E finalmente o Flamengo jogou como Flamengo nessa Libertadores

16/05/2024, 12:11
Cebolinha comemora gol contra Bolívar

No papel tudo parece muito fácil. Você tem o time de maior torcida do continente e por isso tem o maior potencial de arrecadação. Você então arrecada mais que todos os outros clubes, e tendo mais dinheiro você contrata os jogadores mais caros. Pela lógica de que quanto mais caro, melhor o jogador, você tem então o melhor time do continente. E tendo você o melhor time do continente, a expectativa é que você seja, até com uma certa facilidade, capaz de ganhar de todos esses outros times que dividem o continente com você.

Mas a verdade é que, na prática, a teoria é outra. Não adianta ter mais dinheiro se você não sabe usar, não adianta ter o elenco mais caro se ele não é necessariamente o melhor, e mesmo tendo o melhor elenco, isso não vai te servir de nada se você não souber fazê-lo jogar. E o Flamengo, na Libertadores 2024, vinha sendo um excelente exemplo de como não existe situação tão boa que não possa ser piorada, não existe solução que não possa virar problema, não existe limonada dada pela vida que não seja passível de transformar num limão e espremer no próprio olho.

Landim quer transformar o Flamengo num vilão de desenho animado

Foram empates em jogos que pareciam ganhos, foram derrotas diante de adversários tecnicamente inferiores, foi um esforço impressionante para buscar a eliminação num grupo em que adversários, na época do sorteio, lamentaram ter que nos enfrentar. Com 4 pontos em 3 jogos e a 3ª colocação nessa primeira fase, o Flamengo parecia decidido a provar que todo grupo pode ser o grupo da morte, se você quiser muito morrer.

Até que nessa noite de quarta-feira, algo de mágico, sublime e inesperado aconteceu. O Flamengo, que tem a equipe mais forte de sua chave, agiu como se realmente tivesse a equipe mais forte de sua chave. O Flamengo, que era o favorito e poderia golear qualquer um dos times do seu grupo, goleou um dos times do seu grupo. O Flamengo, que tinha qualidade técnica para dominar quase todo adversário da América do Sul, decidiu atuar de maneira dominante contra um adversário da América do Sul.

Jogadores do Flamengo, Gerson, Arrascaeta e Ayrton Lucas, comemoram gol de Everton Cebolinha abraçando o jogador
Pablo Porciuncula / AFP via Getty Images

O resultado? Um verdadeiro atropelamento realizado contra o Bolívar, líder da nossa chave, numa partida em que não apenas o Flamengo foi imensamente superior quanto o 4×0 chega até a ser pouco, diante do volume de chances criadas pela equipe rubro-negra e pelo abismo técnico existente entre os dois times.

E a fórmula mágica para essa atuação? Como aconteceu na vitória diante do Corinthians, foi preciso apenas que os jogadores atuassem dentro das suas capacidades e que o técnico Tite os escalasse em suas posições. De la Cruz foi o motor que a equipe precisava, Gérson dominou o meio de campo, Cebolinha destruiu pelas pontas e Varela, mais uma vez, mostrou ser incapaz de cruzar uma bola, mas isso nenhum de nós imaginou que iria mudar mesmo.

Atuando como Flamengo, com pressão, intensidade e imensa qualidade técnica, o Flamengo construiu uma goleada que o coloca a apenas uma vitória simples da classificação para a próxima fase da Libertadores. Uma classificação que está sim acontecendo de maneira bem mais complicada do que seria necessário, mas que traz esperança graças a jogos como o desse meio de semana. 

Porque sim, o futebol é imprevisível e claro, o que parece ótimo no papel não vai necessariamente funcionar da mesma maneira no mundo real. Mas se o Flamengo tem toda a teoria ao seu lado, não custa nada seguir transformando todo esse favoritismo teórico numa grande realidade de vitórias para a torcida rubro-negra.


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