O jogo contra o Figueirense pela Primeira Liga definiria quem passaria à próxima fase da competição. Enquanto o Flamengo queria vencer para garantir o primeiro lugar geral, o Figueirense tinha a proposta de se defender esperando o time rubro-negro se expor para tentar o contra-ataque. O empate foi ruim para os dois e, apesar do Flamengo ter se classificado, deixou uma grande preocupação para a torcida.
Muricy escalou o Flamengo com Paulo Victor – Rodinei, Wallace, Juan, Jorge – Cuéllar – Cirino, Arão, Ederson, Emerson – Guerrero.
Figueirense explora a principal fraqueza do Flamengo
Como já havíamos visto nos jogos contra o Vasco e o América-MG, bastou o Flamengo enfrentar um adversário mais qualificado e organizado, com uma defesa sólida, que a velocidade de ataque se perdeu. Fechado no 4-1-4-1 com as duas linhas de 4 em um espaço de até 20 metros, o Figueirense não deixava espaços da sua intermediária até seu gol e o Flamengo não conseguia passar do meio-campo.
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Quando um adversário se porta dessa forma é necessário não só maior movimentação dos jogadores de frente, como maior repertório de passes. Inversões para pegar a defesa deslocada, tabelas para fugir da marcação e principalmente velocidade na saída de bola, usando inclusive lançamentos para aproveitar a velocidade dos meias abertos (pontas). No vídeo acima, vemos que os jogadores dão preferência aos toques curtos, o que facilita o acompanhamento da marcação.
Assim como vimos no vídeo, Arão foi durante o jogo um dos que mais tocou na bola, porém tendo apenas duas jogadas: toquinho pra um companheiro ou sair correndo com a bola. Não à toa o volante foi mal contra todos os times que jogaram fechados contra o Flamengo e sem espaços para conduzir ou chegar em velocidade perto da área, simplesmente não tem recursos e acaba se apagando.
A fragilidade da lateral direita
Não é de hoje que o lado direito é o mais explorado pelos ataques adversários. Como o trio que atua no setor é muito veloz e ofensivo, estão quase o jogo todo no ataque, o que deixa o zagueiro da direita exposto.
Obviamente é bom ter jogos que possam dar dinâmica ofensiva, mas Muricy precisa ensiná-los a se posicionar na cobertura. Quando Rodinei subir, Arão precisa estar mais para trás, quando o volante subir é a vez do lateral ficar, há também uma possível inversão com o meia aberto fazendo a cobertura, como Éverton costuma fazer para dar liberdade para o Jorge subir.
Nesta imagem do jogo do fim de semana, podemos ver Canteros ficar enquanto Pará e Thiago Santos estavam na área. O argentino faz muito bem esse trabalho de cobertura, que é um ponto fraco de Arão. Já na imagem contra o Figueirense, vemos uma situação recorrente nos jogos com os titulares, todos sobem e Wallace fica exposto, o que aumenta as chances do zagueiro falhar.
Preferência pelo jogo individual
Na contramão do futebol praticado nos grandes centros, o Flamengo ainda joga mais em cima da individualidade que do coletivo. A marcação do time é feita a distância com os jogadores cercando os adversários e um ou outro realmente tentando desarmar, tanto que Cuéllar se destaca nos jogos por sua forma firme e intensa de jogar.
Mas pior do que o problema defensivo é o excesso de individualidade ofensiva. Quando Cirino está em dia ruim, acaba sendo exageradamente individualista, assim como Emerson Sheik é todo jogo. E quando os pontas seguram demais a bola, tentam um drible a mais, uma jogada de efeito, perde-se o tempo de ataque e, por vezes, expõem o time a um contra-ataque com a linha de zaga próxima à linha central.
E não há dúvidas de que Sheik acaba sendo o elo fraco do ataque altamente produtivo do Flamengo. Contra o Figueirense, com o time precisando de um gol, abusou de perder chances seja finalizando mal ou arriscando finalizações quando havia um jogador melhor posicionado para quem tocar. Além disto, por várias vezes Ederson ou Jorge se deslocaram para receber a bola, mas Sheik demorava demais para passar, permitindo que a marcação chegasse nos companheiros e dificultasse a sequência do lance.
Foco para os campeonatos nacionais
Além da Primeira Liga e dos estaduais estarem chegando próximos de rodadas decisivas, o time entra na fase final de preparação para o Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, os campeonatos que realmente importam. Muricy precisa trabalhar muito o posicionamento defensivo, organizar as coberturas e, se necessário, trocar jogadores. Alternativas também precisam ser criadas para a posição de Sheik, não basta esperar Mancuello se recuperar para testar Ederson aberto na esquerda.
Outra possibilidade que deveria ser trabalhada pelo treinador, inclusive em vista das convocações para as seleções, é ter um núcleo variável no meio-campo. A trinca Cuéllar, Arão e Mancuello é ótima para jogos em que o adversário dará espaço, seja por fragilidade ou por ser muito ofensivo. Contra times fechados, retrancados, ter um meio de campo com um passe mais qualificado pode ser fundamental. Minha sugestão seria Canteros de 1° volante e Cuéllar e Mancuello pelo meio como um diferencial.
Saudações Rubro-Negras