Técnico que comanda Fla no Carioca, Mário Jorge cita diferença crucial da base para o profissional

11/01/2024, 09:33
Mário Jorge comemorou retorno de promessas que disputaram a copinha e o Campeonato Carioca, ao Sub-20 do Flamengo

No Carioca, o técnico Mário Jorge vai comandar o Flamengo nos jogos de janeiro. Os profissionais fazem apenas a estreia, no dia 17. Mas depois, embarcam para pré-temporada nos EUA e os garotos da base fazem as partidas do Estadual sob o comando do treinador Sub-20. A experiência de Mário é boa, e o técnico já assumiu interinamente em outras oportunidades.

Com tanta experiência, o técnico do Sub-20 pode falar bem sobre essas ocasiões para os treinadores inferiores que assumem o profissional de repente. Mais do que isso, tem muito a falar sobre as categorias de base. Em participação no ‘De Papo Podcast’, Mário Jorge comentou algumas situações.

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Perguntado sobre o ‘resultadismo’ e se isso também afeta a base, Mário Jorge negou. No profissional, uma sequência ruim pode custar o emprego do técnico. Mas na base a situação funciona de outra forma.

“Não vejo dessa forma, não. Os clubes hoje têm um nível de investimento alto. A ponto de terem pessoas capacitadas para identificar se o trabalho está sendo desenvolvido ou não. Não é só resultado que vai pautar se esse cara tem competência ou não. Tem critérios para escolha dos profissionais. Uma série de fatores que esses caras que ficam no entorno tomam conta a ponto de não ter só o resultado como balizador. Não vejo dessa forma. O resultado balizador para a sequência do profissional ou não”, inicia Mário Jorge.

Mário explica que mesmo vencendo, inclusive, os técnicos podem ser demitidos.

“Mas o resultado em si pode mascarar muitas coisas. Já aconteceu de treinadores serem campeões invictos e serem liberados no final da temporada. Já aconteceu com companheiros. Pessoas que trabalharam comigo. Ganhou tudo e foi liberado. Porque de repente o clube identificou que o processo formativo não estava sendo bem desenvolvido. O que eu vejo hoje é que não tem um balizamento sobre resultado não”, explica.

Mário Jorge diz que o aumento do interesse da torcida na base pode atrapalhar

Antigamente, poucos torcedores acompanhavam as categorias de base. Algumas partidas aconteciam como pré-eliminar no Maracanã antes de jogos do profissional. Hoje, a popularização de algumas competições de base facilitaram a transmissão da televisão e diversos jogos são transmitidos para milhares de torcedores.

“Eu acho que o exagero disso pode atrapalhar. Porque o próprio treinador se sente acuado e tenta fazer alguma coisa para fazer vencer. Isso pode atrapalhar esse processo formativo dos atletas. O clube tem uma linha, quero formar atletas para essa prateleira. Se um cara que eu vou contratar não atende esses requisitos, não tem o porquê de contratar”, comenta Mário Jorge.

Outro ponto interessante ligado a primeira fala foi sobre formar jogadores ou vencer jogos. Mário Jorge deixa claro que é possível conseguir ambos: “Formar ou vencer. Você pode fazer os dois. Pode formar na quinta e na sexta e vencer no sábado”, diz.

Ainda sobre a troca de técnicos por conta do resultado, Mário volta a contar: “Não tem acontecido dessa forma. Tem tido mais critério para fazer a trocar. Mas nos últimos dois anos trocou muito treinador, mas porque estavam subindo para uma categoria superior. O resultado não é balizador para o cara ser demitido. Não tenho visto mais isso”, explica.

Mário Jorge analisa dificuldades como interino

O técnico do Flamengo diz que é muito mais difícil para os interinos assumirem os times profissionais. Isso porque os treinadores são chamados para tapar buraco. O cenário é sempre caótico, com um treinador demitido por resultados ruins e má fase da equipe. A tarefa é ingrata.

“Fica muito pautado só naquilo que você conseguiu produzir no jogo. Essa sequência é o mais complicado para a gente que assume interinamente. Porque a gente vai sempre assumir pós uma terra arrasada. Dificilmente vai acontecer de alguém assumir com o time na liderança igual foi no Botafogo. Isso é muito difícil de acontecer. Geralmente assume interinamente após uma demissão, um insucesso”, diz Mário Jorge, antes de lembrar da última vez que assumiu após a demissão de Sampaoli:

“Depois da Copa do Brasil, você chega sempre depois de uma derrota. Não tem como mensurar isso, se o ambiente está ruim. Não tem essa facilidade para fazer esse diagnóstico. Mas a gente tenta criar um ambiente saudável”, encerra


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