Felipe Santos: A mesma 'mão' que vaia é a mesma mão que aplaude
No dia 25 de novembro de 2022, pouco menos de um mês do tricampeonato da Libertadores, coube a Dorival Júnior anunciar sua saída do Flamengo. O treinador que havia assumido o Rubro-Negro em junho após um trabalho desastroso de Paulo Sousa deixou o clube. Isso, de acordo com o presidente, por conta de uma queda de desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro.
Nem mesmo os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, aliás, com a segunda melhor campanha da história da campanha continental, foram capazes de segurar Dorival Júnior.
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Em uma entrevista recente para a CNN, o presidente Rodolfo Landim justificou a não continuidade do trabalho de Dorival. Vale lembrar que o Flamengo já não tinha mais chances matemáticas de ser campeão brasileiro quando embarcou para Guayaquil.
De fato, as quatro partidas após o título foram bem decepcionantes. O time sem perspectivas no horizonte largou de vez o campeonato que nunca chegou a verdadeiramente disputar depois de um início de dar calafrios e também por decisão de Dorival de escalar times alternativos para focar nas copas.
Na cabeça da diretoria, Dorival não merecia continuar por conta dessa suposta incapacidade de fazer o time atuar constantemente bem em todas as competições. Com essa ideia na cabeça e um 2023 cheio de competições pela frente, optou-se pela não-renovação com o treinador campeão em busca de um nome que fosse capaz de fazer o Flamengo disputar todos os títulos.
Até aqui, ok. Era uma preocupação justa. O clube queria mais e sempre precisa querer mais. A opção por Vitor Pereira foi um desastre. O português conseguiu perder tudo que disputou em 100 dias no comando do Flamengo. E então foi trocado enquanto o rubro-negro ainda tinha as duas copas vencidas no ano anterior por Dorival para disputar, além do Brasileirão, responsável pela saída do mesmo para começar.
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Sampaoli veio, teve boa sequência no início, em alguns casos contando com mais sorte que juízo, mas em determinado momento o time foi a nocaute.
A Libertadores ficou pelo caminho precocemente depois de uma atuação vergonhosa no Paraguai. O Brasileirão chegamos ao ponto de estarmos fora do G-6 e, no momento, estaríamos fora da Libertadores de 2024. Na Copa do Brasil, o último sopro de esperança rubro-negra na temporada, estamos em desvantagem na final contra o Dorival.
Quis o destino que o Flamengo disputasse sua última oportunidade de conquistar um título no ano contra aquele que não era capaz de nos levar a múltiplas conquistas na temporada.
Se no domingo tudo der certo e Zico há de querer, será que Rodolfo Landim, Marcos Braz e companhia terão a mesma atitude que tiveram com Dorival? Se a queda de desempenho no Brasileirão do ano passado foi justificativa para não seguir com Dorival, como Sampaoli ainda é treinador do clube? Estão apenas esperando o fim da Copa do Brasil para serem coerentes com as próprias decisões? Ou irão (novamente) dar um show de hipocrisia e continuar com o treinador?
A mesma diretoria que não renovou com Dorival – campeão da Libertadores e da Copa do Brasil e 5º colocado no Campeonato Brasileiro – é a mesma diretoria que insiste em Sampaoli. Que foi eliminado nas oitavas da Libertadores, em desvantagem na final da Copa do Brasil e 7º colocado no Campeonato Brasileiro. Afinal, a mesma mão que aplaude é a mesma mão que vaia.
Por Felipe dos Santos