Flamengo precisa evoluir para continuar na Copinha

15/01/2016, 12:59

O Red Bull havia sido não só o primeiro, como o adversário mais difícil da competição e, de lá para cá, Zé Ricardo pôde testar algumas formações táticas e jogadores, o que imaginava-se ter feito o Flamengo evoluir a ponto de bater o Red Bull Brasil sem tantas dificuldades e se classificar para a próxima fase, mas não foi o que vimos ontem.

O jogo mais fluído, onde o Flamengo mais conseguiu criar ofensivamente, foi contra o Palmeira com Sávio e Paquetá por dentro na linha de 4 central, o que dificultou a marcação do adversário e potencializou as valências do Flamengo. Entretanto Sávio e Paquetá foram formados como meias mais ofensivos, ainda não possuem a devida pegada na marcação e, por isso, Zé Ricardo acaba optando por deixar Sávio mal posicionado como meia aberto (praticamente um ponta) e colocar mais um volante no meio para agregar mais marcação.

O objetivo da base precisa ser formar jogadores para o profissional e não ganhar competições, assim mesmo sendo mais arriscado insistiria com Sávio e Paquetá por dentro, deixando-os com pressão de marcar, sabendo que oscilariam dentro do jogo e, nos treinos, faria um trabalho pesado de marcação com eles e Ronaldo, que também precisa melhorar na roubada de bola. Entendam, não dá para treinar primeiro e colocar em prática depois, pois o sub-20 está sempre competindo em alguma coisa e você não treina uma formação durante a semana e usa outra no jogo.

Dito isto, vamos a escalação de ontem e como ela afetou o jogo do Flamengo dentro da evolução que podemos ver durante a competição.

Thiago - Thiago Ennes, Léo Duarte, Denner, Arthur - Ronaldo - Kleber, Trindade, Paquetá, Cafu -Felipe Vizeu

De cara vemos que Sávio começou no banco por opção do treinador, que colocou Kleber, lateral que está vindo do juvenil, mas que atua bem como ponta. Apesar de ser baixo, tem velocidade e não é tão frágil, tem habilidade para chegar a linha de fundo e cruzar, mas não tem instinto de atacante e não aparece muito na área.

https://youtu.be/U0xKvd__jjo

No meio vemos novamente Trindade, volante mediano que consegue ser bem regular em todas as suas participações, mas entre os problemas que possui destaco a péssima dinâmica em campo, não volta para ajudar Ronaldo na saída de bola e cria pouco, erra muitos passes perto da área quando é necessário um pouco mais de técnica, visão de jogo e timing.

Com esses dois jogadores em campo podemos ver um Felipe Vizeu um pouco mais isolado com os pontas Cafu e Kleber não se aproximando tanto do centroavante, nem entrando muito na área, apesar do Cafu ainda ser bem mais ofensivo que Kleber. Além disso, Paquetá foi “elevado” a armador do time e passou a receber muitas bolas de costas pro gol, o que não é a dele, então acabava perdendo lances por não conseguir girar e não ter em Trindade alguém com quem pudesse tabelar para facilitar esse movimento.

Sem alguém para encostar na linha de defensores e facilitar a saída de bola diante da marcação adiantada e sob pressão do Red Bull, o chutão era a principal forma de saída de jogo do Flamengo, Ronaldo inclusive lembrou muito Canteros com uma série de lançamentos e passes longos errados, pois assim como o argentino não tinha opções simples de passe, os companheiros não se deslocavam pra sair da marcação obrigando-o a arriscar passes mais complexos e longos, o que potencializa as chances de erro.

Somemos todos esses problemas com um gramado pesado pela chuva forte que caía desde antes da partida começar, o que dificultava a maior arma dos dois times: contra-ataques muito rápidos. Apesar de não haver grandes poças em campo, a condução de bola era difícil e exigia mais passes curtos e movimentação, algo que nenhum dos times soube fazer no 1° tempo deixando o jogo muito truncado no meio, um tanto faltoso e sem chances muito claras de gol.

Os destaques do 1° tempo também foram sintomáticos da partida ruim que o Flamengo fazia: Thiago, que havia feito algumas boas defesas, Léo Duarte bem na cobertura dos volantes nos contra-ataque, além de Thiago Ennes mais uma vez sendo muito consistente na defesa e no apoio, inclusive foi elogiado algumas vezes durante a transmissão.

No 2° tempo os dois times estavam mais cansados, havia mais espaço na marcação e podemos ver o jogo fluir mais em ambos os times. Thiago novamente apareceu fazendo defesas importantes, no meio Paquetá teve mais espaço para criar e se mover, Vizeu começou a aparecer mais em campo e Zé Ricardo percebeu o bom momento para mexer no time.

Mal o treinador havia tirado Trindade para pôr Sávio, Ronaldo lançou primorosamente Cafu, que fez bela jogada e cruzou na medida para Sávio completar pro gol dentro da pequena área. A vantagem no placar inicialmente gerou um bom momento de volume de jogo e busca da ampliação da vantagem, mas logo a vontade e determinação do Red Bull fez o time recuar e se manter entrincheirado, esperando chances de contra-ataque.

O lado mais forte do Red Bull era em cima da esquerda do Flamengo, onde Cafu –sempre acima do peso – não conseguia acompanhar o lateral ou ajudar na marcação e ainda havia o improvisado Arthur, volante de origem, como lateral esquerdo. Toda hora que o Red Bull recuperava a bola jogavam na nossa esquerda e um dos adversários sempre chegava a linha de fundo para cruzar passando com facilidade por Arthur.

Zé Ricardo então trocou Cafu de lado, tirou Kleber e colocou Patrick, que é um bom ponteiro, mas que pouco ajudaria na marcação. Naquele momento seria mais interessante colocar o lateral Michel que é muito veloz, apoia muito bem na frente e ajudaria Arthur dobrando a marcação no setor.

O Flamengo não conseguia sair bem com a bola e encaixar bons contra-ataques ou manter a posse no meio do campo pesado, a postura muito conservadora de não querer sofrer gol para passar de fase deixando que da metade para o fim do 2° tempo víssemos um ataque contra defesa muito ruim. Zé Ricardo, reforçando até esse pensamento dos meninos colocou Lincoln, zagueiro de origem, no lugar de Paquetá no meio para fechar ainda mais o meio campo e segurar o magro 1 a 0.

A classificação nos fez passar de fase com a 2ª melhor campanha da competição, o que pode facilitar a passagem para a próxima fase mesmo em caso de derrota pelo regulamento prever que o time de melhor campanha eliminado avance para completar os 8 classificados. O próximo adversário é o Bahia e, dali para frente, os adversários sobem muito seu grau de dificuldade, então é fundamental que Zé Ricardo perceba os problemas que estão impedindo o time de continuar evoluindo no jogo coletivo, o que limita o rendimento individual até de bons jogadores como o Ronaldo.

Saudações Rubro-Negras


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