, as regras começam com definições sobre o uso do uniforme, mas em seguida entram na aparência pessoal dos funcionários do Maracanã, começando justamente pelos citados cabelo, barba e unhas.

Em relação ao cabelo, por exemplo, a cartilha define que “para mulheres, cabelos mais compridos que os ombros devem ser mantidos presos em coque, trançado, ou em rabo de cavalo” e “para homens, corte profissional que não estenda cabelos na nuca ou cubra as orelhas”.

“Qualquer corte extremo, desenhos e aplicação de tinturas excêntricas não são permitidos. A discrição deverá ser mantida no local de trabalho”, diz o texto.

A cartilha também disciplina o uso de pelos faciais. “Uma barba feita será essencial. No entanto, barba, bigode e costeletas serão aceitos se aparadas uniformemente”.

Sobre a unhas, o texto determina que os homens deverão sempre “manter as unhas limpas e aparadas”. Já as mulheres devem manter as unhas limpas e, “se pintadas, em boas condições e com discrição”.

A cartilha regula ainda o uso de maquiagem (“permitido devendo ser discreta e natural”), tatuagem e piercing (não permitidos se forem visíveis) e acessórios (“brincos, colares e anéis são permitidos desde que pequenos e discretos”.)

Reprodução de outro trecho da cartilha de normas para os funcionários do Consórcio Fla-Flu, que administra o Maracanã
Imagem: Reprodução

A norma mais bizarra, talvez, diga respeito à higiene. “O uso de desodorante será essencial. O uso de perfume será permitido, porém a essência deverá ser discreta”, diz o texto, sem esclarecer como será fiscalizado esse item.

A cartilha diz que a não aderência às regras “acarretará ações disciplinares a partir da avaliação caso a caso do supervisor e/ou gerente” e que “exceções serão feitas mediante atestado médico”.

As normas foram originalmente elaboradas pelo consórcio liderado pela Odebrecht, que ganhou a concessão do Maracanã por 35 anos em 2013 mas teve o contrato rescindido em 2019 e foi substituído por Flamengo e Fluminense. Na ocasião, a empresa argumentou que “o Maracanã recebe pessoas de diferentes países, com manifestações culturais e religiões variadas” e que “a preocupação da concessionária é justamente não provocar nenhum desconforto em públicos mais sensíveis”.


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