O Flamengo melhorou muito (mas está longe de ter melhorado o bastante)

12/11/2023, 14:19
Tite, técnico do Flamengo, observa antes do duelo entre Flamengo e Fluminense no Brasileirão, pelo segundo turno do Brasileirão 2023

Por mais traumático e desagradável que seja ficar lembrando certas coisas, qualquer análise da atual situação do Flamengo precisa levar em consideração o cenário em que esse mesmo time se encontrava cerca de um mês atrás.

Após passar pelas mãos de dois dos piores treinadores que já pisaram na Gávea – e olha que já tivemos de Silas até Ney Franco – a equipe rubro-negra era composta por um bando de lutadores de MMA amador que, periodicamente, entravam em campo para correr sem rumo e depender do talento individual para marcar algum gol. Não havia padrão tático, não havia organização, não havia perspectiva de melhora. 

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Todas as taças disputadas foram perdidas, todos os sonhos foram abandonados, se classificar para a Libertadores era ao mesmo tempo obrigação e a única meta possível.

Foi aí que chegou o Sr. Adenor. Sob profunda desconfiança de boa parte da torcida, Tite recebeu um Flamengo num estado tão lastimável que falar em “terra arrasada” seria até elogio, já que a situação era mais de “terra não só arrasada como parece que esconderam algumas minas terrestres”.

Tite encontrou um time que não conseguia atacar, que não sabia defender, onde quem estava em boa fase técnica tinha situação física miserável e quem parecia fisicamente bem usava essa condição pra tomar decisões imbecis com muita intensidade.

Filipe Luís, do Flamengo tenta passar por Samuel Xavier, do Fluminense. Jogador falhou no gol do Fluminense. O jogo, válido pela 33ª rodada do Brasileirão, terminou emapatado em 1 a 1.
Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

E não dá pra dizer que Tite consertou o Flamengo

Como ficou claro no gol absurdo sofrido no empate em 1×1 deste sábado, diante do Fluminense, em que Filipe Luis perdeu pelo alto e Matheuzinho acreditou que o atacante tricolor era uma série ruim da Netflix que ele não precisava acompanhar, a equipe rubro-negra ainda tem muitas pendências a resolver no Serasa do futebol competitivo.

Mais uma vez tivemos uma queda brutal de rendimento entre o primeiro e o segundo tempo, novamente nos vimos sem grandes opções no banco para mudar o rumo da partida, se repetindo o ciclo de um Flamengo que abre o placar mas não tem a firmeza e a constância necessárias para confirmar o resultado, uma história que já aconteceu bem mais vezes do que o aceitável nessa temporada.

Então sim, o empate diante do Fluminense, numa partida em que a vitória nos colocaria de volta na briga pelo título brasileiro é extremamente frustrante, ainda mais diante do que foi a partida, do quão patético foi o gol sofrido e do quanto sabemos que esse time pode jogar, ainda mais depois da vitória contundente diante do Palmeiras.

Mas ao mesmo tempo é preciso lembrar que até mesmo a possibilidade de começar essa rodada sonhando com título brasileiro – e com a vaga na Libertadores relativamente encaminhada – é muito fruto dos primeiros passos do trabalho de Tite. 

Porque obviamente ainda temos muito a melhorar. Ofensivamente, defensivamente, psicologicamente, em termos de elenco e reforços. Mas com Tite a sensação é de, ao contrário do que vimos com outros treinadores nessa temporada, a melhora não apenas é possível como parece até mesmo provável. 2023 já pode ter ido pro ralo, mas ao menos é bom conseguir ter alguma boa expectativa pro ano que vem.