A lesão no ombro de Diego Alves no meio da semana "obrigou" Reinaldo Rueda a dar mais uma chance para o contestado e perseguido Alex Muralha. Não bastasse ele ter falhado no gol do Júnior de Barranquilla. Dois minutos depois de ter entrado em campo. Hoje, ele estava lá debaixo das traves Rubro-Negras na Ilha do Urubu. Em partida importantíssima contra o Santos, pelo campeonato nacional.
As duas equipes entraram espelhadas taticamente em um 4-2-3-1. O Flamengo começou muito bem o jogo. chegando pelos lados do campo. Especialmente pela esquerda. Foi por lá que Renê cobrou escanteio. Rafael Vaz dividiu com o adversário pelo alto. Victor Ferraz falhou ao tentar afastar. E Lucas Paquetá testou para abir o marcador. Resultado justo.
Três minutos depois, a tragédia teve início. Vaz recuou para Muralha. Ao invés de dar um bico para o lado (já que a fase não é boa é melhor não complicar) ele resolveu tentar driblar Ricardo Oliveira. Obviamente foi desarmado. O atacante Santista rolou para Bruno Henrique empatar a peleja. O estádio não parou de vaiar o goleiro após esse lance.
Até o fim do primeiro tempo, o time da casa chegou e chutou. Muito. Foram 12 finalizações contra apenas uma do Santos. E isso deixou ainda mais escancarado a diferença entre um bom camisa um e outro sem confiança e com o psicológico extremamente abalado. Sempre que foi exigido, Vanderlei compareceu e fez seu trabalho. Como nas duas boas chegadas de Arão e Rodinei nas costas do improvisado Jean Mota.
O panorama não se inverteu na etapa complementar. Os donos da casa continuaram melhores. Dominando e finalizando muito mais. Everton Ribeiro e William Arão perderam boas chances ainda antes dos 10 minutos. No entanto, mesmo jogando para empatar, o Peixe foi extremamente eficiente. Aos 12, Victor Ferraz foi a linha de fundo e cruzou. Rafael Vaz mandou contra e acertou a trave de Muralha. Que dessa vez não teria culpa no cartório.
Rueda demorou a mexer no Fla. O time voltou a abusar dos cruzamentos. Elano sacou Copete e pôs o jovem Arthur Gomes. Seis minutos depois dele ter entrado em campo, o garoto cortou a marcação e bateu. Muralha foi na bola e falhou clamorosamente. Mais uma vez. Era a virada do Alvinegro Praiano. Dois gols em três finalizações. Ambos com a participação decisiva do goleiro Rubro-Negro.
Finalmente Rueda mexeu. Colocou as promessas Vinícius Júnior e Lincoln nos lugares de Arão e Vizeu. A entrada deles acendeu ainda mais o time. Lincoln, fazendo seu segundo jogo no time profissional fez grande jogada e só não marcou um golaço porque do outro lado estava Vanderlei pra salvar com os pés. Se fosse o Muralha...
Elano tratou de fechar a casinha. Substituiu Bruno Henrique pelo volante Matheus Jesus. Depois colocou Kayke na vaga do apagado Vecchio. Rueda ainda tinha mais uma alteração. E usou ela de maneira errada. Tirou Diego, que se não era brilhante pelo menos participava bastante do jogo e pôs Geuvânio (acho que Éverton Ribeiro deveria ter deixado o gramado). A pressão seguiu até o fim. Foram 25 finalizações dos donos da casa contra apenas três dos visitantes. Contudo, os números que são conhecidos por não mentirem jamais hoje nos pregaram uma peça.
Méritos para o Santos que poderia ter conseguido uma vantagem maior se tivesse chutado mais a gol. Pelo lado do Fla, dúvidas. Será que vale a pena insistir com Alex Muralha no gol para a partida de volta da semifinal da Copa Sul-Americana? Sinceramente, acho que a resposta já foi dada hoje. Ou se muda o camisa um ou teremos uma nova tragédia. Dessa vez, mais do que anunciada.
Veja a análise de Gustavo Roman em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=4YmVIqDQUDw
Gustavo Roman é jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros "No campo e na moral – Flamengo campeão brasileiro de 1987", "Sarriá 82 – O que faltou ao futebol-arte?" e "150 Curiosidades das Copas do Mundo". Também escreve para o Blog do Mauro Beting.
Imagem destacada no post e redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo