Lá pelos idos de 1972, Stevie Wonder, um dos maiores gênios da música mundial, profetizou sobre a superstição e seus efeitos:
“When you believe in things
That you don’t understand
Then you suffer
Superstition ain’t the way”
De forma resumida, quando você acredita no que não entende, e sofre, superstição não é o caminho.
Ok. Só me explica como dizer isso pra gente, pra Magnética ensandecida, que hoje se sentiu naquela manhã mágica de julho de 2019, no 6×1 sobre o Goiás (eu estava lá, primeira vez da minha filha Alice no Maraca).
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Senão, lembremos o monólogo em/com três atos: estreia de Jesus no Maracanã, goleada sobre um time mais fraco, e a torcida no seu papel de décimo segundo jogador, sendo esse jogador o Zico. Não teve erro, foi inevitável para o adversário.
E é inevitável pensarmos a mesma coisa, depois de tantos sinais nos mesmos 90 minutos de jogo.
Meu primeiro ato passa pelo que Paulo Sousa tem tentado implementar no nosso modelo de jogo. Que se abram os parênteses, VOLTAMOS a ter um esquema de jogo. Voltamos a ter triangulações, escanteios ensaiados, posse de bola, entre outras coisas que foram esquecidas pelas bombas que vieram depois do JJ.
– Ah, Alex, foi contra o Bangu.
E daí? Em 19 jogamos contra vários times horrorosos, e a imposição técnica e tática era a mesma. Mata o jogo, sem acomodação, e se possível mata mais um pouquinho. Dominância. Poder. Força.
O Mister está tentando mesmo achar o ponto de equilíbrio. E espero que tenha visto com ótimos olhos a atuação do Maia e do Gomes. Talvez tenha sido a melhor dupla de volantes até agora, tanto que ER e Arrasca tiveram muito mais liberdade pra criar, e não precisaram voltar tanto na marcação.
– Ah, Alex, foi contra o Bangu.
E daí? A marcação lá em cima, na saída de bola deles, tumultuou qualquer intenção do Felipe de nos causar danos. O time apertou na mesma forma que nos acostumamos a ver, com quase 6 jogadores dentro do campo do adversário, sem deixar respirar. Isso mostra que a condição física está melhor, que o entrosamento está melhor, e que o mental do time vem em crescente.
– Ah, Alex, foi contra o Bangu.
Sério, deixa de ser chato, se coloca no seu lugar. Pensa no SEU PAPEL hoje no Maracanã. Pensa no que você fez hoje pelo time. O Maraca tem cheiro de Flamengo, e o time tem sua dose de sangue no olho multiplicada quando vê a casa cheia. Saudade, amor, aquela vontade desesperada de gritar gol com a explosão dos pulmões, a catarse de ver o Gabigol mostrando o muque, a loucura de ver o que o Arrascaeta fez hoje. Isso é alimento pra nós. Isso é alimento pro time, pros jogadores. E quando esse casamento entra em campo, não tem adversário que aguente. Até mesmo Ola fizemos…segundo os papai-sabe-tudo na ciência de falar merda, o jogo estava ruim. Mas, é aquilo, cada um vê o jogo que quer, que deseja pra sua vida medíocre.
– Ah, Alex, me perdoe, vou insistir. Foi contra o Bangu.
Ok, xarope. Eu vou continuar desviando dessa sua vontade de ver em campo Adrianinhos, Dimbas, Marcios Araújos e quejandos. Hoje, até mesmo esses caras jogariam, pois o gramado foi nosso aliado. Esse time joga muito mais em gramados decentes. A qualidade do passe se multiplica, a bola rola leve, sem quicar como se fosse os campos de pelada do Largo do Anil na década de 80. Esse time precisa ter no gramado do Maracanã um aliado. E hoje, pro azar do Bangu, teve.
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Em suma, podemos e devemos ter bons olhos pro Flamengo de Paulo Sousa. Há falhas? Claro, ninguém aqui é cego.
Mas hoje vi o monólogo/imposição em três atos: time, torcida e gramado. Foi, viu e venceu. Como deve ser sempre, independente do adversário.
Ter Fé é inerente ao torcedor do Flamengo. Ter Fé é fundamental para a Nação. Pois a nossa Fé alimenta a força dos jogadores. Eles sabem, eles entendem.
Eles sentem.