Se te pedissem para descrever a torcida do Flamengo, o que você responderia? Superficialmente, muitos diriam que é a "Maior torcida do Mundo". Não é que não seja, como mostra o levantamento feito em 2015 pela FIFA. É que a Magnética é muito mais do que isso. É a "Nação", o "deixou chegar", o "rumo à Tóquio", o "no sapatinho we can", até o mais recente e eloquente "tapa na xereca, porra". Para outras torcidas, associar o clube a um mascote zoado, é vergonha; para nós, é orgulho. Que outro time abraça com tanto carinho a pecha de "time da favela" como a nossa? Sempre que tentam nos sacanear, mostramos que somos a Maior torcida em número E espírito! Fazemos nosso próprio marketing e ditamos os rumos da nossa religião. A palavra de ordem do momento é o "cheirinho de hepta". Mas o que é essa tal fragrância?
"É a conspiração do cosmos, a união improvável de elementos ocultos que se traduzem em uma exagerada e justificada empolgação da molambada. A quase certeza de que a maioria dos brasileiros estará mais alegre no fim dessa jornada."
É por isso que NENHUM comentarista das mídias tradicionais dá o braço a torcer. Não importa se o Flamengaço está ali, nas cabeças, dividindo espaço com outras equipes mais endividadas e em vias de perder alguns de seus melhores atletas. Enquanto nenhum deles perceber o movimento de alinhamento dos planetas, eles se prenderão aos argumentos razoáveis de que o Cirino não tá jogando porra nenhuma, de que o time é Márcio Araújo e mais 10, de que o Diego não escolheu a camisa mais tradicional do futebol, que o Damião precisa se provar, de que o Guerrero não faz gols suficientes que justifiquem o investimento do clube e toda aquela baboseira clássica de quem, no fundo, tá se borrando de medo de ver a maior expressão do Brasil se agigantar pra cima das recalcadas.
Não é todo dia que o Flamengo contrata um meio-campista do Fenerbahçe em meio ao campenato em andamento, que um técnico consagrado sai no meio do torneio, não é todo dia que um prata da casa escanteado volta para vestir a camisa 37, não é todo dia que um falso ponta esquerda encostado num clube gaúcho vem e irrita a Nação ou que nosso vice de fé disputa a segundona (embora eles se esforcem pra transformar isso numa regra). Ou, ainda, que um professor da casa assume diante de um alvinegro paulista com vitória por 2 x 1. Ou quem sabe com o Palmeiras liderando boa parte do campeonato. Pode ser muita coincidência, mas alguém duvida que cedo ou tarde o Sheik sairá, com o torneio em andamento?
Toda vez que um zé ruela aparece nas mesas redondas dizendo que o Flamengo tem a obrigação de golear o time x, na verdade, ele quer dizer: "eu preciso que você não goleie pra comprovar que a minha tese sobre os favoritos está certa - e não inclui você". Tá escrito na nossa testa que o maior rival do Flamengo é ele mesmo. Eles sabem disso. Eles dizem que não, mas estão começando a sentir essa fragrância.