Exclusiva MRN: o que Bap pensa sobre o estádio do Flamengo no Gasômetro
Candidato dissidente da situação à presidência do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista (Bap) tem se manifestado contrariamente à estratégia de Rodolfo Landim para arrematar o terreno do Gasômetro e construir o estádio do Flamengo.
Após articulação com a prefeitura, Landim buscará aprovação do Conselho Deliberativo para participar do leilão no qual o terreno, desapropriado pelo prefeito Eduardo Paes, ira à venda com o lance mínimo de R$ 138 milhões.
Pelos termos do edital, o vencedor do leilão terá 18 meses para apresentar um projeto completo para o estádio. Depois, após a emissão de todas as licenças necessárias, terá outros três anos para concluir a construção.
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Sustentabilidade com o Maracanã
O MRN apurou que, nos encontros com sócios em busca de apoio à sua candidatura, Bap expressa receios sobre essa estratégia.
O candidato defende que o Flamengo deveria aproveitar a concessão do Maracanã para planejar a construção do seu estádio próprio de forma mais sustentável, garantindo que o clube não perca capacidade de investimento nem tenha que recorrer a fontes de financiamento que levem o Flamengo a perder o controle do futebol, com a criação de uma SAF.
Estádio do Gasômetro pode esperar
Segundo Bap, o Flamengo, com a concessão de 20 anos do Maracanã, poderia levar de 8 a 12 anos aumentando suas receitas e se preparando financeiramente para investir na construção do estádio por conta própria.
Confrontado com o fato da dificuldade de encontrar um terreno no Rio de Janeiro e que a chance de adquirir a área do antigo Gasômetro pode ser única, Bap afirma não acreditar nisso.
Medo de judicialização
O candidato expressa temores de que a Justiça determine um valor bem superior ao estabelecido pela prefeitura no leilão e que o Flamengo seja obrigado a pagar a diferença à vista. Ele defende como melhor solução que o clube volte às conversas diretas com a Caixa Econômica Federal, que administra o fundo proprietário do terreno.
Vieira Souto ou Vidigal?
No limite, Bap não parece convencido de que o Flamengo precisa de um estádio próprio. Para justificar essa visão, ele recorre a algumas metáforas nas conversas com os associados.
Ele diz que qualquer um preferiria morar na Vieira Souto do que no Vidigal, mas precisa ter condições econômicas para isso. E também diz que o Flamengo é como a Madonna, que tem que cantar em todos os lugares.
O candidato defende que o Flamengo realize um grande número de jogos por ano fora do Rio, principalmente no Carioca e na Copa do Brasil, mas também em rodadas específicas do Brasileiro.
Segundo ele, essa redução da carga e o investimento em equipamento de qualidade para manutenção resolveriam o maior problema do Maracanã, que é o gramado.
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Estádio próprio como ferramenta de barganha
Bap acredita que, acima de tudo, o Flamengo deve usar a construção do estádio próprio como uma ferramenta de barganha para pressionar o governo do Estado a oferecer condições melhores no Maracanã, ou, num cenário ideal, até vender o estádio ao Flamengo.
Apesar de defender tudo isso nas conversas com sócios, não é possível saber como Bap agirá na prática na reunião do Conselho Deliberativo para votar a compra do terreno. Os sócios lembram que no recente caso do novo contrato de TV do Brasileiro contra a Globo Bap fez lobby contra a aprovação, criticando o contrato e motivando seus aliados a votarem contra. Mas, no dia da sessão, recuou publicamente nas críticas e defendeu a aprovação do contrato.
A sessão do Conselho Deliberativo sobre a compra do terreno do estádio deve acontecer no próximo dia 29, dois dias antes do leilão.