Estádio do Flamengo: desafio de Paes faz efeito e subsecretário de Castro desiste de ação judicial
O pedido feito pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) após a apuração do MRN de que Victor Travancas (DEM), advogado e subsecretário do gabinete do governador Cláudio Castro (PL), queria atravancar a posse do Flamengo ao terreno do Gasômetro, surtiu efeito quase imediato. Um dia depois de Paes comentar alegando que Castro, como rubro-negro, deveria exonerar Travancas, o advogado retrocede na decisão de entrar com ação judicial para impedir desapropriação decretada pelo prefeito.
O texto conjunto, publicado por Luciano Bandeira, presidente da OAB, Marcos Luiz, secretário-geral, e o próprio Victor Travancas, aborda uma reunião entre as partes onde o político conheceu detalhes sobre a revitalização da zona portuária. Com isso, Travancas, que havia indicado irregularidade no Decreto de desapropriação do terreno do Gasômetro, desiste de levar o caso até a Justiça.
➕Justiça pode reduzir preço de terreno do Gasômetro
A nota da OAB sobre a desistência de Travancas ir contra estádio do Flamengo
“O presidente da OAB/RJ, Luciano Bandeira, e o secretário-geral da OAB/RJ, Marcos Luiz Oliveira e Souza, se reuniram nesta terça-feira, 02/06, com o advogado Victor Travancas para apresentar o projeto do futuro Estádio do Flamengo – no terreno do Gasômetro – e os enormes benefícios que serão levados para a região, que atualmente está em completo abandono. Após o encontro, o advogado comprometeu-se a não judicializar a questão, o que atrasaria a revitalização da área e o consequente incremento econômico”, inicia o texto, que complementa:
“A expectativa é que o Flamengo leve importantes projetos sociais para a região, favorecendo jovens e crianças em situação de vulnerabilidade social. A OAB/RJ está sempre comprometida em contribuir com ações que tragam desenvolvimento para o estado do Rio de Janeiro e levem melhorias para a vida da população, pautas também defendidas pelo projeto de construção do novo estádio do Clube de Regatas do Flamengo”, finaliza.
Victor Travancas explica mudança de postura
O subordinado de Cláudio Castro também publicou um vídeo dando mais detalhes sobre sua desistência. Ele explica que foi chamado para conversar, afirmando que entender melhor o projeto e a importância dele para a zona portuária do Rio de Janeiro o fez mudar de ideia.
“Hoje, conversei com o presidente da OAB e com o secretário-geral. Os dois são meus grandes amigos e patronos. Eles tiveram desde o meu início da advocacia, foram meus padrinhos, e tenho imenso respeito a eles e a OAB. Me chamaram para conversar sobre o processo que eu estava estudando, sobre o Decreto do Eduardo Paes. Eles me apresentaram o projeto estádio. Projeto, este, que a OAB está apoiando, uma vez que, segundo eles, traria grandes benefícios para aquela região, que está há muito tempo abandonada”, conta.
Travancas comenta ainda que a postura do Flamengo como responsável social também teve influência. Isso porque o clube promete realizar ações com crianças e adolescente vulneráveis tendo o estádio novo como grande base.’Travancas comenta ainda que a postura do Flamengo como responsável social também teve influência. Isso porque o clube promete realizar ações com crianças e adolescente vulneráveis tendo o estádio novo como grande base.
“Além disso, o compromisso do Flamengo em realizar projetos sociais com crianças e adolescentes vulneráveis daquela região, e em outras regiões da cidade, tendo como base o estádio, o centro esportivo que seria criado ali. Diante desse aconselhamento, eu me comprometi, junto à OAB, de não realizar processos contra esse estádio para não atrapalhar esses projetos sociais ou retardar o início desse grande projeto que o Flamengo estaria realizando”, diz.
Subsecretário de Cláudio Castro havia prometido entrar com ação judicial contra Decreto de Eduardo Paes
Para que o torcedor entenda melhor o que se passa, o MRN explica os detalhes dos últimos dias. Na última segunda-feira (1º), o MRN teve acesso a uma carta de Victor Travancas, subsecretário de Cláudio Castro. No texto, Travancas alegava ter aguardado pelo posicionamento de outros advogados ou do MP, o que não aconteceu.
Isso porque Victor Travancas acreditava que o Decreto do prefeito Eduardo Paes tivesse irregularidade. No entanto, não apontou qual seria, e limitou-se a dizer que se sacrificaria entrando com uma ação judicial para impugnar a decisão da prefeitura.
“Caros amigos, aguardei uma semana para que qualquer advogado, ou o Ministério Público, questionasse no Judiciário o ilegal procedimento do Município do Rio de Janeiro para construção do estádio do Flamengo. Como ninguém teve a coragem, mais uma vez, este humilde advogado, seguindo os passos do Mestre Sobral Pinto, vai se sacrificar pessoalmente e entrar hoje na justiça para anular o Decreto do Prefeito Eduardo Paes. Conto com o apoio de todos na luta por Moralidade”, escreveu Travancas.
Eduardo Paes desafiou Cláudio Castro após atitude de Travancas
No dia seguinte, o prefeito Eduardo Paes comentou em uma publicação de Paparazzo Rubro-Negro, repercutindo a notícia do MRN. O político se posicionou por meio do post, dizendo acreditar que Cláudio Castro não concorda com a atitude de seu subordinado.
Castro, afinal, é flamenguista, acompanha todos os jogos no Maracanã e, inclusive, se posicionou a favor do estádio do Flamengo em mais de uma oportunidade. Assim, se colocando à disposição do clube para qualquer questão.
“Aqui vai a declaração: duvido que o governador, rubro-negro até o último fio de cabelo, Cláudio Castro, concorde com isso. Tenho certeza que em caso de não retratação, esse rapaz será exonerado”, disse Eduardo Paes sobre a mensagem de Victor Travancas.
Paes, então, surgiu com a ideia de retirar Travancas do cargo. Mas o subsecretário do governador se retratou, assim como o prefeito previu, desistindo do processo.
Travancas já pediu exoneração do cargo
Um fato que causa estranheza é que Victor Travancas não parece fazer questão de permanecer com Cláudio Castro. Pelo contrário, o advogado já se mostrou um desafeto do governador. O pedido de exoneração já havia partido do próprio Travancas, mas não foi atendido.
Depois disso, o subsecretário chegou a denunciar o gasto de R$ 3 milhões no camarote do governo do RJ na Marquês de Sapucaí, em fevereiro. Mas seguiu sendo mantido no cargo. Victor Travancas chegou a declarar que estava sendo feito de “refém”, e que tinha informações que interessavam aos jornalistas e ao MP. No entanto, segue no cargo há oito meses.