Fla investe em laterais renomados para suprir lacuna não preenchida pela base
De 2009 a 2019, somando os lados esquerdo e direito, oito Garotos do Ninho fizeram parte do elenco profissional
Dez anos após seu último título do Campeonato Brasileiro, o Flamengo está novamente na briga pelo troféu de campeão. Sonhando em voltar a pintar o Brasil de vermelho e preto, o Mais Querido investiu pesado e fechou, até o momento, nove contratações, totalizando R$ 190 milhões aplicados. Dentre as estrelas trazidas para encorpar o elenco, que já contava com outros renomados atletas, Rafinha e Filipe Luís chegaram com a missão de suprir as lacunas nas laterais direita e esquerda.
Rafinha foi apresentado no fim de junho, após atuar oito temporadas seguidas pelo Bayern de Munique, e já entrou em campo com o Manto Sagrado em três oportunidades. Já Filipe Luís, depois de 14 anos na Europa, foi apresentado nesta sexta-feira (26) e ainda não tem data para a estreia. Fato é que, se por um lado as contratações de peso demonstram o alto patamar alcançado pelo Flamengo, por outra evidencia também uma dificuldade de aproveitamento de atletas da base nessas posições.
Conforme levantamento feito pelo Mundo Rubro Negro, de 2009 a 2019, somando os lados esquerdo e direito, oito Garotos do Ninho fizeram parte do elenco profissional, em anos diferentes. Nesse período, alguns nem chegaram a entrar em campo, outros tiveram poucas oportunidades e não caíram nas graças dos técnicos e da torcida, e raros foram os que realmente se firmaram. De Jorbison a Jorge, veja quais jogadores da base passaram pelas laterais.
Jorbison
Certamente esse é o caso mais curioso dentre os integrantes da lista. Apesar de não ser uma cria legítima da Gávea, Jorbison teve uma passagem meteórica pela categoria de base, onde destacou-se, no ano de 2008, na Copa São Paulo e Campeonato Carioca. As boas atuações renderam a promoção, no ano seguinte, ao time profissional para ser o reserva imediato de Juan. Sagrou-se campeão brasileiro, mas sem uma participação efetiva já que perdeu a posição para Everton Cardoso, que foi improvisado na posição com a lesão do titular.
No Fla, jogou até o ano 2011, também sem grande destaque, e teve o contrato reincidido em 2012. A quebra do acordo se deu após o atleta revelar que, na verdade, se chamava Maxwell Batista da Silva e havia alterado sua certidão de nascimento para atuar com dois anos a menos.
Rafael Galhardo
Considerado nas categorias de base uma promessa, pela qualidade nas bolas paradas e apoio ao ataque, Galhardo também participou do hexacampeonato de 2009. Subiu após acumular boas apresentações nos campeonatos juvenis, alinhado as constantes convocações para seleções de base. No profissional, enfrentou a concorrência de Léo Moura e atuou em 32 partidas.
Com o contrato com o Flamengo vencido em 2015, teve passagens por Anderletch, da Bélgica, Santos, Bahia, Grêmio, Athletico (PR), Vasco e Cuzeiro. Neste ano, retornou ao Grêmio, onde também voltou a disputar posição com Léo Moura.
Egídio
Dessa relação, Egídio foi, talvez, um dos potenciais mais subaproveitados. Na Gávea desde os 11 anos, o lateral esquerdo passou 15 anos de sua carreira no Flamengo. Subiu para o time principal em 2006 e tem pelo Rubro-negro uma Copa do Brasil, três Estaduais, além de duas Taças Guanabara e duas Taças Rio. Mesmo com os títulos, Egídio não conseguiu ganhar a confiança do torcedor e viveu entre idas e vindas de empréstimos.
Nos outros clubes, sempre ganhava certo destaque e a cada volta a esperança de dias melhores com o Manto Sagrado se renovava. Dentro de campo, porém, a expectativa nunca se concretizou e o atleta acabou, em 2012, trocando definitivamente o Ninho do Urubu pela Toca da Raposa. Pelo Cruzeiro, conquistou de cara dois Brasileiros seguidos. Também vestiu, posteriormente, a camisa do Palmeiras, voltando a ser campeão da Copa do Brasil (2015) e do Brasileiro (2016).
Digão
Digão subiu para os profissionais com a missão de ser o reserva imediato de Léo Moura. Estreio com o Manto Sagrado em 2013 e, em sua curta passagem pelo time principal, não convenceu. Esteve no elenco campeão da Copa do Brasil de 2013, mas saiu sem deixar saudades no torcedor. Tem no currículo passagens por América (RN), Volta Redonda, Portuguesa e Adanaspor, da Turquia.
Thiago Ennes
Ennes foi alçado ao time principal em 2017, depois de conquistar a Copa São Paulo de 2016. O lateral subiu juntamente com os companheiros Léo Duarte, Matheus Sávio, Lucas Paquetá, Felipe Vizeu e outros destaques do torneio. Nunca chegou a entrar em campo como profissional do Flamengo, sendo seguidamente emprestado para Náutico, Cuiabá e União Madeira, de Portugal. Em 2019, não teve seu contrato renovado e foi anunciado como reforço do São Bernardo.
Jorge
Revelado pelo Flamengo, Jorge disputou duas edições da Copa São Paulo de Futebol Júnior, sendo titular absoluto e um dos principais jogadores no time de 2015. O lateral esquerdo pode ser considerado um típico acerto em meio a uma sucessão de erros. Até ganhar a posição, viu a diretoria apostar em contratações como Anderson Pico, Pablo Armero, Chiquinho e Thallyson. Da lista de laterais da base que atuaram no profissional nesta década, Jorge foi o único que realmente se firmou e ainda nutre uma ponta de saudade no torcedor.
Sua estreia em partida oficial aconteceu em 2014, em partida contra o Bangu pela última rodada da Taça Rio. A titularidade absoluta veio depois de ter sido eleito o melhor lateral esquerdo do Mundial Sub-20 e uma série de coincidências do destino. Em meio às competições, o Flamengo se desfez de Anderson Pico e Thallyson e ainda viu Pablo Armero ser convocado para a Copa América. Essa foi a brecha que o Garoto do Ninho aproveitou e, com atuações seguras, tornou-se o dono da posição.
Em 2016, foi eleito o melhor lateral esquerdo do Campeonato Brasileiro e em 2017 foi negociado com o Mônaco, da França, por cerca de € 8,5 milhões (R$ 28,8 milhões). Na Europa, Jorge passou também pelo Porto, de Portugal, não apresentou o mesmo rendimento, e retornou ao futebol brasileiro neste ano, contratado pelo Santos.
Wesley Gasolina
Wesley Gasolina faz parte do rol de promessas que deixaram o time da Gávea sem que o torcedor pudesse verdadeiramente conhecer todo seu potencial. Hoje com 19 anos, chegou ao Maior do Mundo aos 10 anos e, passo a passo, ganhou prestígio nas categorias de base. Pelo Flamengo, foi campeão da Copinha em 2018. Com a seleção Brasileira também brilhou e levantou as taças do Sul-Americano Sub-15 e Sub-17, além de ter disputado o Mundial Sub-17, em 2017.
As boas atuações ganharam notoriedade e, em 2018, Gasolina fez suas primeiras e únicas partidas no time principal no Carioca, contra Botafogo e Boavista. Diretoria, comissão técnica e torcida acreditavam que o jogador, assim como aconteceu com Jorge, tinha potencial para, futuramente, ser titular da lateral direita. Um imbróglio na renovação contratual, porém, impediu que seu caminho vestindo vermelho e preto fosse prolongado. O atleta foi afastado e, neste ano, acertou sua transferência para a Juventus, da Itália, sem que o Fla recebesse nada.
Kleber
Kleber, ou simplesmente Klebinho, foi mais um da safra que chamou a atenção no título na Copa São Paulo de 2016. Ainda que não fosse titular, o jovem era figura sempre presente em campo já que, por conta de sua versatilidade, atuava tanto na lateral quanto no meio-campo. Foi promovido aos profissionais em 2018, mas pouco atuou. Neste ano, foi emprestado ao Ittihad Riadhi Tanger, de Marrocos, com quem assinou um contrato de dois anos.