Do Flamengo a Paris: Rebeca Andrade se prepara para fazer história

29/05/2024, 17:21
Rebeca Andrade após ganhar medalha de ouro no Mundial da Antuérpia; ginasta do Flamengo é maior ginasta brasileira de todos os tempos e pode fazer histórias em Paris 2024

A maior ginasta brasileira da história é do Flamengo: Rebeca Andrade, e Jogos Olímpicos de Paris têm tudo para representar o ponto alto do seu já enorme legado. O MRN preparou série de matérias sobre os atletas do Mengão nas Olimpíadas, e nada melhor que abrir com trajetória de superação e sucesso de Rebeca. Da chegada ao Fla ainda muito jovem, lesões sérias até a possível maior medalhista olímpica brasileira de todos os tempos; confira:

Em Tóquio, Rebeca se tornou primeira brasileira a conquistar ouro olímpico na ginástica artística feminina, no salto, e prata no individual geral representou também segunda medalha inédita em uma mesma edição. Mas foram os resultados ao longo do ciclo que a firmaram na disputa pelo topo do esporte com a norte-americana Simone Biles.

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Ela acumulou nove medalhas mundiais nas edições de 2021, 2022 e 2023, sendo três ouros, quatro pratas e dois bronzes. Vale destacar que ela subiu ao pódio nos quatro aparelhos da modalidade: salto, solo, barras assimétricas e trave.

Além disso, uma dessas pratas foi por equipes ao lado do trio rubro-negro Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane dos Santos. E foi usando as cores do Flamengo desde muito jovem que Rebeca Andrade atingiu o nível que tem hoje, com destaque nacional e convocações. Relembre:

Início no esporte e chegada ao Flamengo

Nascida em Garulhos (SP), em maio de 1999, Rebeca foi criada com seus sete irmãos pela mãe, Rosa, que sempre incentivou sonho da filha apesar das dificuldades financeiras. Com muita energia, jovem foi levada pela tia ao Ginásio Bonifácio Cardoso e deu primeiros passos na ginástica aos quatro anos de idade.

Ela logo recebeu apelido de  ‘Daiane dos Santos 2’ pela desenvoltura natural que apresentava e, aos oito anos, deixou São Paulo para ir treinar em Curitiba. Foram mais quatro anos de treino até que, em 2011, o treinador Francisco Porath a convidou para treinar no Flamengo. E assim, com 12 anos, começava uma história de sucesso.

Primeiro campeonato e título sobre grandes nomes do Brasil

Rebeca Andrade em competição pelo Flamengo em 2012
Foto: Divulgação/ Flamengo

Rebeca Andrade se tornou a maior promessa da ginástica brasileira quando disputou seu primeiro torneio nacional, com incríveis 13 anos de idade. Ela surpreendeu o país ao vencer ouro no individual geral do Troféu Brasil de Ginástica Artística de 2012, superando atletas com mais experiência e consagradas na seleção: como Daniele Hypolito e Jade Barbosa.

O resultado não foi pouca coisa, e convocação para a Seleção Brasileira no início de 2013 comprovou isso. Ela integra a equipe nacional desde então e iniciou sua coleção de pódios em etapas de Copa do Mundo, Mundiais e Olimpíadas. Mas não deixou de brilhar pelo Mengão.

Não à toa foi uma das poucas “sobreviventes” ao corte nos esportes olímpicos feitos pelo Flamengo em 2013. Apesar de dispensar os irmãos Hypolito e Jade Barbosa – a última voltaria meses depois- o Mengão não abriu mão de Rebeca.

A ginasta segue representando o Mais Querido em competições nacionais e inclusive brilhou no nacional e 2023. Confira algumas das principais medalhas de Rebeca Andrade pelo Flamengo:

Troféu Brasil:

  • Ouros: Individual geral (2012) e barras assimétricas (2022)
  • Prata: Trave (2022)

Campeonato Brasileiro:

  • Ouros: Barras assimétricas (2016, 2017, 2022, 2023), equipe (2016, 2021, 2022 e 2023) trave (2012, 2022 e 2023), individual geral (2021 e 2022) e solo (2023).
  • Pratas: Solo (2016 e 2022)

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Lesões sérias no joelho e volta com pódios na Seleção

Os títulos de Rebeca pelo Fla ou pela Seleção são prova da resiliência da atleta. Isso porque passou por três cirurgias de ligamento cruzado no joelho direito: 2015, 2017 e 2019. Cada lesão demandou oito meses de recuperação, e geralmente sequência de lesões nessa gravidade acaba com carreira de uma ginasta.

Mas a atleta rubro-negra continuou competindo e foi recompensada com medalhas mundiais e olímpicas após a terceira cirurgia. Ela subiu ao lugar alto do pódios nesses torneios a partir dos Jogos de Tóquio, em 2021, praticamente três anos depois do último procedimento cirúrgico, algo realmente impressionante.

Ela rompeu ligamento pela primeira vez em 2015, primeiro ano como profissional na Seleção, enquanto se preparava para o Pan de Toronto. Lesão aconteceu durante aterrissagem em um treinamento e a tirou da competição. Em 2017, ainda em decorrência dessa lesão, precisou voltar para sala de cirurgia.

A última aconteceu em 2019, às vésperas do Pan de Lima, quando sofreu problema similar e passou uma nova operação. Após ouro Mundial em Liverpool, em 2022, ela lembrou esses processos e destacou importância do Flamengo.

“O Flamengo foi onde consegui terminar lapidação. Cresci muito aqui dentro, as pessoas me conheceram sendo atleta daqui. Crescemos juntos, formei minha história e meu caráter. Se não fosse o Flamengo não teria alcançado o que alcancei. Sou grata por me receberem de braços abertos quando acerto e erro. Quando sofri minhas lesões, sempre me deram apoio para continuar. Sou muito grata”, disse.

Medalhas em Olimpíadas e Mundiais

Rebeca Andrade ganhou ouro em Tóquio 2020 e vai a Paris 2024 com rede de patrocinadores bem maior
Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Como citado anteriormente, além das duas medalhas Olímpicas, Rebeca Andrade está no degrau mais alto possível do esporte pelo seu desempenho nos últimos Mundiais. Fora duas medalhas na etapa de Kitakyushu 2021, no Japão, duas em Liverpool 2022 (Inglaterra) e quatro em Antuérpia 2023 (BEL).

Confira:

2021:

  • Ouro: Salto
  • Prata: Barras assimétricas

2022:

  • Ouro: Individual geral
  • Bronze: Solo

2023:

  • Ouro: Salto
  • Prata: Solo, individual geral e equipes
  • Bronze: Trave

Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Tudo isso leva Rebeca Andrade ao favoritismo por pelo menos quatro medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris, que começarão daqui a exatos 58 dias. A abertura será no dia 26 de julho, às 14h30 (horário de Brasília), e a ginasta rubro-negra inclusive é uma das atletas que deve representar o Brasil na cerimônia.

Rebeca é a principal esperança de medalhas no país e chegará à França como favorita por quatro medalhas. Como é possível observar nos seus desempenhos dos últimos anos, ela está entre as melhores do mundo no salto, solo e no individual geral. Outra provável medalha é com a equipe brasileira.

O número recorde faria a estrela deixar a França com seis medalhas olímpicas e isolada no posto de maior atleta brasileira de todos os tempos no torneio, ultrapassando Robert Scheidt e Torben Grael, ambos com cinco medalhas.

Além disso, barras assimétricas e trave são aparelhos mais imprevisíveis. O primeiro pela concorrência e o segundo pelo alto número de erros de todas as atletas, mas a rubro-negra também é candidata ao pódio.

Uma outra certeza, além da briga por medalhas, é mais uma grande exibição por medalhas contra Simone Biles. As duas protagonizaram competição histórica em 2023, e há expectativa de nível ainda maior nos Jogos Olímpicos de Paris.


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Matheus Celani
Autor

Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.