Fla vai encarar um Vasco SAF que luta nos bastidores para diminuir abismo entre os clubes

No próximo domingo (5), pelo Campeonato Carioca, Flamengo e Vasco SAF farão um clássico que pode ser diferente de tantos outros dos últimos anos. Isso porque, pela primeira vez, o Rubro-Negro enfrenta o alvinegro depois que o rival negociou 70% da sua SAF para ao menos tentar diminuir o abismo que há entre os dois clubes.

O Vasco acertou a venda de 70% do clube com a 777 Partners em setembro de 2022. Portanto, como disputava a Série B no ano passado, a equipe não enfrenta o Flamengo desde 20 de março do ano passado, quando caiu na semifinal do Campeonato Carioca.

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O jogo deste domingo, portanto, pode ser um marco para um Vasco que recebeu a promessa de se equiparar ao Flamengo. O desafio, contudo, é árduo e pode ser (e muito provavelmente seja) impossível. Títulos, grandeza, expressividade e torcida não se compram, mas o 4º colocado da Série B passada tenta de tudo nos bastidores. As diferenças entre ambos, contudo, seguem sendo abissais.

A começar pelas diferentes visões de Flamengo e Vasco sobre SAF

Cheio de dívidas e com enorme dificuldade para investir em equipes capazes de subir de divisão e se manterem na primeira divisão por, ao menos um ano, o Vasco vendeu 70% da sua SAF por cerca de R$ 700 milhões.

Com o controle da maioria das ações do clube, a 777 Partners promete revolucionar o clube tanto em estrutura, quanto na contratação de atletas. O grupo prevê um investimento na ordem de R$ 1,9 bilhão até 2026.

O Flamengo, por sua vez, ainda discute as suas possibilidades. Na manhã desta quinta (2), por exemplo, surgiram notícias de que o clube discutia a possibilidade de aderir à SAF, mantendo 100% de controle do clube. A ideia é melhorar a governança do clube, com dirigentes profissionais e remunerados. A informação foi negada por Rodrigo Dunshee, atual vice-presidente Geral e Jurídico do Flamengo e pré-candidato à sucessão de Rodolfo Landim.

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Os vários modelos de SAF estão sendo levantados e debatidos por diretores e conselheiros do Flamengo. A certeza, no entanto, é de que dificilmente o clube não vai arrecadar mais do que o Vasco. Landim, por exemplo, já estimou conseguir R$ 1,5 bilhão com uma venda de apenas 30% das ações do clube. Sem urgência e com arrecadação bilionária, o Rubro-Negro não se desespera, podendo se valorizar como principal “marca” do futebol brasileiro.

Disparidade de investimentos entre Flamengo e Vasco

Apesar das promessas de investimento da SAF, o Vasco está atrás do Flamengo nos valores investidos em contratações até aqui. De acordo com os números do Transfermarkt, o Rubro-Negro gastou 22 milhões de euros com atletas, enquanto os vascaínos pagaram 19,29 milhões de euros em reforços.

Por ter investido menos que o Flamengo, a diretoria do Vasco foi cobrada pelo torcedor. As comparações foram tantas que irritou Paulo Bracks, diretor executivo vascaíno.

Tratados pela FERJ na devida ordem de grandeza

Antes do início da temporada, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e FERJ protagonizaram uma disputa envolvendo as cotas de TV do Campeonato Carioca. Isso porque diante do valor negociado, o Rubro-Negro fatura o dobro do que foi proposta para os demais rivais.

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Nesse sentido, a Brax, que negocia os direitos de transmissão, já havia afirmado que sem o Flamengo no meio, não haveria atrativo. Com os outros clubes, no entanto, não houve a preocupação. Diante da recusa dos termos por parte de Vasco, Fluminense e Botafogo e das exigências feitas pelos três, a FERJ cancelou reunião em que haveria negociações entre as partes.

A trinca chegou a oferecer os seus jogos como mandante para a TV Globo, mas não obteve êxito. Depois, o Fluminense conseguiu uma quantia maior da Brax, especialmente devido às desistências dos outros dois rivais, e se alinhou ao Flamengo ainda antes do fim do ano. Somente às vésperas da abertura do Carioca 2023 que Vasco e Botafogo fecharam com a CazéTV.

Disputas pelo Maracanã

Flamengo e Fluminense administram o Maracanã há mais de três anos. Nesse período, muito dinheiro foi investido no estádio que, antes da dupla pegar a concessão, estava largado às traças. A maior parte da (talvez toda) grana utilizada saiu dos cofres do Mais Querido, que buscou o estádio para ser sua casa desde sempre, quando ninguém queria por achar um problema.

Eis que no ano passado o Vasco utilizou de politicagem e da justiça para conseguir a liberação para atuar no Maracanã. Pouco tempo depois reclamou da opção do Governo do Estado do Rio de Janeiro por estender o termo de permissão de uso do estádio.

Acontece que, enquanto hoje reclama da postura de Flamengo e Fluminense, o Vasco fugiu de se associar com a dupla para gerir o Maracanã no início do processo. A afirmação foi feita por Rodolfo Landim. Por meio de nota, a diretoria vascaína negou a informação.

Com chances baixas sobre a concessão do Maraca, Vasco quer até liberar São Januário para o Flamengo

Ciente que as possibilidades de conseguir derrotar a dupla Fla-Flu no que tange à concessão do Maracanã, o Vasco agora pretende abrir mão de uma posição “Euricana”. Isso porque o clube agora quer liberar que o Flamengo mande partidas no São Januário, sua casa, algo que não acontece desde o Carioca de 1996.

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Nos últimos anos o Flamengo até tentou negociar com o Vasco para jogar em São Januário, mas um acordo nunca esteve próximo, com o rival mantendo uma posição, muito defendida por Eurico Miranda, de que o Rubro-Negro jamais deveria mandar jogos na casa cruzmaltina.

Agora, buscando mandar alguns jogos para o Maracanã, o Vasco reconhece a pequenez dessa posição e tenta barganhar com o Flamengo.

São nessas condições e nesse contexto que as duas equipes se enfrentarão no próximo domingo, às 18h10, pelo Campeonato Carioca. Um Vasco que buscar mudar seu status de candidato ao rebaixamento contra um Flamengo que, como diz as palavras do vascaíno Eduardo Paes, é um patrimônio e tem uma importância que o rival um dia gostaria de ter.